CHARLOTTE

(Casulo21 Produções) #1

No dia seguinte a mãe seguiu, muito contente, até a sala da diretoria. Uma
senhora, sentada de costas, virou-se com a cadeira giratória:



  • O lugar da Charloe é mais ali na frente, na Apae. Aqui é uma escola de
    crianças normais.
    A primeira porta fechara-se. Sem conseguir argumentar, Bernadete desceu
    correndo as escadas. Ainda ofegante chegou em casa, pegou a filha e trancou-se
    no quarto: "O que eu faço congo? Ninguém te quer..." Abraçou a menina. Mais
    uma vez banhou seu corpo com água salgada.
    Nessa terapia de pele, a mãe encontrou forças, como há três anos fizera na
    maternidade, para entender os desígnios que se apresentavam tão duramente a
    ela. Ainda com a menina entre os braços começou a rezar, pedindo por sabedoria.
    Clamava para que a raiva que senra daquela mulher não tomasse conta de seu
    coração.
    Poucas horas se passaram e um bilhete chegou em suas mãos. Trazia como
    remetente o nome da diretora do Sesi e a caligrafia apressada pedia que
    Bernadete voltasse lá para conversarem. A resposta foi direta, sincera: "Quando a
    minha raiva por você passar eu vou voltar para conversar congo. Agora ainda não
    dá."
    A calma vinda do abraço da filha, das cangas que cantou para ela, das
    orações, trouxe a resposta: "Perguntei a mim mesma que po de mulher era eu,
    tão covarde diante da primeira porta que se fechou. Como poderia desanimar se
    ainda teria muitas portas mais para abrir? Onde estava minha capacidade de
    humildade, de perdão, minha misericórdia?"
    A sabedoria falou e quatro dias depois Bernadete voltou ao Sesi. A diretora
    agora a recebia com um sorriso e um pedido de perdão, dizendo que permiria a
    presença de Charloe no jardim. A mãe aceitou:

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