pessoas em saber de onde a peça de roupa tinha vindo, adotei a estrutura de
alternância e aumento da quantidade, neste caso, de nomes de países. Assim, na
primeira pergunta são citados dois, na segunda três, na terceira quatro e, na quarta
e última, peço com gesto à plateia que dê sugestões. Enquanto eles listam as
alternativas, assumo o papel do alfaiate, negando todas as opções e arrematando
com a explicação de quem foi ele mesmo que fez a gravata.
Outra repetição que busquei variar na forma de dizer são as frases ditas pelas
pessoas ao verem a vestimenta do alfaiate em mal estado. Além do adjetivo usado
para descrever a peça de roupa, a interpretação também é diferente em cada
situação. Pronuncio as falas de forma caricata, exagerada, conferindo o tom de
maldade e aversão, acrescido de um sotaque. Isso esclarece que não se trata sempre
da mesma pessoa que está a fazer o comentário, e sim que a sociedade de forma
geral é julgadora. Também induzo a rir sobre quem desdenha e age de forma
preconceituosa, beirando a fofoca.
Nessa contação, o gesto que mais representa algo real é o da mão simulando
a tesoura. Porém, não tem a intenção de ser realista, uma vez que a ficção do texto
já determina a sua veracidade. A mão é a tesoura com seu movimento de abrir e
fechar os dedos e não a que segura uma tesoura imaginária, realizando uma espécie
de mímica. O uso da gestualidade impecável no que tange a imitação às coisas do
mundo acaba por ser desnecessário e até não crível, por remeter ao falso e não ao
fantasioso.
Da estrutura do texto pesquisado para o que recontei cometi uma supressão,
por acreditar que a duração da história e a quantidade de repetições já eram
suficientes para causar o efeito desejado. Após desmanchar a gravata, retirando as
partes estragadas do tecido, o alfaiate faria ainda um botão, e tudo se repetiria mais
uma vez, finalizando com o botão desfeito, um pedaço salvo do tecido e a proposta
do que fazer com ele. Também, para que a plateia tivesse mais opções de elaborar
possibilidades para o destino do tecido restante, achei que um retalho da sobra de
uma gravata seria menos limitado do que a sobra de um botão.
A pergunta que vem em seguida “O que você acha que o alfaiate fez?” é dita
na contação em concordância com o plural, já que tenho sempre um conjunto de
pessoas às quais me dirijo. Em algumas ocasiões repito a questão, até as opiniões
aparecerem.
casulo21 produções
(Casulo21 Produções)
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