feitio do presidente - homem culto e ligado ao setor da intelectualidade -, possam ser explicadas,
mas não justificadas.
A censura - remédio que se tentou aplicar - pode surtir efeito nas agressões e críticas de caráter
político-administrativo, desde que seguida de uma complementação justificadora do fato imputado.
Assenta-se nestes casos em acontecimentos reais.
Com a contrapropaganda de fundo ideológico a situação é diferente. Está montada em bases
subjetivas do mundo das artes, nas quais as "realidades" são frutos da imaginação dos autores,
visando a objetivos previamente estabelecidos para deteriorar a moralidade pública e atingir, in fine,
nossos princípios morais. Nessas condições, a censura será simples paliativo, visto que as idéias, se
cimentadas por convicções, em tempo algum serão esmagadas pela força. Elas apenas refluem à
mente, de onde ressurgem ao primeiro alento, mais incisivas e persistentes. Somente a persuasão
habilidosa e a catequese cívica podem abalá-las, abrindo-lhes novos rumos na análise das
alternativas. A censura é, em essência, uma forma de força. Obtém sucesso no campo político, mas
não atinge a consciência, imperante na esfera espiritual, portanto insensível à sua ação.
O comportamento cristão sob as armas das legiões romanas e a atitude de Galileu após depor no
tribunal inquisitorial do Santo Oficio são belos e nobres exemplos dessa verdade, entre numerosos
outros.
E o que fez a Revolução de real e permanente para aniquilar essa contrapropaganda? Unicamente
no governo Médici a inteligência e a acurada visão de Otávio Costa combateram essa realidade
acertadamente. E os tempos o provaram.
f) A exagerada utilização de militares na administração civil
Os militares, não tendo trazido uma doutrina revolucionária - volto a abordar o assunto por
considerá-lo vital -, não contavam, logicamente, no meio civil e no próprio ambiente castrense, com
elementos capazes de pregar e aplicar princípios de uma coisa inexistente.
Entretanto, o Movimento de 1964 alardeara e prometera a regeneração do Brasil nos campos
moral, econômico e político, extinguindo a CORRUPÇÃO, revitalizando a ECONOMIA e
combatendo a SUBVERSÃO, promessa esta que carreara as populações para o seu lado, dando-lhe o
apoio quase integral do povo.
Os chefes revolucionários, ao que tudo indica, chegaram dispostos a cumprir esse voto, mas
cometeram a falha de pretender tutelar a Nação, interferindo diretamente em numerosos setores das
atividades nacionais, alguns de delicadas e complexas especificidades técnica e administrativa. Isso
ocorreu, em particular, no chamado segundo escalão da administração pública.
Melhor teria sido, parece-me, que escolhessem na dissidência civil do governo Goulart homens