à medida que o postigo mais claro e uma mulher de raízes do cabelo grisalhas e a
seguir ao grisalho loira, com algumas unhas ainda com restos de vermelho, a do polegar
comida logo a seguir ao sabugo e não cheiro a perfume, cheiro a azeite de açorda
- Trazes dinheiro preto?
cheiro a filho pequeno, cheiro a lodo de enguias do Tejo, com os olhos aumentados
por um resto de lápis barato que a primeira lágrima, saída ao bocejar por exemplo visto
que a partir dos trinta não comandamos essas minúcias, levará consigo - Trazes dinheiro preto?
e a minha irmã já lá fora no quintal, se calhar caminhou toda a noite na aldeia, subiu
ao cemitério, subiu à ermida, demorou-se no largo, é impossível que não saibas da mãe
mana, é impossível que o nosso alferes - Este é meu
não te tenha contado, o nosso alferes - Tu
e a esposa a olhá-lo de longe - Desculpa
enquanto as pedras continuavam a espalhar-se e roíam, roíam, o forno liga-se aqui,
o isqueiro do esquentador neste botão percebes, o frasco das feridas diz Álcool mas é
Água Oxigenada não esqueças, tens mesmo a certeza que não queres que eu ponha
outro rótulo, tantas explicações coitada, tanto medo que eu, como será estar sozinho a
pensar em ti, tardes inteiras à espera que o capitão - Saímos amanhã
a fumar em pé ao meu lado de olhos chana fora com uma carta da Metrópole na mão - Quando é que isto acaba?
a minha irmã perto das couves da horta a sorrir calada e não um sorriso, outra
expressão, sempre outra expressão com ela, Sua Excelência acordada a olhar-me
coçando as costas com dedos pensativos - Que horas serão?
aposto que também com o Filipe na ideia, quem raio é o Filipe para além de ser
branco é evidente, o Filipe branco e eu um chimpanzé encontrado num quimbo, euá, ao
tentar levantar-me da parede em que me acocorei as pernas sem força não me
ajudavam nem a mulher de bruços que acabava no fim dos braços, onde param os
dedos, o alferes deixou o hospital com a mãe e um bando de ciganos frente à Urgência
à espera, o vento ao mudar na aldeia trazia as árvores do cemitério, as lápides, olha os
cães vadios do aquartelamento aqui e o furriel que se não tinha correio disparava sobre
eles, os remoinhos do cacimbo nasciam sei lá como, Sua Excelência sem se levantar - Tão tarde
ora cega ora a ver - Sou mesmo parva em estar aqui contigo que pardieiro
a minha mãe no corredor, na cozinha, com um dos sapatos mais pesado do que o
outro, aposto que como não via ninguém se amparava aos móveis, no caso de a
encontrarem uma careta a fingir-se divertida - Fiquei aqui a pensar é da idade
eu com ganas de abaná-la, eu zangado