Na contrapartida do esvaziamento
comercial do fotojornalismo, o alcance
das imagens hoje é muito maior que nos
anos 1970. “Pensávamos que a fotografia
fazia uma ponte com o mundo, mas
temos imensas limitações. Ainda assim
a fotografia pode ser valiosa. Acredito
que agora podemos assimilar com mais
complexidade o mundo. Eu questiono
todo o tempo. Não é um tempo fácil que
estamos vivendo, temos que achar novos
meios de tocar as pessoas, é um desafio
em movimento”, avalia Meiselas.
O fotógrafo alemão Thomas Hoepker
disse no Festival Paraty em Foco de 2008
que, naquela ocasião, via a Magnum
querendo produzir “imagens para a
parede”, voltadas para arte e decoração.
Ela comenta: “Meu sentimento olhando
para a Magnum hoje é que ainda vejo a
Em 1976,
penso que nós
ilustrávamos textos.
Hoje é diferente,
mas ainda tem
gente trabalhando
assim. Também
está mais difícil
para os jovens
fotógrafos
Susan Meiselas
O FOTOJORNALISMO HOJE
força de Robert Capa e Cartier-Bresson
no fotojornalismo”. Mas ela alerta que a
cooperativa vem mudando seu espectro
desde o princípio, com diferentes pontos
de vista de trabalho e de plataformas.
“Em 1976, quando o trabalho da
Nicarágua estreou em revistas, penso que
ilustrávamos os textos. Hoje é diferente,
mas ainda tem gente trabalhando assim.
É mais difícil achar maneiras de sobreviver
para os jovens fotógrafos atualmente”.
Com apenas dois anos de Magnum,
Susan Meiselas embarcou para a
Nicarágua para cobrir a chamada
Revolução Sandinista, que depôs o ditador
Anastacio Somoza (morto em 1980
quando um projétil de bazuca acertou seu
carro durante o exílio no Paraguai). Fez
imagens que correram o mundo e que
catapultaram sua carreira definitivamente.
Jovens praticam o
arremesso de bombas
de contato na floresta
ao redor de Monimbo,
Nicarágua, em foto
de junho de 1978