CHARLOTTE

(Casulo21 Produções) #1

Além de esmulação sica e muitos exercícios de reorganização
neurológica, sempre foram oferecidas à Charloe muitas doses de autoesma,
seja nas palavras de incenvo, ou no hábito de arrumar o cabelo e as unhas. O dia
do casamento foi tudo isso. Foi a possibilidade de ela realizar algo que queria, de
ser a princesa dos contos de fadas que um dia almejou.
Por outro lado, ela não é poupada de encarar a realidade da vida, nem vista
como incapaz, ou tolerada em suas atudes por ser portadora de uma síndrome.
Lembro de um episódio, ocorrido na época em que escrevia o livro, na Escola,
quando Charloe começou a chorar por não conseguir imitar a prima nos
movimentos da dança do ventre. Ela dava-se conta de sua limitação e nha plena
consciência dela. Nessa, e em tantas outras ocasiões, encarou as barreiras que
surgiram, aprendeu a lidar, contornou, buscou outras alternavas. Afinal de
contas, é assim que todos nós fazemos para sermos felizes. Quem não faz, acaba
doente.
Outro episódio, bem recente, acompanhei pelo Facebook, quando Charloe
fez uma postagem em que havia um erro de ortografia – coisa bem comum de se
ver nessa rede, aliás. Abaixo, num dos comentários, o irmão Rudy a corrigia,
emendando “tu sabes escrever certo, faço isso porque te amo”. E ela aceitou,
agradeceu.
Além de proteção, Rudy deu a Charloe um dos maiores movos que a
fazem sorrir: o sobrinho João Oscar, que está com 8 anos. A a e madrinha fala do
menino com entusiasmo, conta que adoram brincar e desenhar, e deixa uma
lágrima rolar pelo rosto quando revela “ele disse pros amiguinhos que tem uma
dinda especial”.

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