%HermesFileInfo:A-16:20200404:
A16 SÁBADO, 4 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
Esportes
ENTREVISTA
CAVANI PODE TROCAR PSG
PELO FUTEBOL BRASILEIRO
Mateus Silva Alves
ESPECIAL PARA O ESTADO
O adiamento dos Jogos Olím-
picos de Tóquio para 2021 foi
comemorado pelo COB (Comi-
tê Olímpico do Brasil), mas vai
custar caro. O presidente da
entidade, Paulo Wanderley, ad-
mite que a previsão de despe-
sas com o evento (R$ 40 mi-
lhões) será ajustada para cima
e que seu maior adversário no
momento é o dólar, que não pa-
ra de subir por causa da pande-
mia do coronavírus.
Apesar disso, Wanderley,
que comanda o COB desde
2017, está aliviado com a mu-
dança. Segundo ele, o novo ce-
nário vai dar tempo aos atletas
para fazer uma preparação ade-
quada e à sua entidade para
buscar novos patrocinadores.
A procura por mais dinheiro
será necessária. Afinal, mais de
95% da receita total do COB
para 2020 (R$ 322 milhões) sai-
ria das loterias da Caixa e é cer-
to que, por causa da pandemia,
o volume de apostas vai cair.
Apesar dos problemas, Paulo
Wanderley diz ao Estado que
o COB está preparado para en-
frentar a crise e ela não deverá
afetar o desempenho dos atle-
tas brasileiros.
lO COB já contava com o adia-
mento dos Jogos Olímpicos de
Tóquio para 2021 ou essa deci-
são foi uma surpresa?
Fomos uns dos primeiros a dar
a sugestão do adiamento. Pedi-
mos também que, em 2021, os
Jogos ocorressem na mesma
época em que ocorreriam nes-
te ano (entre julho e agosto), e
foi o que aconteceu. Isso foi
muito importante para minimi-
zar os prejuízos causados pelo
adiamento. Evidentemente, re-
cebemos muito bem a notícia,
e os atletas também, não vi ne-
nhum deles reclamando.
lA mudança vai causar grande
prejuízo financeiro ao COB?
Nós já contratamos fornecedo-
res para atender as delegações,
já havíamos mandado pessoas
de logística ao Japão para cui-
dar da preparação, portanto é
dinheiro que já foi gasto. E que
terá de ser gasto de novo. Ha-
verá prejuízo, sim, embora no
momento não seja possível me-
dir o tamanho. Mas não creio
que será grande, não será nada
capaz de nos levar a uma situa-
ção de insolvência.
lO que faz você acreditar nisso?
Uma das maiores rubricas de
investimento do COB para os
Jogos foram as passagens aé-
reas, afinal de contas levare-
mos a Tóquio uma delegação
de mais de 500 pessoas. O pa-
gamento dessas passagens já
foi efetuado e conseguimos ne-
gociar com a companhia aérea
contratada (Air Canada) a ma-
nutenção total do acordo, ape-
nas com a mudança das datas.
lÉ certo que o mundo viverá
uma grave crise financeira quan-
do a pandemia acabar. Isso não
o preocupa?
É claro que todo gestor se
preocupa com a economia. A
nossa maior preocupação é
com a alta do dólar porque is-
so impacta diretamente passa-
gens, estadia, alimentação, tu-
do é em dólar. O câmbio é a
grande dor de cabeça para nós.
Eu estou na torcida para que,
quando a pandemia acabar, o
dólar volte pelo menos ao pata-
mar em que estava em outu-
bro do ano passado, quando fi-
zemos nosso planejamento fi-
nanceiro para os Jogos. Algo
em torno de R$ 4,20.
lSe o dólar continuar em pata-
mar superior a R$ 5, o COB terá
problemas graves?
Quando eu assumi a presidên-
cia, em outubro de 2017, foram
adotadas medidas de controle,
de otimização de custos, e isso
nos deu a chance de nos prepa-
rar para um momento ruim.
Temos contingenciamento, po-
demos aguentar uma diminui-
ção de recursos graças à auste-
ridade implantada, mas isso
não quer dizer que estejamos
num mar de tranquilidade, é
claro que existe preocupação.
lÉ certo que a crise derrubará o
volume de apostas nas loterias
da Caixa, fonte vital de recursos
para o COB. Isso será um gran-
de problema para a entidade?
Eu sempre digo que o grande
patrocinador do esporte olím-
pico brasileiro é quem aposta
nas loterias da Caixa. Como as
pessoas estão em casa, é natu-
ral que a arrecadação caia. Ain-
da não temos dimensão do im-
pacto desse problema, mas ha-
verá uma diminuição, sim.
lO adiamento dos Jogos terá
alguma influência na busca do
COB por patrocinadores?
A prospecção por recursos é
diária, temos gente no COB
que trabalha exclusivamente
na busca de novas fontes de re-
ceita. Não será fácil, mas não
perdemos a expectativa de con-
seguir algo até os Jogos. Por in-
crível que pareça, nesse aspec-
to o adiamento pode ter efeito
positivo, pois teremos mais
tempo para sensibilizar mais
empresas a nos apoiar.
lVocê garante que os atletas
terão em 2021 as mesmas condi-
ções que teriam neste ano?
Não posso garantir nada, mas
a intenção é essa, manter to-
dos os projetos de intercâm-
bio, de assistência aos atletas,
enfim, tudo o que estava pro-
gramado para este ano.
]Edinson Cavani pode ser uma das
grandes atrações do futebol brasilei-
ro no segundo semestre. De acordo
com o empresário do jogador, Walter
Guglielmone, Palmeiras, Flamengo e
Internacional sondaram recentemen-
te o jogador, que tem contrato só até
o meio do ano com o Paris Saint-Ger-
main e a tendência é que ele deixe o
clube francês. O Boca Juniors, da Ar-
gentina, também quer o uruguaio.
Andreza Galdeano
D
esde a suspensão dos
campeonatos por
causa da pandemia
do novo coronavírus, Ney-
mar cumpre a quarentena
em sua mansão em Mangara-
tiba (RJ). Está em isolamen-
to, mas sem ser radical. Op-
tou por ficar em casa ao lado
de familiares, “parças” e alguns
funcionários, caso do prepara-
dor físico Ricardo Rosa.
A sua rotina é compartilhada
com os fãs por meio das redes
sociais. Por lá, o craque do Paris
Saint-Germain também é moni-
torado pela imprensa. Numa
das postagens recentes, que te-
ve grande repercussão, ele apa-
rece jogando futevôlei. A ativi-
dade foi criticada pela mídia in-
ternacional e defendida por
Neymar como parte de sua pre-
paração física.
A mansão de Neymar conta
com academia, quadra de ci-
mento e caixa de areia. Segundo
Ricardo Rosa, a estratégia é
manter muito trabalho de força
na areia, jogos como futevôlei e
outras atividades. “Temos feito
a manutenção do que ele adqui-
riu (fisicamente) porque esta-
mos em plena temporada. Ele
não está de férias, então temos
que mantê-lo em nível de alta
performance. Variamos o máxi-
mo possível, usando a estrutura
que temos na casa e no condo-
mínio”, explica o preparador.
As fotos jogando futevôlei e
até tênis são compartilhas pelo
craque no seu Instagram, que
conta com 136 milhões de segui-
dores e é atualizado diariamen-
te para mostrar a sua rotina de
treinos e também de lazer. Ge-
ralmente ele exibe fotos de jo-
gos online com seus amigos.
“O momento é de proteger
nossas famílias e esperar tudo
isso passar, porque vai passar”,
disse Neymar, por meio de sua
assessoria de imprensa.
MADRI
A Espanha é um dos países mais
afetados no mundo pela pande-
mia do novo coronavírus. Até
agora, o país já soma 11 mil mor-
tes, de acordo com o Ministério
da Saúde espanhol, e mais que
117 mil pessoas infectadas pela
covid-19. Presidente do Vallado-
lid, clube da primeira divisão,
desde 2018, Ronaldo Fenôme-
no está na capital espanhola tra-
balhando de sua casa e explicou
como o time está se adaptando
durante a quarentena imposta
pelo governo.
“Estamos nos adaptando a is-
so, pois é uma situação sem pre-
cedentes. Nunca havíamos pas-
sado por algo parecido antes.
Por isso, estamos trabalhando
cada um na sua respectiva casa,
por videoconferência, manten-
do contato online todos os dias.
E não só dentro do clube, mas
com todas as entidades do fute-
bol, como LaLiga, a Federação
Espanhola”, disse.
Ronaldo aproveitou para en-
viar uma mensagem de apoio
durante a crise. “Estamos pas-
sando por um momento de ex-
trema dificuldade e sacrifício
para todos nós. E para que pos-
samos mudar esse cenário com-
plicado, a melhor solução é ter
paciência e responsabilidade.
Como dizem as autoridades de
saúde e do governo, é para ficar-
mos em casa, para que essa cri-
se se resolva o quanto antes.”
O ex-jogador revelou que um
dos pontos a serem retrabalha-
dos pelo clube, por conta da qua-
rentena, é a construção de um
novo CT para integrar todas as
categorias do clube. “Nosso pro-
jeto de cidade esportiva para o
clube, por exemplo, que estava
para começar agora em abril, te-
rá de ser adiado”, explicou.
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
‘Paralimpíada será
especial’, promete
dirigente do comitê
Dirigente comemora o
adiamento da Olimpíada,
está ciente de que custo
vai aumentar, mas diz que
isso não afetará os atletas
Silverstone
pode ter duas
provas no ano
BENOIT TESSIER/REUTERS
QUARENTENA DE NEYMAR
TEM ‘PARÇAS’ E FUTEVÔLEI
Ronaldo pede: ‘É para ficarmos em casa’
Home office. Fenômeno faz
as reuniões pela internet
lO brasileiro Andrew Parsons,
presidente do Comitê Paralímpi-
co Internacional, aposta que,
após o adiamento para 2021, a
Paralimpíada de Tóquio será um
evento especial. “Cada desafio
apresenta uma nova oportunida-
de. Prometo que os Jogos Para-
límpicos em 2021 serão uma sen-
sacional exibição do esporte e de
celebração global da resistência
humana”, afirmou Parsons. “Foi
uma decisão histórica (o adia-
mento), mas os Jogos serão es-
peciais.”
FABIO MOTTA/ESTADÃO–4/10/
Ajustes. Paulo Wanderley terá de trabalhar para aumentar número de patrocinadores do COB
Paulo Wanderley, presidente do Comitê Olímpico do Brasil
‘A alta do dólar
é nossa maior
preocupação’
Fórmula 1. Em uma corrida
contra o tempo em busca de es-
tratégias para abrir a tempora-
da 2020, que ainda não come-
çou por causa do novo coronaví-
rus, a luz no fim do túnel para a
falta de datas e provável redu-
ção do número de corridas na
F-1 veio da Inglaterra.
Stuart Pringle, diretor de Sil-
verstone, sede do GP inglês,
anunciou que está preparado
para ajudar a entidade de qual-
quer maneira. Até mesmo ser se-
de de mais de uma corrida nesta
temporada, evitando assim des-
locamento dos pilotos, mecâni-
cos e profissionais da categoria.
“A maioria das equipes está a
poucos passos do circuito, en-
tão seria bem direto. Temos in-
fraestrutura fixa. As equipes po-
dem voltar para suas casas, em
suas próprias camas, por isso,
se é assim que podemos ajudar,
ficaria feliz em fazer isso”, disse
Pringle à Sky Sports.
O dirigente não descartou a
possibilidade de realizar uma
corrida no sentido inverso, ou
seja, iniciar a prova na contra-
mão do trajeto original, caso ha-
ja mais de uma etapa em Silvers-
tone. Isso, segundo ele, motiva-
ria os pilotos, sempre dispostos
a novos desafios. “Não temos
licença para fazer isso, mas são
tempos extraordinários, e acho
que decisões extraordinárias es-
tão sendo tomadas.” / RAUL
VITOR, ESPECIAL PARA O ESTADO
NEYMAR JR/INSTAGRAM
Doce vida
Sossego. Futevôlei é um dos passatempos de Neymar
LAURA LEON/THE NEW YORK TIMES–2/11/
Espanha. Fenômeno
destaca medidas do seu
clube, o Valladolid, para
evitar a contaminação
pelo novo coronavírus