112 Deus é Soberano
sempre para baixo. Por quê? Porque, obedecendo à lei da
gravidade, seu próprio peso o leva para baixo. Imaginemos,
porém, que eu deseje que o livro fique um metro para cima.
Então, o que fazer? Preciso erguê-lo. Uma força externa
precisa fazê-lo subir. Essa é a relação entre o homem caído e
Deus. Enquanto o poder divino o sustenta, ele é impedido de
afundar cada vez mais no pecado; retirado esse poder, o
homem cai — seu próprio pecado (qual peso) o afunda. Deus
não o empurra para baixo, como eu também não empurrei o
livro para baixo. Removidas todas as restrições divinas, todo
homem seria capaz de tomar-se e se tomaria um Caim, um
Faraó, um Judas. Como, pois, pode o pecador subir em direção
aos céus? Por um ato de sua própria vontade? Não. Um poder
externo precisa dominá-lo, para então erguê-lo a cada
centímetro em sua subida. O pecador é livre, mas em uma só
direção — livre para cair, livre para pecar. É conforme afirma
a Palavra de Deus: “Porque, quando éreis escravos do pecado,
estáveis isentos em relação à justiça” (Rm 6.20). O pecador é
livre para praticar o que lhe apraz (exceto quando ele é refreado
por Deus), mas o seu prazer é cair no pecado.
Na primeira parte deste capítulo, insistimos em que é
de importância prática termos um conceito adequado a respeito
da natureza e da função da vontade. E mais, dissemos que
isso constitui um teste fundamental da ortodoxia teológica e
da firmeza doutrinária. Desejamos desenvolver mais essa
afirmativa, procurando demonstrar a sua exatidão. A questão
da liberdade ou da servidão da vontade foi a linha divisória
entre o agostinianismo e o pelagianismo, e, em tempos mais
recentes, entre o calvinismo e o arminianismo. Em resumo,
isso quer dizer que a diferença envolvida era a afirmação ou
a negação da total depravação do homem.
- A Incapacidade da Vontade Humana
Está ao alcance da vontade do homem aceitar ou