O Estado de São Paulo (2020-03-18)

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 18 DE MARÇO DE 2020 NotaseInformações A


A


lém de matar milhares de pes-


soas, lotar hospitais e forçar mi-


lhões ao confinamento, a nova


pandemia devasta a economia


global, derrubando o consumo, a


produção e o emprego, com da-


nos visíveis há semanas, mas só agora o Execu-


tivo brasileiro decidiu enfrentar seus efeitos


econômicos. Segundo o ministro da Econo-


mia, Paulo Guedes, as medidas anunciadas na


segunda-feira à noite injetarão nos mercados


R$ 147,3 bilhões e protegerão principalmente


os mais vulneráveis. As novidades são bem-vin-


das, apesar do atraso, e foram aprovadas no


mercado. Mas o conjunto de ações é tímido e


revela um governo ainda hesitante.


Chama logo a atenção o impacto fiscal do pa-


cote: é minúsculo, quase nulo, como confir-


mou o secretário do Tesouro, Mansueto Almei-


da. Pergunta inevitável: se é possível agir sem


ampliar o buraco das contas públicas, por que


tanta demora? A resposta parece bem clara. A


equipe econômica só agiu agora porque demo-


rou a reconhecer os efeitos da pandemia.


Falando a uma rádio na manhã de ontem, o


presidente da República insistiu em chamar de


histeria a preocupação com os danos econômi-


cos do coronavírus. O ministro da Economia


procedeu até o último fim de semana como se


estivesse alinhado a esse ponto de vista. Só en-


tão, pressionado pelo presidente da Câmara,


deputado Rodrigo Maia, reagiu


de forma diferente, prometen-


do medidas em 48 horas.


As medidas foram concluídas


às pressas. No meio da tarde de


segunda-feira continuava inde-


finido o horário de apresenta-


ção. O anúncio, afinal, quase co-


incidiu com uma entrevista de


enorme repercussão do presi-


dente americano, Donald


Trump. Nessa entrevista ele ad-


mitiu o risco de uma recessão


na maior economia do mundo.


Seu obediente discípulo Jair


Bolsonaro estaria disposto a classificá-lo tam-


bém como histérico?


Quanto ao pacote, convém, para começar, fa-


zer algumas qualificações. Em primeiro lugar,


é um tanto exagerado falar de injeção de R$


147,3 bilhões. Parte desse valor será apenas


adiantada. É o caso da antecipação, para abril e


maio, de parcelas do 13.º pagamento a aposen-


tados e pensionistas. Isso corresponde a R$ 46


bilhões. Outros R$ 12,8 bilhões serão liberados


com o pagamento, em junho, do abono salarial


antes previsto para ser liquidado


entre junho e dezembro.


O conjunto inclui medidas es-


pecialmente oportunas para as


empresas, como a ampliação por


três meses do prazo de pagamen-


to do FGTS, com impacto de R$


30 bilhões. Também será adiado


por três meses o recolhimento


da parte da União no Simples Na-


cional. Essa parte equivale a R$


22,2 bilhões. Mas todo esse di-


nheiro deverá ser cobrado. Em


suma: haverá mudança no crono-


grama do fluxo de caixa, mas


sem alteração, no final, dos valores previstos.


A única medida com claro impacto fiscal


nem deveria estar nesse pacote. Essa medida é


a liberação de cerca de R$ 3,1 bilhões para in-


corporação de mais pessoas muito necessita-


das no programa Bolsa Família. A iniciativa de-


verá beneficiar 1,2 milhão de famílias, segundo


informou no Twitter o ministro da Cidadania,


Onyx Lorenzoni. Com isso a fila de espera será


eliminada, de acordo com a equipe econômica.


A fila de espera para ingresso no programa


Bolsa Família aumentou rapidamente a partir


de maio, quando o governo reduziu o ritmo de


incorporação. Reportagem do Estado já havia


mostrado a situação desses milhões de pobres


e uma de suas consequências – grupos enormes


pressionando prefeituras, principalmente no


Nordeste, em busca de ajuda para sobreviver.


Esses milhões já estavam em péssima situa-


ção bem antes das primeiras notícias sobre o


coronavírus na China. O governo jamais deve-


ria ter contribuído para a formação dessa fila.


Mas o problema se acumulou e, diante disso,


as autoridades deveriam tê-lo enfrentado no


começo do ano. A solução agora prometida en-


tra como contrabando, portanto, num atrasa-


do pacote de ações contra os efeitos econômi-


cos do coronavírus. Com esse contrabando se


cruzam duas histórias, a da pandemia de um ví-


rus e a do Bolsa Família, menos épica, mas tam-


bém dramática e infelizmente vergonhosa em


alguns de seus episódios.


O


presidente Vla-


dimir Putin re-


pousa sobre


um trono de


chumbo no


Kremlin e cami-


nha a passos largos para perma-


necer dando as ordens na Rús-


sia ao menos até 2036. Na se-


gunda-feira, o Tribunal Consti-


tucional do país ratificou a re-


forma da Constituição aprova-


da pela Duma, a câmara baixa


do Parlamento, e sancionada


pelo presidente no dia 14 passa-


do. A reforma, que para come-


çar a valer deve ser aprovada


por uma votação popular pre-


vista para o dia 22 de abril – da-


ta em que se celebra o aniversá-


rio de Lenin –, abre caminho pa-


ra a consolidação da autocracia


do líder russo. Nomeado pri-


meiro-ministro por Boris Yelt-


sin em 1999, Vladimir Putin po-


derá perfazer 37 anos no poder,


algo sem precedente na histó-


ria republicana moderna.


Entre as alterações constitu-


cionais recém-aprovadas está a


introdução de um curioso dis-


positivo de autoria da deputa-


da Valentina Tereshkova que


“zera” a contagem dos manda-


tos exercidos por Putin até ago-


ra. Embora a Constituição rus-


sa continue autorizando ape-


nas uma reeleição para o man-


dato presidencial de seis anos,


na prática, a medida proposta


por Tereshkova beneficia o


atual mandatário ao permitir


que ele seja novamente candi-


dato nas eleições de 2024 –


quando termina seu atual man-


dato, o quinto – e 2030.


Putin domina a Duma, conse-


gue aprovar o que quiser na Ca-


sa Legislativa. Sua proposta de


reforma constitucional, apre-


sentada no início deste ano


(ver editorial O futuro de Putin,


publicado em 20/1/2020), tra-


mitou rapidamente e foi apro-


vada por 383 votos a zero, com


43 abstenções. Na Rússia, o Po-


der Legislativo hoje é um mero


autorizador dos desígnios auto-


ritários do anacrônico czar do


século 21.


Além de permitir as novas


candidaturas de Putin, a refor-


ma da Lei Maior concentrou


poderes na presidência, antes


diluídos em outros órgãos do


Poder Executivo. Ou seja, Vladi-


mir Putin não só está autoriza-


do a continuar sendo presiden-


te, como será um presidente


ainda mais forte. A reforma


também estabelece a “crença


em Deus” como um dos valo-


res tradicionais da Rússia e im-


pede o casamento entre pes-


soas do mesmo sexo, o que já


era proibido, mas agora pela


força do texto constitucional.


Parlamentares da escassa


oposição e críticos do governo


condenaram a aprovação da re-


forma constitucional, classifi-


cando-a como uma “manipula-


ção cínica” de Putin sobre os


outros Poderes. Manifestações


públicas de protesto foram


marcadas para os próximos


dias, mas não é certo que ocor-


ram em função do isolamento


social recomendado para con-


ter a pandemia de covid-19. No


entanto, ainda que ocorram, é


improvável que esses atos te-


nham força para frear o ímpeto


liberticida de Putin, sobretudo


diante da maciça base de apoio


ao presidente na Duma.


Quando anunciou a ideia de


mudar a Constituição no início


do ano, a primeira grande refor-


ma desde o advento da Magna


Carta de 1993, Putin deixou cla-


ro que já pensava em como con-


tinuar ditando o futuro da Rús-


sia após o fim de seu atual man-


dato. “Só os idiotas acredita-


ram que Putin deixaria o poder


em 2024”, disse à época Alexei


Navalny, principal líder da opo-


sição. É possível imaginar que


o destino da Rússia possa estar


atrelado às vontades de Putin


mesmo após 2036, quando ele


terá 83 anos. No bojo da refor-


ma constitucional aprovada ha-


via uma medida que fortalecia


o Conselho de Estado, órgão


que Putin planejava comandar


após o final de seu mandato em


2024 para atuar como uma es-


pécie de tutor dos futuros presi-


dentes e premiês. Com a pito-


resca solução dada pela deputa-


da Valentina Tereshkova, a


ideia foi abandonada. Mas nada


impede que a saída, ou qual-


quer outra, seja inventada no


futuro caso Putin sinta que seu


domínio esteja ameaçado.


“Gosto do meu trabalho,


mas para manter o poder te-


nho de concordar com algum


esquema que seria inaceitável


para o país ou então destruí-


lo”, disse Putin no final do ano


passado, poucos dias antes de


apresentar ao Parlamento sua


proposta de reforma constitu-


cional que traduz à perfeição o


“esquema” que cinicamente


ele julgava “inaceitável”. A vola-


tilidade das convicções é um


dos traços mais marcantes da


personalidade autocrática.


E


m nenhum dos


441 dias em que


está na Presidên-


cia da República,


Jair Bolsonaro a


exerceu de fato.


Age como se ainda fosse o de-


putado irrelevante que sempre


foi ao longo de sua carreira co-


mo político, período em que só


ganhava alguma notoriedade


quando cometia uma de suas


frequentes grosserias ou fazia


o elogio de ditadores, sem ter


apresentado um único projeto


de lei relevante ou participado


ativamente de nenhuma comis-


são da Câmara.


Enquanto era somente 1 en-


tre 513 deputados, Bolsonaro


oferecia risco apenas marginal


ao País e servia como modelo,


quando muito, para uma mino-


ria insignificante de libertici-


das; na condição de presidente,


contudo, suas palavras e atos


são naturalmente traduzidos


como a expressão do governo e


servem para orientar os cida-


dãos, especialmente em mo-


mentos de grave crise como es-


ta que o País enfrenta, razão pe-


la qual sua insistência em tra-


tar como “fantasia” a pande-


mia de covid-19, na contramão


do resto do mundo e do bom


senso, pode causar imensos da-


nos ao Brasil.


Talvez por esse motivo te-


nhamos chegado à situação es-


drúxula em que as autoridades


envolvidas na contenção do ví-


rus em si e dos terríveis efeitos


derivados da pandemia não te-


nham dado pela falta de Bolso-


naro em suas reuniões.


Fosse presidente da Repúbli-


ca de fato, Bolsonaro teria parti-


cipado do encontro promovido


anteontem pelo presidente do


Supremo Tribunal Federal, mi-


nistro Dias Toffoli, para discu-


tir com os chefes dos demais


Poderes uma ação conjunta


contra a pandemia. Compare-


ceram os presidentes da Câma-


ra, Rodrigo Maia, e do Senado,


Davi Alcolumbre. O governo fe-


deral foi representado pelo mi-


nistro da Saúde, Luiz Henrique


Mandetta – que, por mais com-


petente que seja, não é o presi-


dente da República.


Do mesmo modo, se tivesse


a mínima noção de seu papel


institucional e da gravidade da


situação, Bolsonaro teria parti-


cipado da videoconferência rea-


lizada também anteontem en-


tre os chefes de Estado do Pro-


sul (Fórum para o Progresso e


Desenvolvimento da América


do Sul), destinada a coordenar


os esforços continentais no


combate à covid-19, com desta-


que para a sensível questão do


trânsito de pessoas. Sua ausên-


cia causou perplexidade. Em


seu nome, participou o chance-


ler Ernesto Araújo.


Na nota conjunta, os chefes


de Estado do Prosul manifesta-


ram preocupação com a “pro-


pagação vertiginosa” do vírus e


exortaram a adoção de medi-


das para fortalecer a coopera-


ção regional, com foco no bem-


estar dos cidadãos.


Bolsonaro nunca esteve preo-


cupado com o bem-estar dos ci-


dadãos do País que foi eleito pa-


ra governar, muito menos com


o bem-estar dos cidadãos dos


países vizinhos. Sua única preo-


cupação é com seus devaneios.


Em sua concepção, a “histeria”


com a pandemia “com certeza”


é fruto de “um interesse econô-


mico” de alguém ou de algum


país que ele não se deu ao traba-


lho de nomear; ou então resul-


ta de “luta pelo poder” no Bra-


sil, parte do que ele chamou de


“golpe”. Enquanto o mundo to-


do mobiliza energias para com-


bater a pandemia, inclusive


com a decretação de quarente-


na em países inteiros, Bolsona-


ro continua a dizer que tudo es-


tá sendo “superdimensionado”



  • e chegou ao cúmulo de criti-


car os governadores de Estado


que “tomaram medidas que


vão prejudicar muito a nossa


economia”, numa referência às


providências absolutamente


necessárias para limitar a circu-


lação de pessoas e, assim, con-


ter a propagação do vírus.


Na sua ânsia de desafiar as


instituições democráticas e a ra-


zão, Bolsonaro não se preocupa


nem mesmo em prestigiar seu


ministro da Saúde, que tem fei-


to até aqui um bom trabalho.


Ao contrário, fez questão de


menosprezar a recomendação


de Mandetta de evitar aglome-


rações, ao participar de uma


manifestação de apoiadores – e


ainda levou a tiracolo o diretor


da Agência Nacional de Vigilân-


cia Sanitária, Antonio Barra


Torres, que, como médico, cer-


tamente sabia que nem ele


nem o presidente deveriam es-


tar ali. Mas Torres parece ser


mais bolsonarista que médico,


e não seria surpresa se essa fide-


lidade fosse premiada com o


cargo hoje ocupado pelo minis-


tro Mandetta, que, inconvenien-


te, só está ali para trabalhar.


Um contrabando no pacote econômico


ANTONIO CARLOS PEREIRA / DIRETOR DE OPINIÃO

O mundo todo se


mobiliza contra a


covid-19, mas Jair


Bolsonaro...


Notas & Informações


Trono de chumbo


Putin pode se tornar um


anacrônico czar do


século 21, ditando os


rumos da Rússia até 2036


Cadeira vazia


lPandemia


Interesse público


No Direito há um princípio


chamado “supremacia do inte-


resse público sobre o privado”,


pelo qual o coletivo importa


mais que o individual. Neste


momento em que precisamos


de um estadista que assuma o


comando da Nação na luta con-


tra o coronavírus e as conse-


quências por ele geradas na


economia e na rotina das famí-


lias, deixando de lado as dispu-


tas políticas, o que vemos, infe-


lizmente, é nosso presidente,


em quem votei em 2018, desco-


nhecer esse princípio.


CELSO NEVES DACCA


[email protected]


SÃO PAULO


Caos


Desgraça pouca é bobagem. Na


companhia da covid-19 temos


rebeliões nos presídios, amea-


ças de atentados do PCC, bol-


sas no fundo do poço, dólar


nas alturas, desemprego, “sopa-


pos” entre governador e sena-


dor, desacertos entre os três


Poderes e o presidente da Re-


pública pouco preocupado


com a pandemia.


J. A. MULLER

[email protected]

AVARÉ

Antecipação do FGTS


Para mitigar a crise causada


pelo coronavírus o governo


poderia estudar a antecipação


da parcela de 2020 do FGTS


relativo ao saque aniversário


para os beneficiários de menor


renda e os acima de 60 anos.


MILTON CÓRDOVA JUNIOR

[email protected]

VICENTE PIRES (DF)

Tabela do IR


O governo quer ajudar o idoso,


o aposentado? Corrija a tabela


do Imposto de Renda (IR). Aju-


dará milhões de pessoas que


pagam indevidamente.


VITOR DE JESUS

[email protected]

SÃO PAULO

Antecipar restituições


Diante do grave quadro econô-


mico por causa do coronaví-


rus, o governo poderia ampliar


os benefícios às empresas


adiantando os pedidos destas


de restituição de impostos, pa-


ralisados há muitos anos.


ROGÉRIO ORSOLINI

[email protected]

VOTORANTIM

Reservas cambiais


Neste momento de crise, en-


tendo que o governo poderia


usar, sem custos adicionais,


uma parte das reservas cam-


biais, vaca sagrada do moneta-


rismo nacional, que nunca fo-


ram usadas em valor significati-


vo, sob o argumento de ser


uma reserva para momentos


de crise. Pois é, o momento


que atravessamos agora é de


crise! Com a pronta utilização


de parte de tais recursos, hoje


na casa dos US$ 360 bilhões,


ou cerca de R$ 1,8 trilhão, digo


10% ou 15% desse valor, o câm-


bio daria um refresco, cairia o


custo de manutenção dessas


reservas, hoje aplicadas a juros


negativos, e se proporcionaria


o dinheiro para fazer frente às


necessidades que este grave


momento impõe, sem que o


governo tenha de fazer malaba-


rismos fiscais nem abrir mão


de arrecadação.


JOAQUIM ANTONIO PEREIRA ALVES

[email protected]

SANTOS

Ônibus caros e sujos


Infectologistas afirmam que o


banheiro é o ambiente mais


infectado que existe, mas eles


não andam de ônibus em São


Paulo, que são bem piores. É


comum ver o piso, na parte


traseira, sujo de cerveja e pega-


joso por acomodar sacos enor-


mes de lixo. E também ver o


piso todo e os bancos molha-


dos pelo mau escoamento do


ar-condicionado, que, aliás, só


funciona em período frio, quan-


do não precisamos. Empresas


não lavam os ônibus por den-


tro, os canos estão sempre en-


sebados, o ambiente tem mau


odor. É por isso que pagamos...


FERNANDO ANDRADE

[email protected]

SÃO PAULO

‘Escassez de estadistas’


Plenamente de acordo com o


editorial do Estadão de 16/


(A3), cuja conclusão indica a


mediocridade como o grande e


resiliente inimigo do nosso


país, estagnado num patamar


que não condiz com a grandio-


sidade do Brasil. Nunca tive-


mos um Winston Churchill no


comando desta nação. Resta-


ram-nos políticos que, na me-


lhor das hipóteses, governa-


ram com objetivo de autopro-


moção para poderem permane-


cer desfrutando os privilégios


da classe política, bancada pelo


suor do rosto dos trabalhado-


res pagadores de impostos. Is-


so sem computar os ladrões do


erário, que surrupiaram o bem


público com consequências


funestas, especialmente para


os mais pobres, que acabam


morrendo nos corredores dos


nossos hospitais.


ANTONIO CARLOS GOMES DA SILVA

[email protected]

SÃO PAULO

lCollor e Dilma


Golpes baixos


Há 30 anos a então ministra


Zélia Cardoso de Mello anun-


ciava o congelamento dos re-


cursos bancários acima de 50


mil cruzados novos de todos


os brasileiros, como parte de


um plano econômico arrojado.


O plano foi um desastre – mui-


tas empresas quebraram –, a


sociedade acusou o soco no


estômago e o fato contribuiu


sobremaneira para o impeach-


ment de Fernando Collor. A


sociedade tampouco tolerou o


escândalo do petrolão, que es-


cancarou a corrupção sistêmi-


ca envolvendo o PT, várias


construtoras, a Petrobrás, e


pressionou de forma veemente


para apear Dilma Rousseff da


Presidência. Dois momentos


diferentes da recente História


do Brasil que demonstram co-


mo a opinião pública é capaz


de reagir a golpes baixos.


LUCIANO HARARY

[email protected]

SÃO PAULO

lPartidos políticos


Limite à proliferação


O problema, a meu ver, não é


tanto a criação de partidos po-


líticos, aliás garantida pela


Constituição (Limites aos parti-


dos, 16/3, A3). De nada adian-


tam leis e mais leis regulamen-


tando isso. Só uma, simples e


definitiva, basta: a que extinga


o Fundo Partidário e o fundo


eleitoral – os partidos que se-


jam sustentados por seus filia-


dos. De tanto bater nessa tecla,


quem sabe seremos ouvidos?


SANDRA MARIA GONÇALVES

[email protected]

SÃO PAULO

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