Recentemente, sua entrevista, em 25 de setembro de 1979, ao jornal da Cidade, matutino da
capital espírito-santense, enaltecendo o general Golbery, numa bajulação repugnante ao homem que
considerava um dos detratores do seu amigo marechal Costa e Silva, e do qual, em épocas passada e
presente, dizia horrores, força-nos, contra a vontade, a encarar o dilema - ou o general Jayme
Portella agiu sempre ligado aos meus inimigos do palácio do Planalto, como bem conclui Hugo
Abreu, ou entrou na confusa fase da arteriosclerose, agravada por impulsos de paranóia.
A lógica - a arte de conduzir o raciocínio em busca da verdade - examinará fatalmente essas
premissas, das quais não poderá fugir.
O GRUPO DE AÇÃO SOLIDÁRIA
A declaração de Humberto Barreto e as explorações sobre uma candidatura do Ministro do Exército
acabaram com o falso sigilo em torno da sucessão presidencial e deram azo a definições públicas
que, por não serem unânimes em favor do candidato oficial, muito preocuparam os palacianos.
Existia na Câmara Federal um grupo de deputados, ligados pelos mesmos objetivos e princípios
políticos, que se autodenominava Grupo de Ação Solidária. Esses congressistas passaram,
espontaneamente, em sessões semanais, a fazer referência ao meu nome, enaltecendo-o sempre; por
isso ficaram conhecidos por frotistas. Em setembro, seu número ascendia a 80 e insistia em crescer.
Seria ingenuidade pensar que essas manifestações, das quais nunca tomei conhecimento prévio,
fossem feitas a esmo. Claro estava que alguém as coordenava. Tanto poderia ser o general Portella
como qualquer deputado daquele grupo. Entretanto, este aspecto da questão não ficou esclarecido.
Às audiências que dava todas as tardes, no Ministério, compareciam de modo geral,
isoladamente, muitos políticos. Procuravam-me para tratar de assuntos concernentes às suas áreas,
todavia jamais dei margem a que abordassem o problema sucessório. Algumas investidas tentadas
nesse sentido foram inúteis.
Numerosos amigos escreveram-me, incentivando-me a declarar-me candidato; muito tomavam a
iniciativa de fazê-lo por conta própria. Soube, após ter deixado o cargo de ministro, que, no Rio de
janeiro, partidários de minha candidatura pensavam, até, em organizar um escritório de propaganda.
Contudo, jamais estimulei, direta ou indiretamente, qualquer ação para considerarem-me
candidato. Como já disse, não haveria mal que o fizesse, pois a maioria de meus colegas generais-
de-exército o eram em potencial e talvez alguns aspirassem ao cargo.
Tomara com o presidente um compromisso, que honrei até o fim de minha permanência no
Ministério, de não tratar desse espinhoso assunto antes de 1978, embora, hoje, acredito que ele,
presidente, o tenha burlado.