Tiremo-los:
- do discurso proferido no Largo da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e transmitido pela
"rede da legalidade", em 1° de abril de 1964:
Atenção sargentos do III Exército, destas unidades que me ouvem neste momento. Atenção
sargentos das unidades chefiadas por estes militares golpistas. Atenção oficiais nacionalistas
destas unidades... atenção sargentos... o povo do qual sois uma parte inseparável vos pede neste
instante... pedem a todos vós neste momento... pedem aos sargentos que se levantem... tomem os
quartéis e prendam os gorilas... Atenção sargentos de Uruguaiana... atenção sargentos de Bagé...
atenção sargentos da Terceira Divisão de Santa Maria. O povo gaúcho confia na vossa bravura...
no vosso heroísmo e no vosso amor à causa do povo brasileiro. Chegou a vossa hora, aliem-se...
procurem os oficiais nacionalistas... tomem conta dos quartéis e prendam os oficiais gorilas e
golpistas.
Agora vai chegar a vez dos golpistas e gorilas... Tomem esta noite as necessárias iniciativas.
Hoje à noite, amanhã no momento oportuno, ocupem os quartéis e prendam estes golpistas que
querem garrotear os nossos direitos e as nossas liberdades... É possível que estes grupos de
gorilas civis e militares tenham levado no dia de hoje alguma vantagem, surpreendendo-nos até
com a extensão de suas articulações, mas agora eles cessaram, agora eles não mais irão nos
surpreender... Mas eles não se esqueçam que até agora ainda não correu bala... ainda não correu
bala... ainda não correu bala. Ainda não se deu um tiro... Na hora do cheiro de pólvora nós
iremos ver a covardia dos traidores e dos gorilas...
Atenção trabalhadores de São Paulo... atenção trabalhadores da Guanabara... trabalhadores
do Nordeste e de Minas Gerais. A nossa palavra, a partir de hoje é a greve geral dos
trabalhadores... Parem! Greve geral de trabalhadores de São Paulo para defender o próprio
direito de greve das classes trabalhadoras...
- do livro de Glauco Carneiro, História das revoluções brasileiras, 20 volume, páginas 590 e
591:
As últimas horas de Jango em Porto Alegre foram agitadas e incertas. Conferenciou com
ministros de seu (decretado) extinto governo, cabendo numa dessas reuniões, realizada pela
manhã, ao general Floriano Machado, da 3 RM, ser a voz acauteladora que evitou mesmo a
guerra civil, pois o general Ladário, estimulado por Brizola, insistia numa "gauchada", achando-
se com condições para a luta. Disse Floriano que Jango deveria conhecer a realidade; não
contava com a unanimidade do III Exército e na própria Porto Alegre havia muitos oficiais
descontentes: "Militarmente, nada é possível fazer, presidente" declarou. "Sinto ter de dizer-lhe
estas palavras, que são, entretanto, uma impressão sincera, fundada em razões muito fortes. V.
Excia. não deve pensar em resistência, nas condições atuais. Qualquer outro tipo de luta (já não
há condições para a de tropas regulares) será a guerra civil, será investir contra o Exército, que
está unido e disciplinado."