ANOVAVAGADEINCÊNDIOS 101
cia prática. “Não conseguimos combatê-la”, disse
Castellnou. “Foi preciso recuar e tentar mudar as
condições no terreno para travar o fogo.”
De regresso à Europa, o especialista informou
a Comissão Europeia de que iriam provavel-
mente surgir incêndios de piro-cúmulo-nimbos
na Europa dentro de cinco anos. Marc chamou-
-lhes “incêndios de sexta geração”. E acrescen-
tou: “As condições actualmente existentes no
Mediterrâneo serão as condições de amanhã na
Europa Central.”
No entanto, o especialista subestimara a ve-
locidade com que a situação se estava a alterar.
Escassos cinco meses mais tarde, ele assistiu a
uma filmagem ao vivo no quartel dos bombeiros
de Pedrógão Grande, enquanto as chamas se er-
guiam acima da floresta onde a equipa de Filipa
Rodrigues estava a entrar.
Era, como ele disse depois, uma repetição do
que ocorrera no Chile, uma repetição do “cenário
de pesadelo” que acontece quando os ventos frios
do Atlântico encontram no seu caminho um Verão
mediterrâneo quente. Nas terras altas de Portugal,
os incêndios florestais arderam nas densas flores-
tas abandonadas, sob uma atmosfera que vibrava
com o calor sustentado, enquanto uma coluna de
ar superaquecido e instável se erguia, como se su-
bisse por uma chaminé acima das montanhas.