IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Durante o dia 13 recebi a visita do general Ariel Pacca. Conversamos algum tempo sobre a
situação e naquela ocasião dissera ter estranhado a imputação de que estava agindo politicamente no
Exército, pois jamais ouvira, em qualquer lugar, palavra minha sobre este assunto. Disse-me, ainda,
que o presidente marcara com ele e o general Fritz uma audiência, no Planalto, às seis horas (ou seis
e meia), motivo que o impediria de ir ao meu embarque.


O general Vinitius Notare esteve, também, em minha casa, fato a que já aludi.

O embarque, às sete horas da noite, teve a presença de pouco mais de uma dezena de generais,
entretanto o meu CIE compareceu, se não integralmente, pelo menos apenas desfalcado de alguns
tipos dúbios a quem, em capítulo anterior, denominei de "agentes duplos". Cabe aqui, ainda, um
preito de respeito e uma manifestação de amizade ao ilustre senador Agenor Maria, devotado
patriota, único congressista, dos muitos com os quais me relacionara, que pôde comparecer ao meu
embarque. Tive a satisfação de abraçá-lo, o que, infelizmente, não me foi dado fazer a outros.


O REGRESSO DOS COMANDANTES DE EXÉRCITOS ÀS SUAS SEDES


Dos generais que, em revoada, pousaram em Brasília na véspera, alguns - os comandantes de
Exército - regressaram, também no dia 13, aos seus quartéisgenerais. É interessante acompanhá-los
para uma apreciação mais exata de seus comportamentos.



  • O Comandante do II Exército não parece ter retornado a São Paulo muito satisfeito com a
    barafunda, porque, por informações divulgadas na época, julgouse frustrado. Talvez vislumbrasse
    ocupar um dos cargos de ministro, então vagos. Seu assessor - coronel Rufino -, contudo, deixou
    escapar, entre os colegas de Estado-Maior, a notícia de que o presidente Geisel dissera ao general
    Dilermando que o estava reservando para um cargo mais importante. Admitiu-se, em face desta
    informação, que o tal cargo seria a Presidência da República, interpretação que considerei ilógica,
    se examinada à luz de fatos passados.


Um deles foi bem expressivo do ínfimo prestígio do general Dilermando junto ao presidente. Ao
compor o quadro de seus auxiliares, em 1973, o general Geisel convidou-o para chefiar a Casa
Militar. Infelizmente, antes de assumir o cargo, sofreu Dilermando um acidente do qual saiu com
fratura da perna. Imediatamente o presidente substituiu-o por Hugo Abreu. Se comparássemos este
procedimento com os que tivera o general Geisel nas circunstâncias da moléstia do general Golbery
do Couto e Silva, cujo tratamento foi feito no estrangeiro, e da operação do general Figueiredo, só
poderíamos dar o tratamento de boato ao informe de que Dilermando estivesse sendo cogitado para
presidente.


Todavia, o Comandante do II Exército não teve seus valiosos serviços, em particular os
prestados no dia 12 de outubro, esquecidos do presidente - terminou nomeado para o honroso cargo
de Ministro do Superior Tribunal Militar, embora para a abertura da vaga tivesse dependido da
comiseração do ilustre ministro general-de-exército Augusto Fragoso, que antecipou seu pedido de

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