IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1
Caiu aos gritos: "Justiça! Piedade! Não me mate, tenente!"

A bala ferira-o na coxa. Providenciei seu imediato transporte para o Hospital Souza Aguiar -
mais próximo e de mais rápido atendimento. Esta medida salvoulhe a vida uma vez que o projétil
afetara a veia femoral.


Depois disso, respondi processo na 2á Auditoria da lá Circunscrição de Justiça Militar e fui
absolvido, por unanimidade. O Supremo Tribunal Militar homologou a absolvição.


Nada se fez a este cabo insubordinado. Restabelecido, sem a mínima seqüela, empregou-se no
Banco do Brasil em 24 de novembro de 1944, e aposentou-se em 22 de fevereiro de 1973. Procurou-
me, em duas ou mais ocasiões, para pedir mudança de agência, alegando estar sendo perseguido.
Pretendi atendê-lo, porém, por não o terem como homem normal - fora internado por motivos
psiquiátricos por duas vezes, em 1963 e 1967 -, surgiram empecilhos.


Há muito tempo não o vejo; está casado e tem filhos.

Foi esta a vítima que, segundo os detratores, fora morta e esfaqueada, num acampamento, pelo
"capitão" Frota. Apreciando a vil retaliação, podemos aferir o caráter dos elementos que se batiam
ardorosamente contra o ministro.


Os oficiais do CIE, revoltados com a baixeza, empenharam-se em descobrir a sua origem.
Informes abundantes atribuíram-na a elementos do SNI, em particular a um oficial da Armada.


É difícil que meus colegas tenham se enlameado a este ponto e impossível mesmo aceitar que um
elemento da gloriosa Marinha de Tamandaré fosse figura central dessa torpeza.


A difusão do panfleto pelo Exército causou indignação geral e recebi, não só de colegas como de
subordinados, manifestações de absoluta solidariedade e de repulsa a tão covarde ato.


Finalizando a narrativa desses desagradáveis eventos, desejo esclarecer que a insubordinação do
cabo Salvador não foi um caso isolado num regimento que, naqueles anos 30, recebera a missão de
alimentar e dar hospedagem a centenas de nordestinos voluntários, destinados a preenchimento de
vagas nas unidades do sul, ou que regressavam, após a baixa, aos seus estados de origem. Esses
homens tumultuavam a vida do quartel, criando problemas de disciplina e agravando os de
alimentação e pousada.


Muitos dos meus colegas tenentes, no serviço de dia ao regimento, foram obrigados a usar de
suas armas ou empregar o argumento das baionetas para chamá-los à ordem.


A ATUAÇÃO DO GENERAL JAYME PORTELLA


A participação do general Jayme Portella nos acontecimentos relacionados à sucessão foi motivo de

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