IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1
Costa e Silva, de fato, não poderia fazer mais nada por eles ou contra eles!

Por que então dar-lhe provas de estima ou denotar temê-lo?

Houve generais que prometeram cargos no seu futuro governo e alguns outros cambalhancharam
votos e adesões sem se pejarem de os estar pedindo a subordinados. Enquanto isso Costa e Silva
lentamente deixava a vida.


É esse o caminhar velhaco e tortuoso dos homens, porém, desejaria que o nosso Exército não
marchasse deste modo.


O pragmatismo, com sua obstinada afirmação de que só é verdadeiro aquilo que é útil, naquela
época, já estava banindo da mentalidade militar as concepções idealistas de honra, devoção à Pátria,
espírito de corpo e tantas outras que nos fizeram moralmente fortes e respeitados pelo nosso povo.


Os prognósticos dos médicos sobre a recuperação de Costa e Silva eram muito sombrios quanto
à possibilidade de ocorrer a curto prazo e de forma integral.


Tomaram, então, as Forças Armadas a decisão de substituí-lo na presidência.

O Ministro do Exército, visando a conhecer a opinião dos generais sobre os papáveis para
presidente, determinou que essas informações fossem colhidas pelos comandantes de Áreas,
proibindo que seu nome viesse entre os dos cogitados.


Num encontro preliminar em que o general Antonio Carlos da Silva Muricy transmitiu essa
orientação aos generais da Guarnição do Rio de janeiro, os partidários do general Afonso
pretenderam que as sondagens se estendessem aos oficiais para caracterizar bem a vontade do
Exército. O próprio general Afonso defendeu esta tese à qual me opus incisivamente, por julgá-la, de
muitos ângulos, inaceitável.


O general Syseno Sarmento realizou no 1 Exército a contagem das menções aos escolhidos,
apresentando cada general opinante três nomes. Dos dezesseis generais participantes, doze foram
favoráveis ao general Emílio Garrastazu Médici. De modo geral, esta preferência manteve-se nas
diversas guarnições.4


Definida a escolha do general Médici, agitaram-se os seus oponentes, em particular os do grupo
do general Afonso - o mais forte deles - que tencionavam tumultuar e contestar os resultados da
apuração feita, sugerindo uma consulta ao que chamavam de bases, isto é, à oficialidade.


No 1 Exército, creio que sem autorização do ministro, essa contagem foi realizada e embora não
houvesse acentuada predominância de um nome sobre outro, era de justiça reconhecer-se que forte
corrente de oficiais mais jovens mostrara-se favorável ao general Afonso de Albuquerque Lima.


Não permiti esse tipo de manifestação na lá Região Militar. Reuni os oficiais e disse-lhes que eu
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