O ser humano é aquilo que a
educação faz dele
Roberto Duarte Leite é um homem
presente no sentido pleno da palavra, tem
o cuidado de direcionar o olhar para cada
pessoa presente enquanto responde
serenamente as perguntas sobre sua
trajetória pessoal e profissional, que se
entrelaçam com a história do Centro
Estadual Cyro Accioly, numa comunhão
estabelecida há 33 anos, sendo os últimos
22 anos como professor e transcritor.
Ele chegou na instituição, especializada
no atendimento de Pessoas com
Deficiência e Baixa Visão, aos 20 anos de
idade, após ter uma piora significativa na
condição de saúde que reduziu sua
capacidade de visão em menos de 10%, a
Retinose Pigmentar, uma doença
degenerativa que destrói as células
fotorreceptoras da retina, resultando na
perda da visão.
Foi a partir da independência e
habilidades conquistadas na instituição,
inclusive como monitor, que Roberto
seguiu com confiança em direção à
formação como professor. Em 2001, já
tinha formação em magistratura, foi
aprovado em concurso público e tornou-
se professor efetivo no Cyro Accioly. No
mesmo ano, ingressou no curso de Letras,
na Universidade Federal de Alagoas,
graduando-se em 2006.
Na Universidade, ele desmistificou
inseguranças dos professores universitários
que, no princípio, não sabiam lidar com
um aluno com deficiência visual. Ele
explicava que precisava gravar as aulas,
receber o conteúdo por email para
transformá-lo em áudio através de leitor
de tela, além de receber auxílio para a
transcrição de respostas durante as provas:
“É só ouvir a pessoa com deficiência,
como deve ser tratada e acabou, tratá-lo
como uma pessoa normal. A única
diferença é assim: Se você colocar um
filme, aí você coloca um colega de sala do
lado pra ele ir dizendo o que está passando
no filme, pra gente não ficar voando, né?”
Enquanto frequentava as aulas de Letras,
O Centro Cyro Accioly continuou
desempenhando papel fundamental no
seu êxito acadêmico, já que era lá que ele
adaptava seus materiais de estudo, numa
função que mais tarde tornaria seu ofício.
“Aqui, nessa escola, me auxiliaram
bastante, porque eu fazia meus resumos e
imprimia em braile, relembrou Roberto