CRISTIANISMO SE APROPRIOU DE COMEMORAÇÕES PAGÃS REDAÇÃO AH
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NATAL
E
m dezembro, o clima de festividade impe-
rava. Muita comida, presentes e saudações
festivas eram trocados. Os votos, no entan-
to, não eram de “Feliz Natal”, e sim de “Io, Satur-
nália”. Antes que se falasse em Natal ou mesmo
de cristianismo, os romanos já celebravam um
feriado em que o espírito de generosidade e gra-
tidão eram o foco. A celebração, que homenage-
ava Saturno, deus das lavouras, ocorria dias antes
do solstício de inverno e início da época de novas
colheitas. No início, a data era comemorada só
em 17 de dezembro, mas com o passar dos sécu-
los as festividades foram estendidas até o dia 23.
O poeta Catulo descreveu a Saturnália, no
século 1, como “o melhor dos tempos”, enquan-
to o filósofo Sêneca deixou registrada sua recla-
mação de que na data “toda a plebe se deixa
levar pelos prazeres”. Durante o feriado, a ordem
social era invertida e os escravos podiam tirar
folga e usar as roupas coloridas de seus patrões,
que os serviam à mesa, e até mesmo jogar dados
- atividade permitida apenas aos homens livres.
Assim como Papai Noel, usavam um gorro para
simbolizar o status temporário de liberdade,
chamado de pileus.
Outro feriado, o festival de dies natalis solis
invicti, ou nascimento do sol invencível, também
era celebrado no dia 25 de dezembro. O feriado
teve origem no Oriente Médio, com o culto mo-
noteísta do deus-sol Mitra. Dizia-se que o deus
nascera nessa data, filho de uma virgem, desti-
nado a redimir a humanidade do mal. Ele mor-
reu, mas ressuscitou e prometeu salvação a seus
seguidores. Soa familiar? Desde sua introdução
em Roma, em 274, pelo imperador Aureliano, o
culto se tornou bastante popular, principalmen-
te entre os soldados.
A Saturnália, assim como o culto de Mitra,
foi comemorado mesmo na Era Cristã. No sé-
culo 4, acabou absorvida pela comemoração do
Natal, que manteve diversos elementos da cele-
bração, como a troca de presentes.
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