satisfeitos.
As perspectivas para 1977, porém, não eram das melhores. Três vagas de generalde-exército,
considerada neste número uma do Superior Tribunal Militar (STM), e quatro de divisão não
compunham panorama muito agradável. O mínimo da cota compulsória para general-de-divisão não
seria, portanto, atingido.
Em março daquele ano de 1977, reuniu-se o Alto Comando para organizar as listas de escolha.
Havia uma vaga, decorrente da transferência para a reserva do general-de-exército Euler Bentes
Monteiro, e conseqüentemente três nomes deveriam ser apresentados ao presidente. Aquele alto
órgão militar manteve a ordem de antigüidade dos candidatos por considerá-los em condições de
ascender ao posto superior.
O general Ernesto Geisel, entretanto, fazia restrições aos dois primeiros generais constantes da
relação - Cesar Montagna de Souza e Edmundo da Costa Neves.
Os membros do Alto Comando nada tinham contra qualquer dos três, no conceito unânime
militares dignos e capazes. Apreciamo-lhes o mérito militar e, na equivalência, respeitamo-lhes a
antigüidade. Era a solução justa.
Mas o presidente Geisel não pensava da mesma maneira e preteriu os generais Cesar Montagna e
Edmundo Neves para promover o general Arnaldo Calderari. Dias antes da promoção, disse-me o
presidente que não iria promover o general Montagna, acrescentando que a ação por ele realizada,
em 1964, quando tomara de assalto o Quartel-General da Artilharia de Costa, no Rio de Janeiro, já
lhe rendera os dividendos suficientes, nada mais merecendo. Sobre o general Edmundo nada falou.
Não acreditei nas palavras do general Geisel, consideradas por mim como uma nuvem de
fumaça, visando a ocultar habilidoso gesto de prestidigitação, na abertura de maior número de vagas
do último posto da hierarquia militar.
Não lhe pedi, também, autorização para avisar os generais vetados, porque a experiência com o
caso do general Adauto Bezerra, ocorrido em julho do ano anterior, fracassara.
A repercussão das preterições daqueles dois generais foi péssima, em particular, nos lídimos
meios revolucionários.
O general Edmundo da Costa Neves, a quem eu dedico profunda e sincera estima, sempre fora
um homem de atitudes definidas. Não postulara o generalato, quer direta quer indiretamente, e jamais
cortejara os detentores do poder. Em 1967, quando estava para ser promovido a general-de-brigada,
ao saber que lhe faziam restrições por ser amigo do marechal Cordeiro de Farias, de quem fora
ajudantede-ordens, replicou com indignação.
- Sou, sim! Se depender de negar esta amizade ou repudiá-la prefiro não ser promovido.