apresentados e exaustivamente analisados:
- a emigração de oficiais para o exercício de cargos civis, onde muitas vezes contribuem para o
desprestígio do próprio Exército por se deixarem envolver em escândalos fraudulentos ou manobras
da política partidarista, continuando, não obstante, a concorrer às promoções e comissões diversas
como se permanecessem em funções militares; - a onda de desfalques e de malbarato dos dinheiros públicos, que já invade o Exército,
suscitando comentários até mesmo da imprensa.
O violento impacto desse "Memorial'; não somente no meio militar como no ambiente político,
sacudiu o governo e derrubou dois ministros - o da Guerra e o do Trabalho.
Considerado documento histórico e incluído em coletâneas deste caráter, dele diz Oliveiros S.
Ferreira:6
O famoso documento subscrito por dezenas de oficiais superiores do Exército, em inícios de
1954, teve o dom de precipitar uma crise ministerial, na qual foram afastados o Ministro da
Guerra e o Ministro do Trabalho, na época o sr. João Belchior Marques Goulart. É talvez a
primeira manifestação coletiva de militares na República que se inaugurou em 1945; o primeiro
sintoma evidente de que os militares haviam começado a tomar consciência dos problemas
políticos que se estavam introduzindo nas Armas e da desfunção das Forças Armadas à realidade
nacional. Ainda que outro fosse seu conteúdo, mereceria entrar nesta coletânea pelas assinaturas
que o acompanham. Alguns estão mortos, como o coronelAlexínio Bittencourt, que nunca deixou
a luta; outros parecem ter esquecido as palavras que endossaram em 1954, passando por cima da
estrita interpretação dos regulamentos disciplinares. Mas são todos partícipes do processo em
marcha.
Em agosto de 1954, gravíssimos acontecimentos iriam abalar o povo brasileiro, estarrecendo os
políticos mais sensatos na visão de suas possíveis e trágicas conseqüências para o país.
Um pistoleiro, contratado pelo chefe da guarda pessoal do presidente Vargas, na tentativa de
assassinar o jornalista Carlos Lacerda, mata o major da Aeronáutica Rubem Florentino Vaz, na porta
da residência de Lacerda, que saiu do tiroteio ferido no pé.
O inquérito, aberto pela Aeronáutica, conseguiu rapidamente identificar o criminoso e prendê-lo.
Desvendaram-se, a seguir, as suas ligações com os elementos do palácio do Catete.
Aceleram-se as reações. Brigadeiros, conduzidos por Eduardo Gomes, exigem em nome da
Aeronáutica a saída de Getúlio. Dezenas de generais solidarizam-se com os brigadeiros em seu
ponto de vista. Os almirantes, reunidos no Clube Naval, reclamam uma integral apuração do crime.
As pressões aumentam sobre o presidente, que, sereno e altivo, encara-as corajosamente. Não
renunciaria, como propunham; do Catete, diz ele, só sairia morto. Madrugada de 24 de agosto, o