IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

existência do que aqueles. Entretanto, posso dizer-lhes, na imagem de pensador do passado, que
embora as horas de tristeza crestassem anseios meus, nunca descri do BEM e da JUSTIÇA, nunca
descri de DEUS.


Em nenhuma oportunidade servi-me do Exército, em tempo nenhum hesitei servi-lo.

Dividi minha vida entre o Exército e a Família, talvez com prejuízo desta; ambos, constituem
objetos de minha devoção. Retirando-me, fisicamente, do Exército, levo a consciência tranqüila de
tê-lo bem servido e a inextinguível saudade de deixá-lo.


2 - Ao assumir o cargo de Ministro, que jamais postulei, vislumbrei a oportunidade de realizar tudo
aquilo que, de há muito, considerava essencial ao fortalecimento do Exército, como instituição
armada, e ao bem-estar de seus integrantes. Dir-lhes-ei, agora, numa legítima tomada de contas, a que
todos têm direito, o que consegui daquelas pretensões, e tentarei, também, explicar-lhes por que
muitos de nossos problemas, embora devidamente equacionados, não tiveram solução.


Logrei, de início, um reajustamento de efetivos, aliviando, temporariamente, a angustiosa situação de
promoções. A reorganização de unidades, a rearticulação do dispositivo da ordem-de-batalha, a
criação de comandos flexíveis de enquadramento, a aquisição de materiais e equipamentos diversos
e a acurada atenção dada ao adestramento e instrução da tropa e dos quadros são os frutos de um
trabalho em que todos os órgãos cooperaram com grandes dedicação e eficiência.


Fiel à madura concepção de que ao Estado-Maior do Exército cabe a delicada tarefa de
coordenação geral, fi-lo, com real prestígio, o verdadeiro Estado-Maior do Ministro, reduzindo, por
isto, de metade, o efetivo do Gabinete Ministerial.


Enfrentei, com objetividade, a aguda insuficiência de recursos orçamentários para atender, até
mesmo, às necessidades da vida vegetativa da Instituição. Quartéis quase em ruínas, pavilhões
destelhados, material exposto ao tempo, equipamentos obsoletos e praticamente imprestáveis, ainda
em uso, hospitais desprovidos de recursos e de pessoal, moradias insuficientes, tudo isto a exigir
solução imediata para que não se deteriorasse a disciplina, numa pretensa omissão dos chefes.


Como enfrentar aquele quadro desolador, dispondo, unicamente, de diminutas verbas
orçamentárias?


Adotei, então, a ponderada política de alienação de imóveis, comprovadamente inservíveis para
fins militares. Propunha-se, portanto, o próprio Exército a financiar suas necessidades, vendendo o
imprestável para construir e comprar o indispensável.


Este procedimento permitiu, pela cuidadosa administração do Fundo do Exército, atender a quase
todas as unidades do Brasil. Somente deste modo consegui dar prosseguimento às obras do Colégio
Militar de Brasília, levar à frente o programa de construção das novas instalações do Hospital
Central do Exército e destinar recursos para o Clube do Exército de Brasília, realizações de
irretorquível alcance social. O sistema de computação que se instala, cujo órgão básico, o Centro de
Processamento de Dados, foi inaugurado em agosto, é também, conseqüência desta orientação.

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