Aero Magazine - Edição 309 (2020-02)

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-raramnoscustose noprecário
estadodeconservação.
Depoisdedécadasno Aterro
doFlamengo,pegandomaresia
e servindoatédeabrigopara
moradoresderua,o DC-3 estava
muitocastigado.Segundo consta,
a diretoriadoMuseuAeroespa-
cialfoiprocurada.Ummecânico
e umtécnicoemestruturas fize-
ramumaavaliaçãodesanimadora
em7 denovembro.Em29 de
novembro,umacartado diretor
doMusal,o brigadeiroda reserva
LuizCarlosLebeisPiresFilho,
afirmouaosresponsáveis pelo
aviãoque“aaeronaveapresenta
corrosãogeneralizadaem 100%
dorevestimentoexterno, além de
grandecorrosãodesuaslonga-
rinas internas e, principalmente,
em junções das asas, o que torna
inviável a desmontagem para res-
tauro e posterior remontagem”.

PEÇAS PRESERVADAS
Enfim, o Musal abriu mão de
receber o aparelho. Mesmo
porque, em seu acervo, já existem
três DC-3/C-47, sendo que dois
estão em processo de restauração
e um permanece em exposição.
Apesar da recusa, o museu pediu
algumas peças caso o avião
não fosse “doado inteiramente”.
Manetes, manches, medidores do
painel, poltronas de passageiros e
conjuntos de rodas e pneus foram

recolhidos pelo pessoal do Musal
e estocados para recuperação e
utilização futura.
De acordo com a assessoria
de imprensa da massa falida, nin-
guém se interessou pelo restante.
Um dos problemas era o custo de
remoção do PP-VBF inteiro para
um pátio da massa falida, distante
4,5 quilômetros, na Estrada do
Galeão. Seria necessário gastar
quase 200 mil reais, pois exigiria o
desligamento de cabos de energia
e retirada de sinalizações viárias.
Como exemplo, os gestores da
massa falida alegaram que velhos
Boeing 737 e 727 da companhia
que não podem mais voar foram
leiloados, respectivamente, por 48
mil e 15 mil reais. Segundo eles, o
DC-3 jamais atingiria esse valor,
gerando mais prejuízo. O desman-
che teria sido feito com autorização
da Justiça. O alento é que o material
não vai virar sucata. A gestora da
massa falida pretende fazer um
leilão de peças, mas ainda não há
nenhuma data estipulada.

TRAJETÓRIA
O PP-VBF foi adquirido pela
Varig nos anos 1950, de acordo
com dados do Projeto DC-3
Brasil, que tenta mapear todas
essas aeronaves no país. Fabrica-
do pela Douglas em 1942 sob o
prefixo 42-24294, foi entregue à
USAF. Depois, sob matrícula ci-

ETERNIZADO NO DIA D


Destroços ficaram
espalhados no terreno.
Gestora da massa falida
promete leilão de peças

No imaginário contemporâneo, se há uma pista de pouso
precária em algum lugar isolado do planeta, logo aparece
um DC-3/C-47. Pudera, antes da hegemonia dos jatos
comerciais, como o 707, os céus da aviação comercial
a pistão eram dele, de seu irmão maior DC-4 e do
Constellation. A longevidade na carreira se deu também
no cinema e na TV, com o DC-3/C-47 aparecendo em “O
Monstro do Ártico”, de 1951, “Uma Ponte Longe Demais”,
de 1977, “Selvagens Cães de Guerra”, de 1982, “Band
of Brothers”, de 2001, e “007 – Quantum of Solace”, de



  1. Em 5 e 6 de junho de 2019, nas celebrações do
    75º aniversário do Dia D, uma esquadrilha de 14 C-47
    Dakota refez a rota sobre o Canal da Mancha, entre o
    sul da Inglaterra e a Normandia, na França, para lembrar
    a participação dos 800 aparelhos que transportaram
    paraquedistas e equipamentos na invasão da Europa,
    na Segunda Guerra. O DC-3 está até hoje em operação
    comercial, principalmente para o transporte de cargas.

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