A Jornada do Herói também descreve a etapa de reticência ou recusa do
chamado, quando o personagem nega ou demora a aceitar o desafio, geralmente por
medo. Na busca pelo brocado, esse estágio é representado pelos três filhos,
simbolicamente.
Esta história está categorizada como um conto de fadas visto o seu
desenrolar em função da sina traçada ao personagem (fada/fado, do latim fatum =
destino). Esse tipo de narrativa se baseia na busca pelo divino a partir do esforço
pela compreensão dos fenômenos naturais e humanos. Recorrente a este gênero, o
número três também é expresso nas mitologias e religiões, por ser um padrão da
natureza que se reproduz em diversos âmbitos da existência. Os três porquinhos, os
três desejos a Aladin e as três perguntas que Chapeuzinho Vermelho faz ao Lobo,
são exemplos de como essa trindade se apresenta com frequência nos contos,
fazendo alusão à estrutura tripartida de todo indivíduo em plano material, espiritual
e racional.
Os contos de fadas empregam o número três em seus enredos usualmente,
como forma de construir a jornada, expressa em três tarefas, missões ou testes que
o personagem precisa vencer para alcançar seu objetivo.
Em “O brocado maravilhoso” há ainda a figura feminina, que neste tipo de
conto simboliza a Natureza, com seu aspecto benigno ou destruidor. Ela aparece em
alusão ao mistério e origem da vida (mãe), à alma, sabedoria e renascimento (velha)
e à beleza e desejo (fadas).
Outro referencial presente nesta história diz respeito ao local de
transformação do personagem, e que comumente revela-se em contos de fadas.
Como símbolo do encontro consigo mesmo, a floresta abriga descobertas e perigos.
Também representa a parcela do inconsciente da mente humana, com
irracionalidades e a vivência do sonho.
Todas as etapas da Jornada do Herói que constroem a narrativa
correspondem a fases da existência do sujeito e ressaltam a mensagem de
persistência e foco, em face à fantasia e sofrimento. Por esta razão, essas histórias
tornaram-se tão populares, ao dar sentido à luta do ser humano como indivíduo e
como sociedade contra forças ameaçadoras.
Ao iniciar essa narrativa, mostro o lenço que retirei do cesto. Ele é utilizado
como elemento cênico em momentos pontuais, para oferecer mais dinamismo à
cena. A maior parte do tempo estou de pé, utilizando apenas voz e gesto, e o lenço
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(Casulo21 Produções)
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