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integrantes da aliança avaliar
o programa de forma mais
produtiva do que em demons-
trações feitas pelo fabricante
brasileiro”, avalia Olavo Gomes,
consultor de defesa. “Uma
eventual compra por parte dos
Estados Unidos significaria
uma chancela importante”.
Na aviação de negócios,
diante de sua vasta experiência
e os diversos casos de sucesso,
em especial o do Phenom 300,
a Embraer tem potencial para
ir além. O fabricante pode
investir tempo e dinheiro em
novos produtos e ampliar sua
atenção ao mercado. Recen-
temente, a Embraer lançou a
família Praetor, desenvolvida
a partir dos antigos Legacy
450/500. Ao ampliar a capaci-
dade do jato médio, em espe-
cial nos quesitos performance
e alcance, o fabricante espera
crescer em um dos nichos mais
cobiçados do mercado.
VEÍCULOS URBANOS
A participação da Boeing
no processo abre caminho
também para financiamentos
nos Estados Unidos, tanto
para o C-390 como para os
atuais E-Jets. No segundo caso,
a Embraer, mesmo detendo
apenas 20% da joint venture,
pode faturar mais do que hoje.
“Caso a Boeing consiga dobrar
as vendas, o que é perfeitamen-
te possível dado o potencial da
família E2, o lucro líquido da
Embraer nesse negócio pode
ser maior do que o atual”, cal-
cula um executivo da empresa.
Paralelamente, a Embraer
deve chegar ao final do proces-
so, após pagar os dividendos a
seus acionistas, com algo próxi-
mo a um bilhão de dólares em
caixa. O valor é um dos mais
elevados na história da empresa
e parte desse montante poderá
ser destinado ao desenvolvi-
mento de novos programas e
projetos.
Apesar do potencial das
joint ventures com a Boeing,
a Embraer continua investin-
do com otimismo em novas
tecnologias. A empresa tem
um setor dedicado a inovações,
que avalia desde aeronaves
não tripuladas voltadas para
mobilidade aérea – como os
veículos urbanos de pouso e
decolagem verticais (eVTOL)
- até sistemas de controle de
tráfego aéreo. A Embraer é
uma das que mais avançaram
no conceito dos eVTOL, e pode
se tornar uma das pioneiras
em um mercado com enorme
potencial nas próximas déca-
das. Espera-se que estas novas
aeronaves substituam boa parte
da frota de helicópteros em
centros urbanos, oferecendo
menores custos e maior flexibi-
lidade de uso.
Por meio da Visiona, em-
presa criada em parceria com
a Telebrás, a Embraer também
trabalha no desenvolvimento
de uma rede de nanossatélites,
que poderá ser empregada em
áreas que vão desde comunica-
ção via internet até o monitora-
mento de produção agrícola.
APROVAÇÃO DO ACORDO
Apesar de promissor, o acordo
que criou a Boeing Brasil -
Commercial ainda precisa ser
concluído, o que representa
um dos maiores desafios da
parceria. Mesmo diante do
sinal verde de órgãos regula-
dores dos Estados Unidos e
do Brasil, ainda falta obter a
aprovação da comissão euro-
peia. Fontes envolvidas nesse
processo dizem que o maior
problema tem sido o que
consideram “exigências pouco
convencionais na análise do
a c o r d o ”.
Nos bastidores, o que se
fala é que os europeus estariam
exigindo acesso a contra-
tos fechados nos últimos 20
anos pelas duas empresas. “O
problema é que essa documen-
tação contém informações al-
tamente sensíveis, o que inclui
desde valores de cada aeronave
até taxas aprovadas com bancos
e acordos de serviços detalha-
dos”, explica um dos executivos
O setor de inovações
e novas tecnologias
segue sob controle
da empresa
brasileira, e investe
no desenvolvimento
de veículos urbanos
eVTOL