Na seleção do repertório de um espetáculo, mesmo traçando uma unidade,
também é importante trabalhar a variação, seja no tipo de conto, de personagens,
na forma de narrar, no uso de elementos, no gestual ou teor das histórias. É preciso
que haja movimento, dentro de cada conto, e na montagem como um todo.
Precisamos lembrar sempre que a trama narrada se constitui e reverbera
diferentemente da trama escrita, principalmente porque está na presença do
coletivo. O leitor, por outro lado, está imerso no ato solitário que lhe possibilita um
tempo próprio para absorção e atribuição de um sentido pessoal ao enredo. Estar
em uma plateia implica em assistir, ser assistido e integrar um olhar coletivo sobre
o que está sendo apresentado. A reação conjunta interfere na individual e vice-versa.
Ao descrever o processo criativo do espetáculo “Linhas e Tramas” e refletir
sobre o fazer do contador de histórias contemporâneo, com sustentação em
pensamentos de autores e colegas de profissão, busquei reforçar dois propósitos. O
primeiro é uma necessidade pessoal de estudar e entender as sutilezas da arte
narrativa e minha atuação dentro dela. Depois, é o desejo de abrir conversas,
promover o intercâmbio de perspectivas e propor a partilha de olhares e
interpretações. Os conceitos e opiniões descritos neste trabalho intencionam abrir
novos portais, gerar dúvidas e debates e, mais do que tudo, entusiasmar pessoas a
contar histórias.
casulo21 produções
(Casulo21 Produções)
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