IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Ministério divulga uma nota comunicando a intenção de o presidente entrar em licença desde que
fossem mantidas a Constituição e a ordem pública.


Na manhã daquele mesmo dia, Getúlio Vargas, compreendendo ter sido deposto, num gesto de
indignação e revolta, põe termo a vida, penetrando na eternidade pela mão da História, visto que na
História ele já estava.


Assume o governo o vice-presidente João Café Filho, que nomeia para a pasta da Guerra o
general Henrique Duffles Baptista Teixeira Lott.


Todavia, o inquérito da Aeronáutica continuava, na Base Aérea do Galeão, presidido pelo
coronel-aviador João Adil de Oliveira. Dois homens ilustres marcaram com sua presença as
atividades da justiça nesse ato inicial do processo - os drs. João Baptista Cordeiro Guerra, preclaro
jurista cujas inteligência e profunda cultura elevaram-no ao cargo de juiz do Supremo Tribunal
Federal, e Nelson Barbosa Sampaio, cidadão de respeitável saber e brilhantes dotes espirituais, que
faleceu como Ministro do Superior Tribunal Militar.


Ambos - promotores designados para acompanhar o inquérito - emolduravam suas vidas em
raras virtudes morais e sólidas convicções revolucionárias.


Gregório Fortunato - chefe da guarda pessoal do presidente - a certa altura do seu interrogatório
acusa o general Angelo Mendes de Morais de mandante do crime.


Cabe aqui uma referência ao emprego pela imprensa dos vocábulos "mandante" e "mandatário";
diferenciados pela sensibilidade semântica. O mandante seria o general Mendes de Morais - o
homem que mandou matar, isto é, que teve a idéia de matar; o mandatário, Gregório Fortunato - o
homem que providenciou a execução da ordem de matar. Os demais são simples executores.


O coronel João Adil, em face da imputação de crime feita a um general - seu superior em
hierarquia militar - encaminha o inquérito à decisão do Ministro da Aeronáutica, em 19 de setembro
de 1954.


Remetido o processo ao Ministro da Guerra para o prosseguimento das investigações, o general
Lott nomeou o Chefe do Estado-Maior do Exército, general Alvaro Fiuza de Castro, para proceder a
essa árdua e delicada tarefa.


Oficial-de-gabinete de S.Excia., fui por ele escolhido para escrivão desse famoso Inquérito
Policial Militar (1PM).


Muito teria de narrar sobre os depoimentos e outros aspectos dessa asquerosa - asquerosa,
repito, pelo que nela se revelou - peça de justiça militar, contudo, tais digressões fazem-se inúteis
para os objetivos que colimo.


Gregório Fortunato confirmou seu depoimento, acusando o general Mendes de Morais de ter
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