não de farda, em pijama, com um ursinho estampado a brincar com uma bola já um
bocado diluído no peito, os restantes tropas de pijama também, cada qual com o seu
ursinho e a sua bola, despenteados, descalços, de pistola de plástico e metralhadoras
de brinquedo que os obrigavam a imitar os disparos com a boca ou fingindo cortar as
orelhas uns dos outros com punhais de plástico, um deles começou a lamentar-se por
lhe faltar uma perna
- Quando o meu avô souber mata-se quando o meu avô souber mata-se
apesar do avô a acalmá-lo - Descansa que a perna cresce outra vez
o candeeiro do teto zumbia como um helicóptero lá em cima, em círculos sobre as
copas das cômodas, o doutor do hospital preocupado - Acabem com isso antes que alguém se magoe
e de vez em quando, de fato, alguém de cara no soalho a anunciar - Morri
de olhos fechados e mãos cruzadas no peito, a prima do meu pai que cuidava do
jazigo - Tantos defuntos hoje
com uma raposa a espreitá-la na orla da serra e as primeiras mimosas à espera de
março, o oficial de operações a apontar uma menina de tranças enquanto procurava
cigarros no bolso - Fechem a prisioneira no armazém que mal a guerra acabar daqui a meia hora vou
lá
a poisar-lhe um pé no caixote, a levantar-lhe o vestido, a tocar no que nenhum de
nós via a - Quieta
a procurar-se a si mesmo de pernas afastadas, a mulher do meu filho para a dona da
loja, curiosa - O que quer esse parvo?
os falcões da serra suspensos sobre nós vigiando as capoeiras, equilibrados no vento,
havia um empalhado na farmácia, sobre os xaropes da tosse, que cheirava a cobertor
bolorento, de unhas num pedaço de ramo envernizado, o cabo da bazuca antes de
disparar - Não está ninguém atrás?
e a antiga casa do chefe de posto com os turras lá dentro a cair devagar, vi um deles
de joelhos, um colega de gatas, já cego, a avançar para nós, um impulso, dois impulsos
e o peito no chão, a minha mulher para mim - Vais cair do sofá?
porque o meu corpo a escorregar de banda ao longo da almofada sem que me desse
conta, deu o meu filho a segurar-me - Aguente-se
pareceu-me que depois da conversa com a irmã menos próximo de mim, olhando o
porco que não parava de comer de uma maneira diferente, quase como se o odiasse ele
que às vezes me parecia ter pena do animal tanto quanto um preto tem pena seja do
que for, a procurar a artéria do pescoço melhor para a faca, que sangrava mais, que