IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

  • Os advogados de Leonel Brizola - ente eles Wilson Wirza - empenhavam-se em conseguir asilo
    para o político indesejável, não sendo fantasiosa a hipótese de o tentarem no Brasil;

  • Ligara-se Brizola, pessoalmente, com o escritor Jesué Guimarães, pedindolhe intercedesse,
    através de seus amigos em Lisboa, para que o ministro Mário Soares autorizasse sua ida para
    Portugal;

  • Miguel Arraes participava das atividades para o acolhimento de Brizola na Argélia.


Esta foi a primeira visão global que tive do affaire Brizola. No fim dessa semana ou no início da
seguinte, não posso bem precisar, li rádio do nosso embaixador em Portugal, general Carlos Alberto
da Fontoura, informando-me de que o ministro Mário Soares, por uma questão de humanidade, daria
asilo a Brizola.


Estava encaminhado o problema para uma solução que não nos afetaria e, portanto, de nosso
interesse e agrado. Considerei a questão ultrapassada.


Grande foi, porém, a minha surpresa quando, às primeiras horas da manhã de terça-feira, 20 de
setembro, atendi, ainda em minha residência, telefonema do Ministro da justiça - Armando Falcão.
Em síntese, assim dialogamos:



  • Bom dia, Frota! O Brizola virá para o Brasil; foi o seu advogado que informou...

  • Não pode vir, Armando... Ele instigou os sargentos contra oficiais, nos insultou... Os oficiais
    não o toleram...

  • Mas, Frota... O presidente mandou que eu visse um lugar, assim como Corumbá, para confiná-
    lo...

  • Não é possível, Armando... Ele não pode vir para o Brasil... Vou para o QG reiterar as ordens,
    visando a prendê-lo, caso desembarque em nosso território... Bom dia...


Assim procedi, muito preocupado com os rumos dos acontecimentos.

Como poderia o presidente Geisel, general do Exército, chefe militar que merecera a confiança
de seus colegas da Revolução para exercer o mais alto cargo político-administrativo do país, acoitar
um homem odiado pelo Exército, visceralmente inimigo dos revolucionários e que acabara de ser
expulso de uma nação irmã por ter desonrado compromissos assumidos?


Seus comportamento e linguagem, em 31 de março e 1° de abril de 1964, foram infames. É
salutar, portanto, relembrar aos que perderam a memória por debilidade orgânica ou conveniência
política os ultrajes que nos dirigiu e seu apelo à guerra civil. Eis alguns trechos de seus
pronunciamentos e declarações que contêm várias de suas invectivas - das menos virulentas.

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