IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Coerente com meu ponto de vista de que, ao setor privado compete, num regime de livre
iniciativa, as atividades de produção, determinei aos órgãos adequados propusessem a criação da
Indústria de Material Bélico, o que foi feito. Esta empresa, apesar das grandes dificuldades,
inerentes à sua área industrial e ao estágio que atravessa, já é uma promissora realidade.


Outras reconhecidas aspirações do Exército, apresentadas ao escalão competente, sofreram
deplorável procrastinação ou não foram acolhidas com a desejável compreensão. Cito, entre as mais
importantes, a criação do Quadro Complementar de Oficiais, solução racional para a aflitiva questão
do estrangulamento do fluxo de carreira. Este documento, elaborado há dois anos, tem sido alvo de
injustas restrições, que impediram sua aprovação. Menciono, também, o projeto do Fundo de
Assistência Médica e Social do Exército, levado à decisão da instância superior, em agosto de 1974.
Após três anos de marchas e contramarchas, sentindo agravar-se a situação dos militares, com parcos
vencimentos para valerem-se de médicos e hospitais civis, optei pela organização do Fundo de
Saúde do Exército, de menor amplitude. Deste modo, evidencia-se que, malgrado as enormes
responsabilidades da Força Terrestre, fiadora, com as Forças irmãs, do prosseguimento do processo
revolucionário, iniciado em 1964, suas necessidades administrativas vitais recebem prioridades
inadequadas, são restringidas sob argumentos ilógicos ou, simplesmente, olvidadas.


0 Exército só tem sido lembrado nos períodos de crise, quando dele se precisa para manter a
ordem pública e o regime, este, hoje, muito debilitado pela acomodadiça tolerância com os grupos
reacionários e subversivos.


0 militar, para muitos, só tem deveres e nunca direitos; é um ente passível de todos os sacrifícios,
sem murmúrios. A disciplina é confundida com subserviência e a hierarquia como instrumento de
prepotência.


São julgamentos de lamentável injustiça!

3 - Desde o início de minha gestão na pasta do Exército, estranhei certos fatos e comportamentos,
desajustados da conduta revolucionária, o que atribuí a um assessoramento defeituoso ao Chefe da
Nação. Com o correr dos tempos, porém, pela análise paciente destes fatos e comportamentos,
verifiquei que, em sua maioria, não se coadunavam, absolutamente, com os propósitos
revolucionários, o que imputei, ainda, a ardis de uma difícil conjuntura.


A continuidade desta política trouxe-me a um descrédito geral, porquanto via ruir,
fragorosamente, o edifício revolucionário que, com tanta abnegação e idealismo, vínhamos
levantando. Fácil é compreender como nasceram as primeiras divergências com o Presidente da
República, como cresceram, embora em ritmo lento, e se transformaram, finalmente, em velada
incompatibilidade.


A deformação e o abandono dos objetivos da Revolução tornaram-se patentes.

Tenho, portanto, a obrigação moral de apresentar ao Exército, a gama de acontecimentos que,
ocorridos em diversos setores, levaram-me a esta convicção.

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