s grandes datas nacionais, em particular aquelas que rememoram os notáveis feitos do
Exército e seus insignes vultos, exigem do ministro uma glorificação pública. Esta exaltação
exprime-se na ordem do dia, através da qual emite o comandante superior do Exército o seu
pensamento e acentua aspectos de grandeza cívica que devem ser seguidos, por construtivos e
patrióticos.
Em todos os comandos que exerci, de modo geral, elaborei sempre as minhas ordens do dia,
ainda que aceitasse com satisfação sugestões de meus oficiais sobre pontos e temas a abordar. Tive
sob meu comando oficiais de destacado valor, não somente profissional como também do ponto de
vista de cultura, entendido o termo em sua acepção de desenvolvimento intelectual e ilustração, todos
capazes de excelentes redações. Reservava-me, todavia, esta missão, o que muito me agradava
porque assim traduzia minhas idéias dentro de uma maneira que me era peculiar. Quando, por
circunstâncias eventuais ou impostas por restrições de tempo, delegava a um oficial essa tarefa, ao
ler o documento, embora nada tivesse a dizer quanto à essência, era normal divergir da forma.
Tratava-se de uma questão de estilo. Em virtude disso, evitava essa delegação para não ferir
melindres.
Consideradas a extensão do território nacional, salpicado de unidades e guarnições militares, e a
exigência regulamentar de ser lida a ordem do dia na data comemorativa do acontecimento, impunha-
se ao comando superior a obrigação de remetê-la a tempo de satisfazer essa prescrição.
Ao aproximar-se o dia 25 de agosto, destinado às comemorações do Exército, começou a surgir
na imprensa de Brasília e nos ambientes freqüentados por congressistas a notícia de que o ministro
Frota faria naquela data um pronunciamento político e que no dia seguinte, 26 de agosto - dia de seu
aniversário -, um deputado lançaria da Câmara sua candidatura à Presidência da República. O Jornal
de Brasília de 7 de agosto de 1977 chegou a conceder duas colunas ao assunto, intrigando deputados
de provada dignidade - mas insensíveis aos cantos das sereias do Planalto - como participantes de
confabulações para esse lançamento.
Soube, mais tarde, que correram boatos em Brasília, oriundos de "fontes fidedignas",
assegurando que a ordem do dia traria grandes repercussões políticas.
Na terça-feira 9 de agosto eu deveria despachar com o presidente; não tinha, contudo, naquela
data, redigido a ordem do dia que seria enviada aos comandos militares.