CHARLOTTE

(Casulo21 Produções) #1

constrangimento. “É algo natural, do ser humano, e eles têm direito a isso
também. É uma minoria de pais que aceita que seu filho Down possa e deva viver
sua sexualidade. Devemos sim orientá-los, até mesmo para protegê-los de
pessoas mal intencionadas”, defendeu mais uma vez a leoa Bernadete.
A falta de importância dada ao tema revela uma caracterísca
predominante entre pais, que subesmam a capacidade de assimilação e o
potencial de seus filhos portadores da síndrome. O comodismo de não se pensar e
buscar respostas sobre sexualidade é o mesmo que paira quando se fala da
esmulação, trazendo à tona pensamentos como “Para quê caminhar todo dia?
Coitado!”
No entanto, Bernadete ressalta a evolução no acesso do conhecimento e
das informações que chegam atualmente aos pais, até mesmo durante a gestação,
o que torna tudo menos traumáco, mais leve: “Um casal chegou aqui, a mulher
estava grávida de uma criança com síndrome de Down, vieram conhecer o
trabalho. A outra filha, de 4 anos, estava carregando uma boneca Down dizendo
que a irmãzinha iria nascer com os olhos como os da boneca. O pai me perguntou:
tu achas que a minha filha vai ficar como a Charloe? Eu disse: melhor! O
trabalho já está começando antes de ela nascer!”
Bernadete enfaza a importância de os pais de crianças Down procurarem
especialistas, como endocrinologista, neuropediatra, ortopedista, pois essas
crianças têm uma constuição diferente por causa do cromossomo extra. Também
alerta para a atenção necessária principalmente na adolescência, uma vez que
eles não processam a vitamina D, por exemplo.
De frente para essa mulher incansável, pergunto se ela nunca teve vontade
de desisr, pois me parece sobre-humana. Fico até aliviada, sinto que ela é “de
verdade”, carne, ossos, emoções, quando diz que sim. “Quando isso acontece eu
faço assim: à noite eu vou pra cama e digo pro grande universo, Deus, o grande

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