A garota do lago

(Carla ScalaEjcveS) #1

lâmpadas de rua ofereciam um brilho amarelado nos cruzamentos. Summit Lake
estava pacificamente silenciosa.
Caminhando pela rua principal, na direção do lago, Kelsey aspirava o ar limpo
da montanha. Na esquina da Maple com a Tomahawk, ela percebeu luzes acesas
acima do café, num contraste surpreendente com a escuridão do resto da cidade.
Viu que as cortinas estavam abertas e, quando chegou mais perto, escutou um
barulho na janela do segundo andar, que se abriu. Rae projetou a cabeça para
fora.
— O que faz aí fora?
— Não conseguia dormir — Kelsey respondeu.
— Entre aqui. Vou abrir a porta.
Pouco depois, Rae destrancou o café e a deixou entrar. Kelsey notou que ela já
estava de banho tomado e arrumada. Seus olhos tinham jovialidade e brilho, sem
marcas de sono ou inchaço. Seus cabelos ruivos estavam recém-secos e
mostravam um brilho suave de condicionador.
Ao adentrar o café, Kelsey passou a mão pelos cabelos desarrumados e
umedeceu os lábios secos e rachados.
— Você parece perfeita, jovial e bem-disposta. A que horas costuma se
levantar?
— Pouco antes das quatro. O forno precisa ser ligado às quatro e meia.
— Isso é insano.
— Talvez para algumas pessoas, mas eu adoro — Rae afirmou. — Venha até a
cozinha. Preciso tirar os bolinhos de aveia. O café está pronto.
Kelsey seguiu Rae, e elas atravessaram a abertura existente no balcão de
mogno, próxima da caixa registradora, para entrar na cozinha. Lá, Rae
gesticulou para que Kelsey pegasse café na cafeteira de aço inoxidável situada
na bancada. Kelsey encheu duas xícaras, e Rae, após vestir um avental vermelho,
tirou uma bandeja de bolinhos do forno. Faltava pouco para as cinco, mas
Kelsey observava Rae se mover pela cozinha como se fosse meio-dia.
— Tomo com um pouco de creme e muito açúcar — Rae disse.
Kelsey preparou o café e, em seguida, pôs a xícara na ilha, onde Rae cobria os
bolinhos com açúcar.
— Estão com um cheiro ótimo — Kelsey afirmou.
— Não é mesmo? — Rae dirigiu o olhar a Kelsey e, depois, de volta para os
bolinhos de aveia. — Você me olha como se eu fosse uma maluca.
— Eu? Não, de jeito nenhum.
— Não se preocupe. Dou essa impressão para a maioria das pessoas, quando
descobrem que acordo tão cedo e às vezes durmo tão tarde. Você pode achar que
me acostumei com isso, ou que me causa tédio, mas não. Não os cheiros, o

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