IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

Instrução, moradia, uniformes, alimentação, apoio financeiro e a perspectiva de uma profissão
garantida ao término do curso são tentadoras ofertas apresentadas aos jovens desprovidos de
recursos para enfrentarem os altos preços das matrículas nas universidades, mas que pretendem, por
natural ambição, ascender na escala social.


Na análise desta questão - ingresso no Exército - podemos, portanto, distinguir dois grupos: os
que têm real vocação militar, encarando a vida castrense como um sacerdócio, e aqueles que são
impulsionados por anseios ascensionais, enxergando no Exército apenas um caminho de acesso, em
linguagem mais rude, um trampolim.


Os primeiros estão voltados para dentro do Exército e os últimos, para fora!

Em épocas passadas, até os princípios dos anos 50, era esmagadora a percentagem de jovens de
pendor militar que se dirigiam aos estabelecimentos de ensino do Exército, no entanto, a partir daí,
as observações mostraram que, talvez por vantagens oferecidas pelas profissões liberais e técnicas,
lamentavelmente, parece ter decrescido bastante aquele percentual vocacional.


A orientação revolucionária veio agravar essa situação, não sendo, pois, de estranhar que
numerosos militares aceitassem com agrado essa fuga do Exército para as áreas políticas e da
administração pública, onde encontrariam seu habitat ansiado e no qual procurariam manter-se, por
todos os meios, pelo maior espaço de tempo.


Essa penetração trouxe uma desagradável competição e magoou os civis, que se sentiram
desprestigiados e sob suspeição revolucionária. Tais sentimentos, embora pudessem ser explicados
em alguns casos, pela maneira peculiar de agir dos militares - fruto de sua formação - não eram
racionais e justos. Todavia, teve a instigá-los a facção ideológica de esquerda, nossa inimiga
irreconciliável, que visava a criar no país uma reação dos civis aos militares, revivendo, quiçá,
tristes momentos das campanhas civilistas do passado.


Infelizmente, muitos homens - na maioria frustrados ou recalcados - deram guarida a esses
propósitos diluidores. Mas essa torpe campanha de dividir o Brasil em dois campos antagônicos,
essa dicotomia antipatriótica, não surtiu efeitos concretos, porque na Nação brasileira civis e
militares confundem-se, amalgamam-se e trabalham com o mesmo ideal de engrandecer a Pátria.


g) A falta de coesão na cúpula revolucionária


O fracionamento do grupo revolucionário, já definido no governo Castelo Branco quando da
indicação do substituto deste presidente, acentuou-se durante o segundo governo da Revolução.


A oposição ao general Costa e Silva pelo grupo castelista está bem patente na narrativa do
historiador Luís Viana Filho ao tratar, em seu livro,7 da sucessão presidencial.

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