CHARLOTTE

(Casulo21 Produções) #1

Mesmo com vários indícios, ainda não existe um método para se
comprovar, através do estudo da célula do portador, a origem do aparecimento da
trissomia. Sendo assim, não é possível idenficar com segurança a causa da
presença da síndrome.
Bernadete foi se inteirando dessas informações cienficas, mas pensou em
como teve uma gravidez tranquila, trabalhando como massoterapeuta até o dia
do parto. Pequenos sangramentos ocorreram nos três primeiros meses, como já
havia acontecido durante a gestação do primeiro filho. Nada que chegasse a
preocupar e muito menos a levantar suspeitas quanto à saúde do bebê. Quando
acontece nessa fase, o sangramento pode significar risco de aborto se
acompanhado de dores no baixo ventre ou, no caso de aumento na quandade
perdida, pode ser indício de hemorragia. Mas a perda de sangue no início do
desenvolvimento de Charloe era discreta, não fazendo pensar em má-formação
fetal.
Na época em que gerava a filha, Bernadete trabalhava no hospital Albert
Einstein, em São Paulo, o que lhe abria a possibilidade de fazer exames de
ultrassonografia, raros naqueles anos, para, além de saber o sexo do bebê,
averiguar qualquer problema com ele. Mas ela não quis. Preferira a surpresa.
Só não imaginava o quão cruel ela seria.
Só não imaginava o que seria.
Em 96 % dos casos de aparecimento da síndrome de Down ocorre o
processo chamado de trissomia simples, em que os cromossomos formam o par
21 e surge um terceiro, extra, do pai ou da mãe, que causa a alteração. Os outros
casos são denominados de trissomia por translocação, quando ocorre uma quebra
de um cromossomo do par 21 ( 2 %), e mosaicismo, caracterizado por células
normais e trissômicas ( 2 %).

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