IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Os habituais informantes do palácio levaram a Costa e Silva esta resposta e o velho chefe
militar, que conhecia a grandeza da lealdade, declarou:



  • Mais uma razão para promovê-lo...


Os generais Edmundo e Montagna participaram da Força Expedicionária Brasileira, possuindo
ambos a Cruz de Combate, as Medalhas de Campanha e as de Guerra. O general Edmundo fora ainda
condecorado com a Legião do Mérito dos Estados Unidos.


Ao tomar conhecimento de sua preterição o general Edmundo da Costa Neves solicitou a sua
transferência para a reserva do Exército.


O general Cesar Montagna, todavia, não agiu do mesmo modo; preferiu aguardar, considerando
que o julgamento realmente válido era o de seus colegas do Alto Comando, do qual muito se
orgulhava.


Nos primeiros dias de abril, o general Arnaldo José Luiz Calderari procurou-me, na minha
residência, em Brasília, a fim de agradecer sua promoção a general-deexército. Conversamos como
amigos que éramos, porquanto Calderari fora meu comandado no 1 Exército e servia, no momento da
promoção, como Secretário-Geral do Ministério do Exército, cargo vinculado diretamente ao
ministro.


Disse-me Calderari que tinha sido avisado de sua promoção, no dia 30 de março, pelo jornalista
Paulo Vidal. Não aceitara a informação e respondera que o ministro nada lhe comunicara sobre
aquele assunto.


O jornalista Paulo Vidal insistiu e para convencê-lo declarou:


  • Estou aqui na casa do João, na Granja do Torto. É verdade, você foi promovido.


Replicou Calderari que somente quando o ministro Frota transmitisse a comunicação oficial ele
acreditaria. No entanto, ao ler no dia 31 de março as publicações, verificou que Paulo Vidal estava,
realmente, muito bem informado.


Este fato significativo do tráfico de influência não foi o único, visto que tomei conhecimento, por
pessoas idôneas, de vários outros.


O general Hugo Abreu, conforme já esclareci e era habitual, participou-me no dia 30 à noite os
nomes dos promovidos, com a recomendação presidencial de só divulgá-los a partir das onze horas
do dia seguinte. Este aviso foi sempre rigorosamente atendido, contudo elementos do palácio do
Planalto difundiam entre os seus amigos e antecipavam aos interessados, antes do prazo fixado, os
atos presidenciais. Apenas duas explicações poderiam ser dadas a esse comportamento: ou o
presidente dava a seus assessores autorização para isso ou estes não cumpriam a sua determinação.
Em qualquer das hipóteses havia patente deslealdade; no primeiro caso ao ministro e no segundo ao

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