também para conseguir alcançar os climas necessários aos demais contos. Uma vez
apresentando ao público a comicidade, ele tende a esperar que ela se repita, como
um show de humor. Então, para conduzi-lo a outras sensações e introspecção, torna-
se improvável o caminho de volta.
Eu soube que numa cidade próxima daqui, existiu tempos atrás, um
alfaiate que era muito desatento. Ele era daquele tipo de pessoa que não presta
atenção em algumas coisas. Era tão desatento que vivia com a mesma roupa,
já esfarrapada, velha, surrada. Quando saía na rua... bem, as pessoas falam,
as pessoas comentam:
**- Credo! Olha o alfaiate com essa roupa horrorosa! Eu é que não
encomendo mais roupas com ele. Um alfaiate que se veste desse jeito não pode
ser um bom profissional!
Assim, ninguém mais fazia encomendas. O alfaiate não trabalhava mais
e foi ficando pobre. Era tão desatento que só percebeu a situação crítica
quando abriu o armário e viu que não tinha mais o que comer. Foi até o sótão
da casa e recolheu algumas peças antigas que nem lembrava mais que tinha.
Conseguiu vendê-las na feira de antiguidades e com o dinheiro que obteve
comprou comida e mantimentos.
Ao voltar para casa, ele viu, estendido na frente de uma loja, um tecido
magnífico, como nunca tinha visto. Tinha fios de todas as cores e ainda linhas
douradas e prateadas. A estampa era divina, com desenhos incríveis. Parecia
ter saído do mundo dos sonhos! Com o dinheiro que ainda tinha, comprou um
pedaço bem grande daquele tecido.
Chegando em casa, estendeu o tecido sobre sua mesa de alfaiataria.
Desenhou, cortou e costurou, para ele mesmo usar, um lindo manto.
Logo que saiu usando aquele manto, daquele tecido maravilhoso, as
pessoas quiseram saber:
- Alfaiate! Que manto sensacional! Você deve ter mandado trazer da
França, ou então da Rússia! - Não, não. Este manto fui eu mesmo que fiz.
Todas as pessoas quiseram ter mantos iguais aos do alfaiate e fizeram
fila na porta de sua casa. O alfaiate fez muitos mantos e voltou a ficar rico.
Mas, ele era o tipo de pessoa que não presta atenção em algumas coisas. Não**