que o ministro o esperava, em seu gabinete, para a reunião do Alto Comando prevista.
Cerca das duas horas da tarde recebi informações do aeroporto de que chegavam àquele local
automóveis da Presidência com o objetivo de conduzir os generais ao palácio do Planalto. Temendo
qualquer atrito determinei ao Comandante do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília que
enviasse um pelotão ao aeroporto para manter a ordem caso fosse necessário. A determinação foi
imediatamente cumprida e, nos temerosos homens do Planalto, medida tão simples causou
preocupações.
O oficial mais graduado presente no aeroporto de Brasília, vendo chegarem carros do palácio
para conduzir ao generais esperados, estabeleceu ligação direta com o gabinete e, através do general
Chefe do CIE, perguntou ao ministro como deveria proceder, caso um general não quisesse ir para o
Ministério.
Em linguagem rude, porém clara, indagou:- É para levar os homens de qualquer maneira para o gabinete?
Tratei, rapidamente, de precisar a sua missão:- Não! O general será convidado para vir ao meu gabinete, onde o espero para a reunião de Alto
Comando. Caso não queira vir, que siga para onde quiser. Ele é um general, deve saber o que está
fazendo.
Parece-me que os primeiros generais que chegaram a Brasília foram Dilermando, Calderari e
José Pinto. Este último nem deu atenção ao mensageiro do ministro; dirigiu-se ao carro do palácio,
embarcou e partiu. Já estava integrado no esquema há mais tempo e sabia o que fazer. O segundo,
Calderari, hesitou ante a mensagem do ministro, empalideceu, mas não resistiu à atração do poder e
lançou-se atrás do Dilermando.
Deve ter pensado como o general Verdy du Vernois quando, mandando ao Diabo os princípios,
perguntou: "Afinal, de que se trata?"'
Para ele, Calderari, tratava-se de assegurar as posições de mando, quiçá com as vistas voltadas
para os dois cargos de ministro que estavam vagos ou qualquer outra comissão rendosa.
As notícias do desembarque dos generais eram transmitidas diretamente ao general Bento, meu
Chefe-de-Gabinete, recebendo-as eu de imediato. Ao saber da ida de Calderari para o palácio do
Planalto, Bento disse-me surpreendido:
- O Calderari foi para o palácio...
Ao ouvirem, os meus assessores e outros oficiais presentes, a informação, exclamaram, quase
unissonamente: