IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

diferença de vocábulos:



  • Não vou bem, general! Viu a safadeza que o Humberto fez comigo? Disse-me ele que foi ao
    presidente e informou-o de que estava com vontade de lançar a minha candidatura, pois já era tempo.
    Pediu a opinião do presidente, que permaneceu calado. Insistiu, reafirmando este desejo, sem obter
    resposta. Admitiu, portanto, que o general Geisel estivesse de acordo com a sua iniciativa. Deu em
    conseqüência uma declaração pública.


É difícil dissociar, numa apreciação coerente dos acontecimentos, a conduta do general Geisel
do comportamento do grupo palaciano.


As especulações sobre o procedimento de H. Barreto foram gerais, quer no meio militar quer no
político. Alguns julgaram-no um intérprete consentido do pensamento do presidente, enquanto outros,
na precipitação de defender o general Geisel da acusação de hipócrita, tacharam-no de desleal.


Ainda em julho, durante uma reunião preparatória do Conselho da Ordem do Mérito Militar, ao
exame da relação dos militares e civis indicados para receber condecorações, foi lido o nome do sr.
Humberto Esmeraldo Barreto. Como as propostas partiam obrigatoriamente de generais-de-exército
e do Ministro das Relações Exteriores - também membro do Conselho -, perguntei ao oficial
encarregado da elaboração das listas quem tinha sido o proponente do referido cidadão. Respondeu-
me que o seu nome viera, entre outros, em indicação feita pelo palácio do Planalto.


Nesta ocasião, o general-de-exército ArielPacca da Fonseca, antecipando-se ao julgamento,
pediu ao ministro para usar da palavra em primeiro lugar. Autorizado, declarou que votaria contra a
inclusão de Humberto Barreto na Ordem do Mérito Militar porque ele tinha sido desleal ao
presidente, deixando-o em posição difícil.


Aprovando o seu ponto de vista, disse que este senhor não poderia ser incluído da Ordem do
Mérito Militar por duas importantes razões. A primeira por ter sido desleal ao presidente, que além
de seu chefe era seu protetor e amigo. A segunda, porque seria interpretada esta inclusão como um
aplauso do Exército às suas palavras, com as quais não estávamos de acordo.


O nome do sr. Humberto Barreto foi rejeitado por unanimidade. No dia seguinte ao desta
reunião, o general Chefe do CIE participou-me que recebera telefonema do Chefe da Agência Central
do SNI,2 querendo conhecer, a pedido do palácio do Planalto, os motivos por que fora eliminado
Humberto Barreto. Em vista de o conceito final ter sido expedido por mim, desejava saber se deveria
transmiti-lo.


Dei-lhe autorização plena para isto.

Havia, portanto, no palácio do Planalto, muita gente interessada em premiar, publicamente, o
pioneiro da candidatura Figueiredo. Na hipótese da sua inclusão na Ordem do Mérito Militar,
surgiriam inevitáveis e variadas interpretações, entre as quais a de que o Exército via com simpatia a

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