subsecretário norte-americano para os negócios da América Latina, Terence Todman, esteve
no Brasil em meado de 1977, tendo desenvolvido atividades políticas desagradáveis e infelizes.
Ligou-se a elementos da oposição sondando-os sobre a nossa situação interna e inteirando-se de suas
reivindicações. Suas demonstrações de simpatia ao Movimento Democrático Brasileiro, reveladas
pela imprensa, se não chegavam a ser hostis ao governo eram, no mínimo, impertinentes.
Militares comentaram discretamente o que chamavam a"ousadia do gringo" sem que tivessem
suas apreciações qualquer ressonância.
No entanto, ao término da reunião do Alto Comando do Exército de 27 de setembro daquele ano,
o assunto foi, inesperadamente, ventilado pelos generais. Tomou a palavra o general-de-exército
Ariel Pacca da Fonseca para dizer que não se podia tolerar que um norte-americano viesse ao Brasil
incentivar o partido da oposição, fazendo-o com o maior desplante, menoscabando as autoridades
brasileiras. Era preciso levar ao presidente a nossa repulsa a esse comportamento hostil do visitante
estrangeiro. Far-se-ia, por isso, um documento de protesto dirigido ao presidente Geisel, assinado
por todos os generais ali presentes. O silêncio da aprovação dominou o ambiente.
Mas, por que um documento assinado por todos os membros do Alto Comando?, foi a pergunta
que lancei.
Os generais Ariel Pacca da Fonseca e Tácito Theóphilo Gaspar de Oliveira, ao mesmo tempo,
deram a resposta.
- É para preservá-lo, ministro!
Nessa exata ocasião o general Dilermando Gomes Monteiro, dirigindo-se diretamente aos seus
dois colegas, ensaiou uma defesa do general Geisel - que, em absoluto, não estava sendo atacado -
para dizer que o presidente sempre tinha resguardado os interesses e a imagem do Brasil.
Intervim, então, para esclarecer que os dois generais estavam sendo mal interpretados pelo
general Dilermando. O que eles desejavam evidenciar era a nossa repugnância por ver um
estrangeiro intrometendo-se em nossos assuntos internos, sob as vistas tolerantes do governo.
Houve, ainda, insistência para que o documento fosse elaborado sob o pretexto de preservar-me.