IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1
tomadas, inclusive do reforço das guardas do Planalto e das residências presidenciais, que foram
dobradas a partir das oito horas da manhã no dia 12. Solicitei-lhe que mantivesse o assunto em
sigilo, podendo informar apenas ao Comandante da 3 Brigada de Infantaria, general-de-brigada
França Domingues, seu subordinado. Aliás, o general França é genro do general Orlando Geisel,
irmão do presidente.

E da página 139:

Porvolta das dez horas, o generalArnizautinformou-me de que iria ao Ministério atender a um
chamado de Frota. Recomendei-lhe deixasse o general França respondendo pelo Comando do
Planalto e avisasse a este para não deixar o posto e não atender a qualquer chamado do ministro
enquanto ele, Arnizaut, não voltasse.

Como o general França não se apresentasse - o que não poderia fazer pelo que acima acabamos
de ler -, insisti junto a Arnizaut para repetir o chamado, ao que respondeu que seria melhor o
ministro convocar França pessoalmente. Confirmando as suspeitas de um conluio, do qual
desconfiara pelo procedimento dúbio de Arnizaut, disse a este general que se ele não se fazia
obedecer era porque a disciplina ia mal.


Dois generais que se encontravam no meu gabinete, Carlos Alberto Cabral Ribeiro e Luiz Serff
Sellmann - padrões morais e de lídima conduta revolucionária -, fizeram-lhe azedas recriminações
por sua maneira de proceder.


Em dado momento disse-me Arnizaut que se achava em situação dificil, pois era meu amigo.
Nada mais disse, mantendo-se calado sem manifestar solidariedade a Geisel.


Em nenhuma ocasião esteve preso; se desejasse sair, como posteriormente o fez, bastava
solicitar autorização.


Ainda o general Hugo Abreu revela, na página 147 do seu livro mencionado, conversa que
manteve com o meu Chefe-de-Gabinete, general Bento José Bandeira de Mello, sobre boatos que
enxameavam o Planalto. Dela cito, por interessante, os trechos:


Falei inicialmente com o general Bento, Chefe-de-Gabinete. ... Com base nessa intimidade, fiz-
lhe ver a insensatez de uma resistência por parte do general Frota, já que todos os comandantes
de Exército e comandantes militares de área estavam solidários com o presidente, quase todos
eles reunidos no próprio palácio do Planalto. Ele me tranqüilizou, dizendo não ter o general
Frota a intenção de resistir à ordem do presidente. Perguntei-lhe sobre o general Arnizaut que,
segundo constava, estaria preso no Quartel-General do Exército. Ele desmentiu tal versão e disse
que Arnizaut estava lá porque queria e chamou-o ao telefone para conversar comigo. A situação
dele nunca chegou a ser muito bem explicada. Ele havia deixado o seu posto de comando pouco
depois das dez horas da manhã e permaneceu no gabinete do ministro até depois das quatro horas
da tarde. Não confirmou sua detenção, mas disse que o general Frota teria determinado que ele lá
permanecesse. Ele considerava importante a sua permanência junto de Frota, onde podia
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