Cheguei por volta das nove horas. Há dias que não chovia e o pedido para
rar os calçados naquele ambiente foi um alívio para o calor dos pés. Eu pensei
que felicidade é coisa para poucos. Trabalhar descalço é felicidade.
Bernadete estava atrasada. Fiquei na secretaria da escola, sentada,
esperando. Levantei e olhei os livros na estante. Muitos didá cos, car lhas de
alfabe zação. Mas não era isso que eu queria, procurava por uma leitura que me
informasse sobre síndrome de Down, com informações mais técnicas. Um me
chamou a atenção. Estava escondido, bem embaixo, na úl ma prateleira. Trazia na
capa amarela o tulo Inclusão.
O livro esclarecia sobre um problema, aliás o real problema nisso tudo,
causador de sofrimento e injus ças. Trazia em suas páginas, já bem gastas, uma
grande lição que a humanidade ainda precisa aprender: a celebração da diferença.
O princípio da inclusão surgiu em 1989 quando o padre Luiz Carlos Dutra
(diretor do Office for Persons with Desabili es) desenvolvia, na cidade de
Lafaye e, Louisiana/ EUA, um projeto que valorizasse a vida independente das
pessoas com deficiências múl plas. Os obje vos a serem seguidos incluíam o
direito de pertencer, a valorização da diversidade humana, a solidariedade
humanitária, a igual importância das minorias e a cidadania com qualidade de
vida. Para alcançar essa meta foi es pulado um prazo de cerca de 20 anos. Neste
período seriam realizadas ações concretas com apoio do Fundo Voluntário das
Nações Unidas sobre Deficiência, aprovado pela Assembleia Geral da ONU através
da resolução 40 / 31.
O conceito pré-inclusivista já defendia o direito ao tratamento médico,
psicológico e funcional, à reabilitação social, à educação, ao treinamento
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