janeiro por ter sido mandado cursar a Escola de Estado-Maior. O ministro, numa recaída de
dignidade, mandou matricular os oficiais esbulhados em seus direitos no ano anterior.
A rendição incondicional do III Reich, em 8 de maio de 1945, traria, com o fim da guerra, a
nossa FEB de regresso ao Brasil, após quase um ano de gloriosos combates nas frígidas vertentes
dos Apeninos. Os homens que venceram o totalitarismo nazifascista não poderiam ver com agrado o
Estado Novo de Vargas nem estavam dispostos, de consciência, a apoiá-lo. No entanto, Getúlio
Vargas, a quem Glauco Carneiro em seu livro chama de "homem dos pampas, excepcional
psicólogo';' já pressentira as dificuldades políticas que a volta da FEB forjaria. Prepara-se para a
luta política, agindo segundo os seus habituais processos de dividir as oposições e confundir a
Nação.
Ardilosamente cria, sobre bases sociais diferentes, para combater seus adversários, dois
partidos políticos nitidamente governistas; promete eleições presidenciais e uma Constituinte.
Aparecem então as candidaturas presidenciais.
Surge, a seguir, o "queremismo" com os inevitáveis comícios e escandalosas faixas de
"Queremos Getúlio"; "Constituinte com Getúlio" e outras de idênticas insinuações.
Toda esta propaganda dirigida é claramente sustentada por homens do governo. Comunistas e
trabalhistas - do recém-criado Partido Trabalhista Brasileiro - fundem-se nesta campanha.
Era evidente o interesse do ditador em encontrar uma fórmula que lhe assegurasse a continuidade
no poder.
O Exército, descrente da sinceridade de Vargas, queria pô-lo fora do governo num primeiro ato
de normalização constitucional do país, através de governos legitimamente eleitos e não apenas
legalmente feitos.
Já nos traíra em 1937, asseverando a necessidade de fortalecer o poder central para concretizar
os ideais revolucionários - de 1922 redivivos em 1930 - quando seu objetivo fora o de enfeixar os
poderes constitucionais, o que fez por oito anos, sem que a Nação brasileira obtivesse um equilíbrio
socioeconômico de que tanto precisava e ainda precisa.
Se, de fato, tomou - nesse interregno ditatorial - algumas medidas de fundo social que
beneficiaram as classes mais desvalidas, fê-lo em decorrência da situação, da época de
reivindicações sociais que vivíamos, com o pecado de usá-las demagogicamente e aproveitá-las para
alargar brechas entre os segmentos da sociedade.
Grave erro cometeram os militares que o depuseram, não lhe tendo cassado os direitos políticos,
providência que evitaria os tristes e lamentáveis fatos que ocorreram a partir de janeiro de 1951,
quando retornou à Presidência da República. Deve-se este procedimento não só à ingenuidade como
à fraca visão política dos generais, que não perceberam ser Vargas um ambicioso cujo orgulho,