ELLE PT 51
FOTO: IMAXTREE (1)
m 1998, enquanto editora de
moda de um jornal nacional,
viajei para as semanas da moda
de Nova Iorque, Londres, Mi-
lão e Paris para fazer artigos sobre os
desfiles. A minha forma de vestir (ou
como dizíamos na altura “o meu estilo
pessoal” que estava ainda por se tornar
“numa cena”) não era a melhor: uns ténis
da Adidas bastante práticos, umas calças
de uma marca não muito cara e uma peça
estranha criada por um designer. Mas
isso não era importante. Não existia
uma horda de fotógrafos de street style
a correr atrás de editores, desesperados
por captar o seu estilo supostamente
único. Ninguém arriscava a vida nem
os membros para se colocar no meio do
Arco do Triunfo para ser fotografado
com o look 23 da Prada. Influenciado-
res? Essa palavra nem existia.
Avançando rapidamente no tempo
para 20 anos depois, o mundo tornou -se
muito diferente. Hoje, um look foto-
grafado fora de um desfile de moda tem
idêntica probabilidade de viajar pela
internet à mesma velocidade que qual-
quer coisa mostrada nas passerelles – e,
neste processo, ganha a possibilidade de
transformar numa estrela quem a veste.
Chiara Ferragni, Leandra Medine e Susie
Lau são todas elas mulheres cujo estilo
individual, fotografado longe das pas-
serelles, foi exatamente o que as colocou
O FIM DO
ESPETÁCULO
Vestir -se para a primeira fila das semanas da moda tornou -se
um desporto de alta competição, em que os pontos são
ganhos por quem tiver o look mais ousado (e mais fotografado).
Mas há sinais claros que este jogo está a chegar ao fim.
E
na primeira fila, algumas estações depois.
Eles foram as influenciadoras originais –
mulheres reais cuja maneira de vestir era
mais empolgante do que a de editores de
moda e mais acessível do que a de cele-
bridades. Aparentemente da noite para o
dia, muitas se tornaram nomes poderosos
da indústria. Lançaram marcas, viajaram
pelo mundo, escreveram para revistas
e inspiraram centenas de imitadoras.
Entre 2012 e 2015, novos rostos co-
meçaram a aparecer nas semanas de moda,
muitas vezes simplesmente permanecen-
do fora dos locais onde alguns dos maiores
desfiles estavam a acontecer, esperando
que a simples proximidade à passerel-
le lhes desse validade e credibilidade.
«Quem são estas pessoas?», pergunta-
vam os editores de revistas. Ninguém
sabia. Algumas eram bloggers. Algumas
eram stylists. Algumas eram estudantes.
Outras eram simplesmente fãs. Inde-
pendentemente disso, estavam todas ali
unidas por um fio dourado invisível de
estilo individual e arrebatador.
É compreensível que, ao se depara-
rem com 843 pessoas imaculadamente
vestidas, todas sendo aclamadas por um
número cada vez maior de fotógrafos que
não acreditavam na sorte que tinham por
poderem contar com estes fashionistas a
pararem e posarem, as editoras começa-
ram a sentir -se pressionadas a melhorar o
seu jogo. «Lembro -me de deixar um