O Estado de São Paulo (2020-03-28)

(Antfer) #1

Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.


TECNOLOGIA


Pneus: muito


além da roda


A importância e a manutenção desses itens que cumprem várias


funções no veículo. A segurança é a principal delas


Por Patrícia Rodrigues


N


ão é exagero dizer que os pneus


estão entre os itens mais impor-


tantes para a segurança do mo-


torista e dos passageiros. Afi nal, são os


únicos pontos do veículo em contato di-


reto com o solo, suportam toda a carga


do automóvel e absorvem os impactos


do terreno. Eles também infl uenciam no


comportamento dinâmico de um carro


e, ao contrário do que muita gente pen-


sa, são eles que param o veículo (e não


os freios, que param as rodas). São res-


ponsáveis, ainda, pelo desempenho do


veículo e pela economia.


SEGURANÇA PARA AS CRIANÇAS


Quem roda muito sabe tudo isso na


prática, como Raquel Sanches Gran-


ja, motorista de transporte escolar há


23 anos. “É uma tarefa de imensa res-


ponsabilidade e, por isso, a manuten-


ção tem de ser a nossa melhor amiga


para garantir a segurança das crianças


e o meu instrumento de trabalho sem-


pre nas melhores condições”, enfatiza


(veja depoimento completo da Raquel


na página ao lado).


Veículos que fazem paradas fre-


quentes para embarque e desembar-


que estão mais sujeitos a choques


contra o meio-fi o, que, assim como os


buracos, danifi cam os pneus. Para es-


ses, a calibragem semanal é essencial,


preferencialmente com os pneus frios



  • inclusive o do estepe.


“A pressão correta contribui para a


segurança, para o aumento da vida útil


do pneu e para a economia de com-


bustível, um dos itens de maior im-


portância para quem tem um negócio


no segmento de transporte e percorre


grandes quilometragens diariamente”,


alerta Rafael Astolfi , gerente de assis-


tência técnica da Continental.


Para ter uma ideia, um pneu com


3,0 psi (ou libras) de pressão abaixo


da recomendada vai aumentar em até


2% o consumo de combustível – se


uma van percorrer 30 mil quilômetros


em um ano com calibragem abaixo da


recomendada, chega a desperdiçar


um tanque de 55 litros.


MANUTENÇÃO É TUDO — MESMO!


“As boas condições dos pneus pro-


porcionam o aproveitamento total


dos sistemas de suspensão, trans-


missão, tração, direção e frenagem”,


explica Roberto Ayala, supervisor de


engenharia de vendas da Bridgesto-


ne, a maior empresa de borracha e


pneus do mundo e com produtos em


mais de 150 países.


Além disso, a manutenção preven-


tiva do veículo impacta nos pneus,


uma vez que amortecedores, mo-


las, freios, rolamentos, eixos e rodas


atuam diretamente sobre eles. O


balanceamento, alinhamento e ro-


dízio são fundamentais para que os


veículos rodem sem trepidações ou


desvios involuntários. Rodas desba-


lanceadas danificam os pneus, com-


prometem a sua vida útil, os compo-


nentes da suspensão, o dinamismo


do carro e o conforto dos ocupantes.


“É preciso alinhar a suspensão e ba-


lancear os pneus sempre que o veí-


culo sofrer impactos fortes, na troca


de pneus, quando eles apresentarem


desgastes irregulares, ao serem subs-


tituídos componentes da suspensão,


quando o veículo estiver ‘puxando’


para um lado ou a cada 10 mil quilô-


metros”, reforça Ayala.


DURABILIDADE E VIDA ÚTIL


No entanto, o estilo de direção do


motorista, a velocidade, as freadas


fortes e mudanças bruscas de direção


afetam diretamente a durabilidade e


a vida útil desses itens, assim como o


excesso peso, que compromete a es-


trutura do pneu e aumenta o risco de


danos ou de alterações estruturais.


A Pirelli, especializada exclusiva-


mente em pneus para carros, motos


e bicicletas e fornecedora exclusiva


do Campeonato Mundial de Fórmula


1, tem entre seus mandamentos a ve-


rifi cação também do lado interno do


pneu (o que fi ca para dentro do veícu-


lo), especialmente após impactos e/ou


identifi cação de desgastes irregulares.


E, no caso do aparecimento de uma


bolha em qualquer uma das laterais,


a troca deve ser imediata. Outro alerta


dos especialistas é evitar estacionar


sobre manchas de óleo, pois o conta-


to do pneu com derivados de petróleo


ou solventes ataca a borracha, fazen-


do com que ela perca suas proprieda-


des físico-químicas e mecânicas.


MOTOS: CUIDADOS REDOBRADOS


De acordo com a Associação Nacional


da Indústria de Pneumáticos (Anip), em


janeiro, as vendas de pneus para motos


apresentaram alta de 3,3% para o mer-


cado de reposição, quando compara-


das ao mesmo período do ano passa-


do. “Motos têm se tornado uma opção


de transporte muito relevante para o


brasileiro: questão de renda e econo-


mia, pelo custo do transporte público,


ganho de tempo, fugir do trânsito em


grandes centros, aumento de seu uso


especialmente no Norte e Nordeste, em


detrimento de outros modais e, há al-


gum tempo, pelo crescimento das em-


presas de logística e aplicativos que fa-


zem das motos o seu principal veículo


para entregas, especialmente entre os


mais jovens”, avalia Klaus Curt Müller,


presidente da associação.


No caso das motos, o cuidado com


os pneus exige atenção dobrada ou


triplicada. “Qualquer acidente cos-


tuma ser bem mais grave ou fatal. A


motocicleta não permite falhas dos


pneus, pois qualquer redução de per-


formance desses itens ameaça todo


o sistema do veículo e a vida do mo-


tociclista”, explica. O primeiro ponto


para a segurança é não utilizar pneus


reformados/remoldados, prática proi-


bida por lei desde 2004. “As carcaças


desses pneus não foram projetadas


para reformas e qualquer mudança


representa perigo de vida”, alerta. “É


preciso saber há quanto tempo o pneu


está em uso e fazer a verifi cação visual


para detectar desgastes irregulares,


existência de bolhas, fi ssuras, racha-


duras por ressecamento, coisas que,


em geral, todos os condutores estão


aptos a realizar.”


A Reciclanip,


entidade


criada pelos


fabricantes


para a coleta


de pneus


inservíveis,


destinou


em 2019


471.124


toneladas


de pneus


inservíveis


Desse total,


60,8%


foram para


cimenteiras,


20,7%


se


transformaram


em pisos,


13%


para


laminação e


7,3%


para siderurgia


4


Para ler e


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digital, acesse:


São Paulo,


28 de março


de 2020


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