IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

implantação dos "valores" revolucionários que difunde. A existência deste binário "fato-valores"
torna-se, pois, básica no caracterizar uma revolução em sua acepção histórico-cultural.


Se houve o fato, porém não se fixaram novos valores, não foi mais do que um simples golpe de
Estado; se não ocorreu o "fato" e, no entanto, novas idéias e padrões sociais foram estatuídos e
adotados, através de reformas, processou-se uma evolução, coisa muito diferente da revolução que
conceituamos.


O Movimento Militar de 1964 legitimou-se pelo Ato Institucional (AI) em Revolução, no entanto
os revolucionários incidiram na tradicional ilusão gráfica, admitindo que sua outorga era a solução
suficiente. Esqueceram-se dos "valores" que, aliás, não possuíam bem definidos por falta de uma
doutrina revolucionária.


Os políticos defendiam o governo, mas não a Revolução, mera coincidência de interesses que
desejavam manter. Os próprios governos da República não se podem eximir do pecado de ter
mantido nos cenários estaduais e federais homens perniciosos à Revolução, mas indispensáveis às
suas manobras de fortalecimento do poder central, ao qual se vinculavam por amizade ou vantagens
pessoais.


Quando os contestadores da Revolução - comunistas, homens de esquerda e os amigos dos
políticos cassados - perceberam a tibieza revolucionária no setor da propaganda, não perderam
tempo e lançaram-se na contrapropaganda.


E esta foi muito bem estruturada e desencadeada!

Os problemas político-administrativos sofreram violenta crítica da imprensa - em que se
acoitavam, em maioria, aqueles elementos. Entretanto, esta crítica era objetiva, porque se baseava
em fatos, não raro desaguando em alternativas, ou melhor, em propostas de soluções corretivas.


A propaganda anti-revolucionária, de fundo ideológico, eximiamente dirigida de bases
internacionais e bem amparada de recursos das mesmas origens, atuou e atua livremente. Avançou
ousadamente pelos caminhos da subjetividade, sustentando que o pensamento é livre de peias
forjadas pela lógica e a moralidade. E a impregnação subversiva encontrou campo fértil na mocidade
desarvorada e abandonada, induzindo-a ao hedonismo como único objetivo da vida.


Nunca tivemos, nós os revolucionários, em caráter duradouro, uma plêiade de homens que
difundisse e justificasse a Revolução e a sua conduta. Jamais dispusemos de um órgão de imprensa
próprio - o que acontece até com os mais fracos partidos políticos e muitas organizações
empresariais - capaz de acolher essa equipe selecionada pelo ardor e crença revolucionários,
propiciando-lhe meios de divulgação pública e uma tribuna de onde repelisse as calúnias e insultos
assacados aos revolucionários.


A permissividade ou indiferença do primeiro governo revolucionário ante tais fatos, talvez, pelo
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