- A ausência de uma resposta incisiva e imediata às acusações abertas, lançadas através dos
órgãos de comunicação, sobre irregularidade e corrupção, na máquina administrativa do Estado,
deixando pairar dúvidas sobre a honestidade dos revolucionários e sua firmeza em combatê-las.
0 exame, mesmo tolerante, dos acontecimentos e aspectos conjunturais que mencionei linhas atrás,
conjugado ao conhecimento de numerosos outros, alardeados ou colhidos em documentos oficiais,
não me permite mais duvidar de que, a julgar pelo que acontece com o Exército, existe uma evidente
intenção de alienar as Forças Armadas dos processos decisórios do País, açambarcados por um
grupelho, encastoado no governo. Importantes decisões são tomadas sem auscultá-las. Mesmo
naquelas intrinsicamente ligadas à segurança nacional, com raríssimas exceções, limita-se o governo
apenas a participar as soluções já adotadas. Esta marginalização é tanto mais grave, quando se
considera que, em decorrência do que foi decidido, muitas vezes as Forças Armadas são obrigadas a
atuar. Não obstante isto, jamais fugiu a Instituição militar aos seus compromissos: repugna-lhe,
todavia, desempenhar papel de janízaros ou de guarda pretoriana.
Outra conclusão a que não se pode fugir, é a da crescente ameaça dos grupos esquerdistas na
busca do poder. Acumpliciados com democratas que, na pressa de combater o regime, perdem o
senso da realidade, acobertados por elementos infiltrados nos escalões administrativos e à sombra
de uma incompreensível omissão das autoridades responsáveis, começam a jactar-se, publicamente,
de que sua instalação, no País, será, apenas, questão de tempo.
Uma de suas inegáveis vitórias foi a estatização, que só pôde ser conseguida, temos de
reconhecer, com a conivência dos homens do governo. Foi uma marcha lenta e solerte como sóe
acontecer, quando os comunistas aplicam suas técnicas de infiltração.
Já implantaram o capitalismo de Estado que é o tirano da economia; a continuarmos assim, virá
mais breve do que muitos esperam, o comunismo - o tirano das liberdades.
Na manhã de hoje, 12 de outubro, fui acordado com um chamado do Exm° Sr Presidente da
República, que determinou minha presença no Palácio do Planalto.
Ali chegando, recebeu-me S Exa e, sem mais rodeios, disse-me que não se conseguia acertar
comigo. Respondi-lhe que nunca lhe tinha faltado a minha lealdade, no que confirmou.
Respondi-lhe, ainda, que tinha sempre seguido sua orientação. Discordou S Exa, em parte,
referindo-me aos Relatórios de Informação que faziam críticas ao Governo. Voltei a falar para dizer-
lhe que se algo houve neste sentido passou despercebido.
Pedi dissesse os motivos, o que se recusou categoricamente.
Disse-me a seguir S Exa que estava incompatibilizado comigo, e que solicitasse demissão.
Respondi-lhe, então, que não me demitiria por não me julgar incompatibilizado com o cargo.
Respondeu-me, "mas o cargo é meu", disse-lhe, então: "por isto, cabe ao Senhor demitir-me, pois