VOO LIVRE REVISTA LITERÁRIA - Nº 26

(MARINA MARINO) #1

Poesia


Doladodefora

Logoaliondeháumaárvoremorta


Háumespaçopequenoondeagrama


secou


Neleépossívelsentar-seeesperar


Semsernotado


Sematrapalharapassagem


Desconfortavelmente


Vocênãoestaráprotegidodachuva


Nemdofriooudosolescaldante


Nãohaverásilêncio


Nemserápossíveldescansar


Logoali,bemaoladodaárvoremorta


Você não será incomodado por


ninguém


Nesteespaçoondeagramasecou


Osarbustos,osrestos,omaucheiro


Farãodasuainvisibilidade


Umalívioparaahumanidade


Precisoretornarà quietudedo
lar, a dor do mundo é insuportável,
prefirosonharnoconfortodeminha
morada, sinto-me insegura aqui do
lado de fora, onde as lembranças
“nuncaterãoamesmatonalidadedas
lembranças da casa. Evocando as
lembranças da casa, acrescentamos
valores de sonho; nunca somos
verdadeiros historiadores, somos
sempre um pouco poetas e nossa
emoçãotraduzapenas,quemsabe,a
poesiaperdida” (BACHELARD, 1978 :
201 ).Memóriaeimagem andamem
sincronia,umademãosdadascoma
outra,emcomunhão,aprofundam-se
na carne uma da outra. Desejo
acrescentarvalores nocaldeirão dos
sonhos, buscar esta nova casa. Para
tanto, prossigo a leitura e chego na
quarta parada, composta de vinte e
cincopoemas, OsPoemasDeDentro
De Casa. Nesta casa, o amordeixou
vestígios, há muitos problemas mal
resolvidos e outros tantos por
resolver, há separação, medos,
lamentações, jogos de interesses,
acordosedesacordos,maséa Dorde
cotovelo (p. 55 ) que me mantém
suspensanotempo,semteramínima
noção da sua duração concreta do
tempo:
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