Valor Econômico (2020-03-26)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 20 da edição"26/03/2020 1a CAD A" ---- Impressapor ccassiano às 25/03/2020@21:31:


A2 (^0) |Valor|Quinta-feira, 26demarçode 2020
Especial
IMPACTOSDO
CORONAVÍRUS
EntrevistaParaex-BC,éprecisoalgumagarantiadoTesouroparabancosemprestaremapequenasempresaseautônomos
É crucial resolver risco de crédito, diz Ilan
CREDITO
IlanGoldfajn,ex-presidentedoBC:Maiordificuldadeé comofazer ajudachegar àspequenas e médiasempresase aostrabalhadores autônomos
SergioLamucci
DeSãoPaulo
Umadas medidas maisimpor-
tantes para enfrentar os efeitos da
crise do coronavírus éajudarpe-
quenas emédiasempresas eautô-
nomos, o que exigeresolvero pro-
blema do risco de crédito nos em-
préstimosaesses empresáriose
trabalhadores, diz o economista
Ilan Goldfajn. Ex-presidente do
BancoCentral(BC)ehojepresiden-
te do conselhodo CreditSuisse,
Ilan observaque, “se o bancoachar
que a empresaou a pessoa não vai
pagar”, não vai querer “ameaçara
suasaúdefinanceiraassumindoes-
se risco, dadaessa incertezatoda
queestamosvivendo”.
Nesse cenário, “de algum modo
nós vamoster que desenharum
mecanismoque não apenas dê li-
quidez, mas que resolva o risco de
crédito também”, afirma Ilan. “Al-
gumagarantiavaiterqueserdada,
que terá que virdo Tesouro, por
meiodealgumfundopúblicopara
absorverperdas que venham a
ocorreraolongodessesmeses.”
Na visão do economista, os ban-
cos públicos devem participar da
operação“domesmomodoqueos
bancos privados, dentro de um
programa coordenadopelo BC,
coordenado peloTesouro”. Para
Ilan,aliquidez será tratada pelo
BC, pelas linhas do BNDES. “Mas o
problemade crédito terá que ser
tratado atravésde algumagaran-
tia, vamoster que socializaressa
ajudaaos maisfrágeis nesse mo-
mento, inclusive pequenas emé-
dias empresasea utônomos”, diz
ele. A magnitude nóssaberemos
depois. Mas tem que garantirde
antemãoalgumaparte.”
Ao falar do impacto da crise so-
breaeconomiaglobal,Ilandizque
haveráumaforte quedadoPIB
mundial,quepodeserseguidapor
umarecuperação no segundose-
mestre. “Masessa voltanão épre-
determinada. Eventualmente va-
mosterarecuperação,masdepen-
de da efetividade dos governose
da sociedade nesseperíodo”, ad-
verte ele. Para oresultado do PIB
do Brasil em 2020, Ilanconsidera
muito difícil hoje ter uma proje-
ção confiável,dado que nãosesa-
be nemo tamanho do choque,
mas avalia que devehaver “uma
queda severa, histórica”. A seguir,
osprincipaistrechosdaentrevista.
Valor:O efeitodacrisedocoro-
navírus sobrea economiaglobalde-
ve ficarcircunscritoaoprimeirose-
mestreouexisteoriscodequeela
tambémcomprometa asegunda
metadedoano?
IlanGoldfajn:No começodoano,
apercepçãoainda era de que havia
uma desaceleração forte ocorrendo
na China, em função do vírus, mas o
Hemisfério Ocidental e o restodo
mundo ainda não tinhama noção
de que isso ia virar uma pandemiae
afetaromundotodo.Haviaimpacto
sobre commodities,já tinhaoefeito
da China,mas não havia essaideia
da desaceleração global.Àmedida
que foi ficando claroque ovírus
atingiuaEuropa primeiro emais re-
centemente os EUA e que a solução
para evitar o contágio éaquarente-
na, o isolamento,isso gera um custo
deprodutoemtodomundo.Comis-
so,seentendeque aquedade pro-
dutonomundovaiserumadasmais
intensas,maisseveras,quejáhouve.
Valor:E háumaperspectivade
quandovaiocorrera recuperação?
Ilan:Isso vai dependerde quão
rápidoseconsegueconterapropa-
gação do víruse suas consequên-
cias. Quantomais efetiva aquaren-
tena, maisrápido se consegue ul-
trapassaresseperíodo,eaíaecono-
miacomeçaavoltar.Mepareceque
na cabeça das autoridades no
mundo está umarecuperação da
economiaa partirdo terceirotri-
mestre (comsaída da quarentena
nosegundotrimestre),masissotu-
dosãoestimativas,projeçõessobre
odesconhecido. Aindanão se sabe
quantotempovailevarparaconter
o contágio e nemas suas conse-
quências.O que sabemosde fato é
oque está ocorrendona China, on-
de a atividadejá está começandoa
voltar,mas agoraserá impactada
peloresto do mundo.Por essa ra-
zão que se esperarecuperação glo-
bal a partirdo segundosemestre.
Mas, repito, essa voltanão é prede-
terminada. Eventualmentevamos
ter a recuperação,mas dependeda
efetividadedos governos e da so-
ciedadenesseperíodo.
Valor:O queé precisoserfeito?
Ilan:Épreciso preservaras em-
presaseas pessoas,de tal forma
que,quandohouverarecuperação,
ela possa ocorrerde modopleno.
Em linguagem econômica, nós te-
mos que tomarcuidadopara não
derrubar o produto potencialen-
quanto estivermos nesseperíodo
decombateaocontágioeàdoença.
É muitoimportantefazer todos os
esforços paranão ter consequên-
ciaspermanentes dessechoque,
quenóssabemossertransitório.
Valor:Comopodeocorreraque-
dadoprodutopotencial?
Ilan:Há três dimensões. Primei-
ro,se forem atingidas empresas
que são absolutamentesolventes,
mas que tiveram um choque de
rendamuito forteenão tinhama
liquidez suficientepara chegar lá.
O riscoé que empresas não consi-
gamsobreviverparapoderserecu-
perar assimque ademanda voltar,
quando voltar o comércio. Pessoas
também. Se você as coloca no de-
semprego, leva muito tempomais
tempoparavoltar.Hádificuldades
devolta,deretreinamento.Comis-
so,vocêtambémpodeperdercapi-
tal humano.Es em falar na dimen-
são humana. Há gente que vai pre-
cisardeajudaparasealimentar,
ter renda mínima, para literal-
mentesobreviver até quando
ocorrer avolta. Aúltimadimensão
édegoverno. Nós precisamoster
capacidade de tomartodasasati-
tudesnecessáriasnesseevento ex-
tremo, mas sem destruir as nossas
instituições. Nós vamosprecisar
delas lá na frente, para poder con-
tinuar a produzir,atrabalharea
tentarcrescer.
Valor:Essacriseé maisoumenos
gravedoquea de 2008?
Ilan:Toda crise vem de um ân-
gulo inesperado. Em 2008, não se
esperavaquehaveriaumacrisedas
hipotecas subprime [de alto risco],
uma crise financeira, no centro fi-
nanceiro mundial, ondeas coisas
estavam supostamente sólidas. Aí
se descobriram as fraquezas na-
quelemomento. Agora,todo
mundoestava olhando se havia
bolhas, se havia exageros no mer-
cadofinanceiro, se os bancos ti-
nhamcapital, se as empresas esta-
vam bem.O tempotodo havia essa
preocupação se haviaexageros, e a
crise veio de umadoença, de um
choquedeoferta,queestáfazendo
todomundoficaremcasa,sempo-
der sair para trabalhar, sem poder
sair para consumir, sem poder gi-
rar aeconomia.Éalgo completa-
mente inesperado.Se isso vai ser
mais forteounão do que acrise de
2008, dependede quanto tempoe
dependedanossareação.Eutenho
aimpressãohoje,olhandoessapa-
ralisação que nós estamos vendo,
que provavelmente nós vamos ul-
trapassar em termos de atividade
globalacrisede2008.
Valor:Masa voltapodesermais
rápidadoqueem2008?
Ilan:Aí dependede comonós
vamos reagir. Se houver nesse pe-
ríodouma quantidade de inadim-
plência, de dificuldades, coisas
que você vai ter que absorver de-
pois,vaisermaisdifícilvoltar.Você
já vai ter, no mundogeral, o au-
mentodadívida, de todomundo.
Enós sabemosque issovai ter que
ser pagode algum modopelasge-
raçõesfuturas. Temque ver como
vai se distribuirisso, se vai aumen-
tar imposto,se vai reduzirgastos
públicos, benefícios. Você pergun-
ta como vai ser a formada recupe-
ração, se vai ser um “V”maior ou
não. Isso dependede como nós va-
moslidar com as consequências
do que vamoster que resolver ho-
je. Se nós conseguirmos lidar bem,
a voltaserá maisrápida, e lidar
bemsignifica preservar ao máxi-
mo da economia para arecupera-
ção futuraeprotegerao máximo
aspessoaseasempresas.
Valor:Issoexigerespostas depo-
líticafiscale políticamonetária?
Ilan:Exigerespostas fiscaise
monetárias, mas de saúde,princi-
palmente.Comocontrolar aepi-
demia, quantosleitos serão neces-
sários, quantos respiradores, qual
éalogística, aquantidade de tes-
tes. Quanto mais eficientevocê for,
maisrápidoagente sai da crisee
sai do melhor modo. Esse éumla-
do. No lado fiscal,significa basica-
mente que nós vamoster que usar
os recursos do futuro para tentar
sobreviver ao presente. No lado
monetário, nós vamos ter que
mantera liquidez, mantero di-
nheiro circulando na economia,
paraqueaquelesquesãosolventes
não tenhamproblemas de liqui-
dezatéchegararecuperação.
Valor:OFed jogouos jurosa zero
e anunciouumplanoilimitadode
compradeativos.Osbancoscen-
traisestãoreagindodemodoade-
quado?E os governos?
Ilan:Eu não vejo as medidas
adotadas pelos bancos centraise
pelasautoridadesfiscaiscomome-
didas de estímuloimediato à de-
manda. Os juros foram azero não
porquese quer que o consumidor
saiaparacompraragoranarua.Es-
tão todosfechados, de quarente-
na.Oqueosbancoscentraiseapo-
líticafiscal podemfazer étentar
mitigar as consequências da que-
da da atividade pela oferta. O juro
vaiazeroparapermitirrolagemde
dívidas aum customenor,para
permitirque os bancos se sintam
mais confortáveis para rolar a dívi-
da de umaempresa, de um autô-
nomoqueprecisa se endividar.O
juro zero é apenas maisum ele-
mentodentrode um conjunto,
que é tãoimportantequantoas
medidaschamadasde afrouxa-
mentoquantitativo [QE, na sigla
em inglês], acomprados títulos
pelos BCs. Talvez essas medidas de
dar liquidez a títulos públicos, pri-
vados,debêntures, sejamtão ou
maisimportantesdo que o juro a
zero, porque é na liquidez que é
preciso agir para fazer a economia
ultrapassaresseperíodo.
Valor:Muitosanalistas—eé isso
queosr. tambémestádizendo—é
queé precisofazero dinheiroche-
gara pessoase empresas.Lá foraes-
tãoadotandomedidasnadireção
corretaparaenfrentaresseproble-
manaquarentena?
Ilan:Sim.Acho queestáindo na
direçãocerta.Adúvidaésevocêes-
tá fazendo, primeiro,dotamanho
certo e, segundo, se você está fo-
candonas pessoas certas.Você po-
de estar gastando muito dinheiro
com pessoasque na verdade iam
sobreviverde qualquerjeito,com
empresas sem problemas de liqui-
dez,eessedinheiroescassodeveria
ir maispara aquelesque vão ficar
com nada, com zero. Focar esaber
o tamanhovai ser muito impor-
tante.Eaíeuquerofazerumapon-
te com oBrasil. No Brasil, vocêpre-
cisa focar muito naquelesque vão
precisar enão tem poupança edi-
nheiro disponível paraum perío-
do mais longo, com gentecuja ati-
vidadevaiparalisarcompletamen-
te. Nós temos que ter muitocuida-
doemusarrecursosquenóstemos
parafocarnoqueprecisa.
Valor:Ogovernobrasileirotem
conhecimentoparachegaraosindi-
víduos maisnecessitadose àsem-
presascommaiornecessidadede
capital de gironesseperíodo?
Ilan:Nóstemos“knowhow”para
fazerprograma de compra de títu-
los, de redesconto,de liberarcom-
pulsórios, fazeroperaçõescompro-
missadas.A crise de 2008foi um
problemade liquidez. Nós sabemos
comolidar com isso. No âmbito dos
menos assistidos, temos a lista do
BolsaFamília.Tambémhá oCadas-
tro Único. Mal ou bem,nós temos
ideia de quemprecisará desses re-
cursos. Ondenós vamos ter mais di-
ficuldades é como chegar às peque-
nas emédias empresas,comonós
vamoschegaraosautônomos.Àsve-
zes é quemnão está no BolsaFamí-
lia, mas é um autônomo.Chegar às
pequenas emédiasempresas na
pontaéondeachoqueomundoestá
tentando avançar eéonde nós no
Brasil vamoster que focar. Uma coi-
sa édar liquidezaos mercados,títu-
los públicos e privados, às debêntu-
res. Mas se o bancoachar que a em-
presaouapessoanãovãopagar,que
vai ter riscode crédito, elenão vai
querer ameaçar asua saúdefinan-
ceiraassumindoesserisco,dadaessa
incertezatodaqueestamosvivendo.
De algum modonós vamos ter que
desenharum mecanismoque não
apenas dê liquidez, mas que resolva
oriscodecréditotambém.
Valor:O Tesouroassumiriaesserisco?
Ilan:Algumagarantiavai ter que
serdada,queteráquevirdoTesouro,
por meiode algumfundopúblico
para absorver perdasque venhama
ocorreraolongodessesmeses.

É preciso
preservar as
empresase as
pessoas,para
que,quando
houver a
retomada,ela
possaserplena”

Riscodecrédito
é lidarcomo fato
dequeempresas
vãoficaralguns
meses sem
ganhar e não
tercomopagar
a dívida’
Valor:Osbancospúblicossãoo
canal parafazeressecapitalde giro
chegaràs empresas?
Ilan:Os bancospúblicos deve-
riamparticipar do mesmo modo
que os bancos privados, dentrode
um programa coordenado pelo BC,
coordenado pelo Tesouro. As medi-
das de hoje [segunda-feira, injetan-
doR$1,2trilhãodeliquideznosiste-
mabancário]doBCestãonadireção
correta —inclusive há umaseção
chamada medidas a seremanuncia-
das, entreelas medidas para peque-
nasemédiasempresas.
Valor:Comofazero dinheiroche-
gara pequenase médiasempresas
vaiexigirumaengenhariacriativae
bemfeitaparaisso?
Ilan:Exatamente.Acreditoque
as medidas vão acalmar os merca-
dos, vamoslidarbem com o risco
de mercado. Mas vamos ter que li-
dar com orisco de créditona eco-
nomia.Riscodemercadoéaflutua-
ção dos preços dos títulos, éestabi-
lizar os mercados. Risco de crédito
élidar com o fatodeque empresas
vão ficar algunsmesessem ganhar
enãotercomopagaradívida.
Valor:DaíoTesouroou algumfun-
do públicoterãoquebancaresserisco?
Ilan:Aliquidez será tratadapelo
BC, pelaslinhasdo BNDES. Maso
problemadecréditoteráquesertra-
tado por meiode algumagarantia,
vamos ter que socializar essa ajuda
aos mais frágeis nesse momento, in-
clusivepequenasemédiasempresas
e autônomos.A magnitude nós sa-
beremosdepois.Mas tem que ga-
rantirdeantemãoalgumaparte.
Valor:Como CadastroÚnico,é
possívelchegaraosmaisnecessitados?
Ilan:Isso, juntocom o BolsaFa-
mília. Se vocêachar que é poucoo
valor, aí você aumentamais. Você
conseguecalibrar. Mas oautôno-
mo que não está nesse cadastro,
quetemumaloja,queéumambu-
lante,que vai ficar sem renda ne-
nhuma, e eu duvido que ele tenha
algumapoupançafinanceira,éne-
le queénecessário também che-
gar. Ele tem que ser capaz de ir a
umainstituiçãofinanceira eela
deveria estar confortável para con-
ceder esse crédito. Isso nós sabe-
mos que tem um risco de inadim-
plência.Esseriscoagentevaiterde
mitigardealgummodo.Nósainda
estamos na faseum. Acalmar mer-
cados, acalmar mercado de título
público, dar liquidez ao mercado
de títulosprivados. Tudo issoain-
da não está resolvido. Mas é uma
doençaconhecida, um problema
conhecido. Eu tenho a percepção
de que nós vamos resolver isso. É
umaquestãodedias,nãodesema-
nas. Mas vamos ter queavançar
nesseoutropontodocrédito.
Valor:OBCestáagindonadire-
çãocorreta?Osjurosestãobaixos
paraospadrões brasileiros,masa
taxaaindaestábemlongedosní-
veisdospaísesavançados,ondees-
tá emzeroouatéabaixodisso.
Ilan:O BC está agindo correta-
mente. Eu sei queneste momento,
em que há uma crise muitoaguda,
as opções não são boas, eas pes-
soas às vezes não têm a percepção
de que você está fazendo uma es-
colha entre o não muito bome o
ruim.Você escolheonãomuito
bom.Na política monetária,oBC
já reduziu os jurosna última reu-
nião e alimitaçãoqueele estáob-
servandoéquenós precisamos
que os jurosda Selic levem a uma
reduçãotambémdos juros ao lon-
go da curva. Isso não se faz apenas
com aredução imediata da Selic.
Não adianta reduzir agressiva-
menteaSelic,seissoforlevaraper-
cepçãodejurosmaioresaindanes-
te ano. Você tem que induzir, na
medida do possível, que toda a
curva vai cair. A atuação do BC tem
que considerar oimpacto nas con-
diçõesfinanceiras, no câmbio, nas
taxasde juros que afetam a rola-
gemdas dívidas das empresas e
pessoasnospróximosmeses.
Valor:O senhorgostoudasmedi-
dasanunciadaspeloBC?
Ilan:Achoque estão na direção
certa. Tem sempreque calibraro
tamanho, comovai ser a imple-
mentação, se estãofuncionando,
masestãoindonadireçãocerta.
Valor:Asprojeçõesparaaecono-
miabrasileiraestãoemquedalivre.
Umarecessãonoprimeirosemestreé
inevitável?E o PIBvaicairnesteano?
Ilan:Acho que oprimeiro e o se-
gundo trimestres vão ter números
negativos. Mas oterceiro e oquarto
trimestresdevem ser positivos, mas
aindatem muita incerteza. Aques-
tão éotamanhoda quedaque va-
mosobservarnospróximosmeses.
Valor:Háquemfaleemquedado
PIBde 3%nesteano. É razoável?
Ilan:É muitodifícil ter uma
projeção hoje confiável, dado
que não se sabe nem otamanho
do choqueainda,mas o PIB deve
terumaquedasevera,histórica.
Valor:O senhordissequeo BCes-
tá indonadireçãocorreta.Eas me-
didasdoMinistériodaEconomia?
Ilan:Eles estão tentando olhar
os menos assistidos,que éaq ues-
tão do Bolsa Família, esse dinheiro
quevocêtemqueentregarnamão.
Precisater uma legislaçãoque lide
com omercado de trabalho, que
ainda está em andamento. Ao
mesmotempoem queprecisater
flexibilidade para as empresas,
precisa de rendaparaos necessita-
dos. Nós vamos precisar de crédi-
tos extraordinários. Isso significa
que nós vamos precisar ter um dé-
ficitrazoável nesteano, mas isso
nãopodedesfazeracapacidadede
financiamentofutura.
Valor:Fazergastostemporários,e
nãoaumentá-losde modopermanente?
Ilan:Issoéumponto.Osegundoé
não acabar com onosso arcabouço.
Não há necessidadenenhumaque
em2021,2022,2023,nãotenhaote-
todegastos,queéoquegaranteofi-
nanciamentofuturo. Você tem défi-
citnesteanoemantémoarcabouço,
para poderfinanciar odéficit do fu-
turo.Éprecisode medidas extraor-
dináriasnopresente, mas épreciso
terinstituiçõesfortesnasaída.
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