JornalValor--- Página 2 da edição"26/03/20201a CADB" ---- Impressa por rcalheirosàs 25/03/2020@19:03:24
B2|Valor| Quinta-feira, 26demarçode 2020
Empresas
|
Carreira
Gestão decaixa e deemoções contra o “inimigoinvisível”
Rumocerto
BetaniaTanure
Q
ueminspirouesse
títulodoartigofoi
umamigoecolega
deconselhode
administração,
AntonioKandir,quedurante
umaconversa,usandoasua
capacidadedesíntese,assimo
nomeou:Gestãodecaixa(eleé
craquenisso)egestãodas
emoções(meucampodeação
profissional).
Quedesafioestamosvivendo.
Emváriosníveis:individual,
empresarialedesociedade.
Inimigoinvisível,ocoronavírus
fazcomqueaspessoassintama
possibilidade—atéentão
tambéminvisível—demorte,o
quegeraummedoirracionale
pânicogeral.Aúnicaalternativa
nestemomentode“guerra” éa
liderançaassumiroseupapel.
Baixaratemperatura,apoiar,
mastambémdirecionar
inequivocamenteasações,juntar
forçasemvezdecriticarooutroe
chamartodosparacolaborar.
Agir rápido, acertare, no
caso de erro, que ocorrerá,não
se martirizar. Nessemomento
dramático, líderesemergem,
outrosse consolidame vários
desaparecem.Por tudoisso, é
precisofalar em saúde—não
apenasdos indivíduose das
famílias, mas das empresas,
instituiçõese do própriopaís.
Nas empresas,a ausênciada
boa saúdepsíquicaleva
executivosa decidirem por
impulso, pondoà provaa
essênciada históriapessoale
empresarial.Importantenão
ignorarque as decisõese as
açõespraticadasnos
momentos de crise revelamos
verdadeiros valorese o real
propósitoda empresa,que
muitasvezesnão coincidem
com aquelesdeclarados.Falar
que as pessoassão “nosso
maiorativo”éfácilem tempos
de bonança.Vamos ver agora!
Emumaorganizaçãodoente,
aspessoasolhamapenasparasi
mesmasousãopaternalistas
demais,nãolevandoemconta
obemcomum,adisciplinade
implementação,oentusiasmoe
oorgulhopelaempresa.
Delegamparacimae,sealgodá
errado,oproblemaédooutro.
Opânicofazcortar,cortar,
cortar,ignora-seacentralidade
noclientee,diantedebaixos
resultados,aindaculpamo
outro.Sevocêquersuaempresa
saudável,façaagestãodas
emoções,tantoasindividuais
quantoasorganizacionais,para
quenessacriseelatenhafoco,
tenhaamelhorestabilidade,
consigaserenarasemoçõesdos
seuscolaboradoresefortaleça
os“músculos”decolaboração,
podendodistinguiroqueé
essencialdoqueésuperficial.
Agestãodecaixatema
mesmaprioridade.Em
momentosdecrise,nãose
sobrevivesemcaixa.Porém,não
adiantacortarcustosde
qualquermaneira:garantira
sobrevivêncianocurtoprazoé
inegociável,masatenção:
lembre-sedequecortesgeram
consequências.Busque,
portanto,identificarosmenos
danosos,tantoemnível
empresarial,organizacionalou
individual.Alémdomais,
aprendaanãoengordar.
Asempresasbem-sucedidas
engordammaisfacilmente.
Mas,paratersucesso,épreciso
seragridoce:cortarerenovar,
sempreeaomesmotempo.É
esseoequilíbrioquevocê,líder,
precisater,implementando, ao
mesmotempo,açõesque
administremasemoções(as
suas,inclusive)eocaixa.
Atente-seàsaprendizagens
trazidaspelasdoresdacrise.
Essealertavaleparaas
empresas,masvaletambém
parasuavidapessoal.Que
tenhamoscompetênciapara
sairdessaguerramaisfortese
comvaloresessenciais
renovadosefortalecidos.
BetaniaTa nureé doutora, professora e
consultora daBTA
Vaivém
StelaCampos
AstraZeneca
AAstraZenecatem novosexe-
cutivos.CarmenMaríaEduardo
vai liderara áreade produtos
clássicos.E Olavo Corrêacoman-
daráasoperaçõescomerciais.
Merck
TaisRamadanéanovadiretora
de acessoao mercado, preços,re-
lacionamento com governo e
vendasinstitucionais paraespe-
cialidadesdaMerck.
Afya
RicardoMatoséonovoCIO da
Afya Educacional. Ele já atuouna
Kroton(atualCogna)eMRV.
E-mail:[email protected]
valor.com.br
Acompanhea movimentação de
executivostambémnosite
http://www.valor.com.br/carreira
Cursos gratuitos incentivam quarentena produtiva
DeSãoPaulo
No momento de isolamento
social e de quarentena imposta
pelo coronavírusno país, univer-
sidadeseescolas de negócios
ampliaramoacessoaconteúdos
on-line. Considerandodez insti-
tuições brasileiras, há disponível
atualmentecercade 300 cursos
gratuitos,que abrangemensina-
mentosde gestãoaconhecimen-
tostécnicosdeprogramação.
A USP disponibilizou17 cur-
sos gratuitosparaquemdeseja
“impulsionara carreira”ea PUC-
PR liberouquatroprogramaspa-
ra as pessoas“aproveitaremde
formaprodutivaoperíodo de
isolamento domiciliar”. Analista
de BI em uma seguradora,Felipe
AlencarCavalcante,30,diz que o
homeofficeopermitiu realizar
cursosque não conseguia antes
porfaltadetempo.
“Aproveitoas horasque costu-
mo gastarno trânsito”, afirma.
Ele já participou de um cursode
40 horasna FIAP sobresua área e
diz que nas próximassemanas
vai se dedicara aprenderpython
e conhecimentos na análise e vi-
sualizaçãode dados.A professo-
ra JulianaCunha Vidal,33, acre-
dita que “é importantecultivar
momentos produtivos mesmo
com todosos problemasque en-
frentamos”.No últimosábado,
ela fez um cursosobreferramen-
tas no LinkedIn,paraimpulsio-
narseunetworking.
“Estou fazendohome office e
ainda tenho doiscursos on-line na
fila, fora as atividades da minha
pós-graduação on-line”, afirma.
Há também profissionais desem-
pregadosque têmaproveitadoa
oferta on-line gratuita para me-
lhorarocurrículoe,assim,aumen-
tar as chances de recolocação.
Aryane Magalhães,31, éanalista
de gestão ambiental, e realiza um
cursode aperfeiçoamento em Au-
tocad, aulas paraaprimoraro in-
glêseaprenderofrancês.
“Estamos passando por um
momento delicadoem nossasvi-
das, com mudançade rotina,ins-
tabilidade e desemprego.Uma
dasformasqueviparaaproveitar
essetempodamelhormaneira
possívelfoiestudando”,diz.
NaavaliaçãodaconsultoraSofia
Esteves, fundadora do grupoCia
de Talentos, a respeito de comoes-
ses cursos podemser aproveita-
dos, é preciso levar em considera-
ção as diferentes situações de pro-
fissionais no país. “Há aquelesque
precisam continuar trabalhando
presencialmente em hospitais,
mercados, plataformas e funções
essenciais. Ehá quemestejaem ca-
sa, seja porque aempresa instituiu
o trabalho remoto, seja porque foi
colocadoem férias ou em licença
nãoremunerada”, dizSofia.
Para quemestá em casa, ela in-
dica que dedicar um tempolivre
a cursose aum novoaprendiza-
do,ligadoou não àárea de atua-
ção, épositivoparaa carreira.
Antesde tudo, porém,épreciso
organizaronovocontextodetra-
balhoem homeoffice,que pres-
supõeadaptaçõespara viveriso-
lado com afamíliaepara ter foco
dianteda ansiedadee angústia
queasituaçãoatualpodegerar.
A pressão por uma“quarente-
na produtiva”suscitou críticas
nas redes sociais. Head de marke-
ting da agência impulso,Roberta
Martins, autora de um post que
gerou repercussãono LinkedIn,
defendeu que as pessoas não de-
vem cair na armadilha de se com-
parar nessa hora ese sentir obri-
gadas a “ler todos os livros e fazer
os milhõesde cursosdisponí-
veis”. “Pareceexistir uma pressão
socialparaqueonossotempoem
casa, para muitos algoimposto,
precise ser produtivo. Mas as
muitaspessoas precisam, antes
de tudo, ficar beme aprender a
trabalharemhomeoffice”.
Ela diz que trabalharemotahá
umanoelevouváriosmesespara
se adaptar. “Essamudança por si
só tem um impactoemocional
grandee, alémde aprendera co-
mo trabalharem outroformato,
precisamos ressignificaranossa
convivênciacomosoutros”.
Especialistaem burnout e PhD
em medicina comportamental
da Unifesp,RicardoMonezi, ana-
lisaqueoserhumanolevaaté
quinzedias para acomodaroseu
comportamento, em termos psí-
quicos e fisiológicos,diantea
uma situação completamente
nova.“Todamudançabrusca,por
si, já geraansiedade e estresse.
Mas, com essa crisedo coronaví-
rus, fomosexpostosmuitorápi-
doaumanovarealidade”, diz.
Nessecontexto,Monezisugere
que os profissionais priorizem
inicialmente as açõesnecessárias
parasesentirembemcomanova
rotina.Depois, com o melhorge-
renciamento do tempoeacons-
ciênciasobrecomoagirnesteno-
vo cenário, os profissionaispo-
demavaliarsehátempo,vontade
e condições parase comprome-
teremcom um novocurso.“Tem
gentequeestáfazendomatrícula
em 5,6 cursosao mesmotempo.
O que podeocorrerno médioe
longoprazo?Essa pessoaentrar
emestadodesobrecarga.Épreci-
sotercuidado”, diz.(BB)
EducaçãoInstituiçõesfechamasportasecorrempara
prepararprofessoreseconteúdosparaensinoadistância
Escola de negócios
adaptam cursos para
novos formatos on-line
Queiroz, daFIA, dizqueconvertercursospara o on-linefoi umaoperaçãodeguerra
DIVULGAÇÃO
Barbara Bigarelli
DeSãoPaulo
Nas últimas duas semanas,
executivosdas principais escolas
de negóciosbrasileiras se debru-
çaramsobreatarefade adaptar
em poucos dias cursos,ampliar
licençasde programas remotos,
treinar professorese organizar
webinarsparasubstituiras pa-
lestras quecostumam ocorrer
diariamentenoscampi.
Em outraponta,grande parte
delas, liberouoacessoaconteú-
dos paranão alunos,olhando
um públicoque podeou quer
usaraquarentenaparasequalifi-
car. O maiordesafio, dizemos di-
retores entrevistados,foi arapi-
dezcomquetudoprecisouseral-
terado. “Montamos umasala de
guerrae convertemos radical-
menteoconteúdopara oEAD”,
diz MaurícioJucá de Queiroz,di-
retorgeraldaFIA.
Dos 110 cursos atuais, que
abrangemgraduação, pós gra-
duação, MBAe especializações,a
escola avaliouque 80 podemser
transmitidos on-line. E seguirão
nesteformato, ao menosaté o
fim de maio.AFIA estimaque a
quarentenasejaestendidaatées-
se período. “Nossopior cenárioé
fim de junho”. Na escola, a estra-
tégiaadotadafoi transmitiras
aulas “ao vivo”, no mesmohorá-
rioprevistonoprogramapresen-
cial. É uma forma,segundo Quei-
roz, de mitigara perdade intera-
çãoqueocampustraz.
Na sede da SaintPaul, em São
Paulo, ninguém maiscirculades-
de oiníciodessasemana.O cam-
pus deve permanecer fechado
até a segunda quinzenade maio,
data preliminar trabalhadapela
escola. Nessemomento, ainsti-
tuição abriusua plataforma on-
linedeconteúdo,oLIT,paraopú-
blicogeral por 30 dias epara os
alunos que tiveramalgumcurso
cominíciopostergado.
Aspós-graduaçõeseMBAsque
começariam em março foram
adaptadas. A estratégia, segundo
Bruna Losada, vice-reitora, foi
anteciparos módulos adistância
que a gradedessesprogramas de
longa duração previam.“Nestes
casos,ninguémestá substituin-
do o presencialpelo on-line. Nós
revimos metodologiaspara,nes-
sa situaçãode emergência,reali-
zar opresencialde formaremo-
ta”. Nessaadaptação, os profes-
soresreceberamtrêstreinamen-
tos que incluíramcomoadaptar
o conteúdo, umasimulaçãode
aula com acoordenação e o
aprendizado do uso de platafor-
masparaaaulaaovivo.
Amaioriadas escolasentrevis-
tasseinspiranaestratégiadeins-
tituições internacionais e está
utilizandooZoom.AFGVdizque
escolheu a plataforma de vídeos
porque ela viabilizaa metodolo-
gia (SNOC- Small Network Onli-
ne Course). Osistemareúnealu-
nos em pequenosgrupos, nos
quais os professoresconduzem
as aulascruzandoteoriae leitu-
ras orientadas,comdiscussões
dos temas.“Ao adotaressa meto-
dologia,buscamos não apenas
superar as limitaçõesde mobili-
dadeimpostas pela crisedo Co-
vid-19, mas aproveitarparaque
alunos desenvolvamcompetên-
cias digitaise de trabalho em ti-
mes virtuais”,diz ainstituição,
que optoupor deixaroconteúdo
disponibilizadono pós-aula. A
FGV tambémdivulgou, nessepe-
ríodode quarentena,55 cursos
gratuitosparaopúblicogeral.
NaFundaçãoDomCabral,os
cursosde curtaduração, que ti-
nhamainteração presencialco-
mo principalpilar, foramposter-
gadosparao segundo semestre.
Em relação aos programas exe-
cutivos de maiorduração, afun-
daçãodiz ter dadoa opçãoaos
alunos: quemquerfazeron-line
agoraou quemgostaria de ter a
experiência presencial depois.
“Tem alunoque nem desejacur-
sar on-lineagora”, diz Aldemir
Drummond,vice-presidenteexe-
cutivodaFDC.
Aos que desejamtê-lanesse
momento, a fundaçãopreparou
professoresdurante a semana
passada,treinando-ospara o uso
doZoomegravandoaulasemes-
túdio.Externamente, aFDC en-
viouno início da crise um ma-
nualde gestão de criseà peque-
nas e médiasempresaselançou
umasérie de webinarssobreos
desafios enfrentadosnas corpo-
rações atualmente,comotraba-
lho remoto.Ademirdiz que a
FDCtambémparticipadediscus-
sõesemgruposdo WhatsApp
com lideranças do Nordestepara
auxiliaratomadadedecisõesdu-
ranteaevoluçãodo coronavírus.
“No começo, aprincipaldúvida
dos executivos era quaisações
emergenciais tomariam.Agora,
discutemcomo podem manter o
compromisso comcolaborado-
res, clientesecredorescaso asi-
tuaçãoseprolonguepormeses”.
OInsper suspendeu cursospre-
senciais de educação executiva e
estáavaliandoumapossíveltransi-
ção ao ambiente on-line. Os cursos
de graduação e pós-graduação es-
tãoacontecendoremotamente.
Na visão das escolas, as ações to-
madas agora para manter grande
parte dos cursos em andamento
irá mudaraforma comovão ope-
rar apósa crise. A FIA diz que
aprendeuatomar decisõesauma
velocidademuito mais rápida, en-
quantoaSaintPauldizqueaexpe-
riência trouxe aoportunidade de
revercomo ser maiseficiente em
todososprocessosinstitucionais.
Consultorias
recrutam
temporários
paraa saúde
StelaCampos
DeSãoPaulo
Oaumento na demanda por
profissionais técnicos das áreasde
saúde e varejo por conta do coro-
navírus está movimentandoas
empresasquetrabalhamcomore-
crutamentodetrabalhadorestem-
porários para grandes rede de su-
permercados, farmácias, laborató-
rios e hospitais. Em umagrande
fornecedora de mão de obratem-
porária o aumento pela procura
esta semana foi de 20%. Enquanto
isso,aindústriaestá dispensando
antecipadamente boa parte do
contingente que estava emprega-
doportempodeterminado.
Na Hays, o aumento dos pedidos
de hospitais por profissionaistécni-
cos temporários comoenfermeiros,
temfeitoaconsultoriadeslocarcon-
sultores de outras áreas para refor-
çaraequipeque faz omapeamento
desses candidatos. “Estamosapro-
veitando quemtem networking na
área de ciências da vida para ir atrás
dessamãodeobraoperacional”, dis-
se aoValorRaphaelFalcão, diretor
da Hays no Brasil. Esse reforço se de-
ve tambémà pressão no prazo de
entrega dos candidatos, que chegaa
serde24horas.
OHospital Israelita Albert Eins-
tein divulgou notaesta semana
que vai contratar 1.426 profissio-
nais em São Paulo. Serão509 para
ohospital de campanha que está
sendo erguido no estádio do Pa-
caembu e 195 paraunidades de
parcerias públicas eor estante pa-
ra serviços hospitalares. Ele dispo-
nibilizouumlinkparainscrições.
NaRandstad,oCEOFábioBatta-
glia dizque também estálidando
com a demanda dos hospitaispor
mãode obra especializada como
assistentes de enfermagem. “Esta-
mos com centenas de vagas”, disse
aoValor. A recrutadora identifi-
cou um aumentode 20% nessa
procuraestasemana.
Já no varejo, a procura por fun-
cionários temporários,segundo
Battaglia, está atingindo os mes-
mos patamaresde períodos atípi-
coscomoBlackFridayeNatal.“Das
6 mil vagas que a empresa já tinha,
houveumacréscimode 3mil”,
afirma.Asgrandesredesvarejistas,
segundo ele, tanto de supermerca-
dos como as de farmácias, estão
tendoque reforçar os postosde
venda,com caixas epessoal de es-
toque. Em compensação, aindús-
tria tem mandadoos temporários
embora. Ele diz que não épossível
aproveitar esse pessoalno varejo
porque são perfis diferentes.Os
contratosforam suspensosaté o
segundo trimestre e não há previ-
sãoderecontratação,segundoele.
AHaysesperaqueacrisedocoro-
navírus ajude a impulsionaronegó-
cio de temporários no Brasil. “Hoje
já totaliza 20%, mas isso devese
acentuar”, diz o CEO Raphael Falcão.
Atualmente,essetipodeserviçocor-
respondea 60% do negócio global
dogrupo,presenteem27países.
IMPACTOSDO
CORONAVÍRUS
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