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A2 Espaçoaberto QUARTA-FEIRA, 8 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
Aos poucos, esgotam-se os lu-
gares para armazenar petró-
leo. Imensos tanques circula-
res em lugares como Trieste,
na Itália, e os Emirados Ára-
bes Unidos estão cada vez
mais cheios. Mais de 80 imen-
sos petroleiros, cada um con-
tendo até 300 milhões de li-
tros, estão ancorados no lito-
ral do Texas, da Escócia e de
outros lugares. A pandemia do
coronavírus estrangulou as
economias de todo o planeta,
silenciando fábricas e fechan-
do empresas aéreas, reduzin-
do assim a necessidade de
combustível.http://www.estadao.com.br/e/petroleoU
m mal-assombrado
uso do poder nos dila-
cera: isolamento volun-
tário de todos ou solução final
para a velhice. A esse delírio
absurdo e não cristão soma-se
a perda de contexto da missão
fiscal na economia, deixando
a cartilha liberal sem norte pa-
ra fazer o que precisa.
Uma parada global sincroni-
zada, um governo incapaz de
estabilizar suas ações. A confu-
são alucinatória do presiden-
te, fustigando sem pudor seu
ministro da Saúde, estressa
mais ainda o cenário e pode le-
var o Brasil a ser o maior per-
dedor entre os emergentes. En-
quanto o palácio boicota a Na-
ção, o povo ainda encontra
temperança, seguro de que ne-
nhum princípio humano ou éti-
co é violado pelo Ministério da
Saúde ou pelos governadores.
Itamar, maduro e experien-
te, custou-lhe tanto a acredi-
tar no Real que o ministro da
Fazenda virou o autor do pla-
no, salvando o País da infla-
ção. Jair, o verde, despreza
tanto a doença que o ministro
da Saúde é que vai salvar o
País da infecção. Mandetta, a
URV do coronavírus, é mais
do que governo. Virou minis-
tro da República.
Lançando sombras sobre o
País, parte do governo parece
mais agarrada à bolsa do que à
vida, convicto de que saúde
pública atrapalha a economia.
Viúvas do mundo velho, não
conseguem realizar o luto pe-
la morte que o vírus impôs ao
estilo de vida moderno. Stop.
A vida parou, ou foi o presi-
dente? Antifuturista, martiri-
zado pela desinformação, fin-
ge governar.
A democracia é forte, mas
não é um regime de força.
Confunde quem trabalha com
expectativa falsa e não conse-
gue agir certo diante de dificul-
dades. Que governante se
mantém à tona sugerindo que
o bombeiro salve os móveis e
deixe a família se queimar?
Acreditar nele é como segurar
água na mão. Com atrevimen-
to diz sem pensar o que pen-
sa. Está virando o nome do de-
sastre. Schettino, Schettino,não abandone o navio na hora
do naufrágio!
Não é difícil manter a demo-
cracia em situações de emer-
gência. Mas que trauma leva o
presidente a se identificar tan-
to com esse vírus a ponto de
ter necessidade sádica de ridi-
cularizá-lo, insultá-lo, desafiá-
lo? Quem sabe o Centro de In-
teligência do Exército de Agu-
lhas Negras o alerte para o
que dizem os modelos estra-
tégicos de enfrentamento de
populações abandonadas e
em pânico. Não é em todas as
situações que o homem esco-
lhe sua saída.
Não é fácil conciliar demo-
cracia e emergência quando a
situação exige mais cérebro e
sentimento do que desejo e
força. O método de convenci-
mento democrático, pelo iso-
lamento voluntário a pedido
da autoridade sanitária, é omelhor para conter a doença.
Ajuda, ainda, na preservação
do tempo de esperança e soli-
dariedade capaz de soerguer a
sociedade depois da desgraça.
Para isso é preciso abando-
nar qualquer fraude no com-
portamento. O que houve no
mundo foi mais do que uma
parada repentina tirando a li-
quidez dos mercados. Diante
da inadimplência geral, e ven-
do a riqueza sem movimento,
a autoridade que não conside-
ra o PIB um conceito de flu-
xo, e não gosta do papel do
Estado, sente-se catatônica.
A espiral negativa quando
atinge o capital e o trabalho
tem de ser amenizada pronta-
mente pelo Estado, recali-
brando sua relação com a ba-
se fiscal e monetária. O ultra-
liberal, não podendo ser dog-
mático, sente-se um insince-
ro titular do poder. Não é bu-
rocracia, é a filosofia a razão
da demora em estancar a in-
fecção na economia.
É hora da união, de os esta-
distas de todos os setores afir-marem que é desaconselhável
romper o isolamento e obriga-
tório o Tesouro impulsionar a
salvação do País. Por que na
emergência a economia se des-
mancha? Que país é esse que
supõe que a vida humana vale
menos do que dois meses de
produção econômica? Se não
há uma base existencial míni-
ma de entendimento, fique-
mos com a principal: se so-
mos uma democracia, não pre-
cisamos usar a força.
Não é preciso abrir o embru-
lho para ver o que contém. O
universo paralelo do presiden-
te se desfez com a pandemia.
Eleito pelo modelo mental vir-
tual, por onde não passa ne-
nhuma privação, ele se virava
com retórica, sem ligar para
autoridade. Agora o cálculo es-
tratégico que opera, ao jogar
com o vírus imaginando não
quebrar a cara, parte da ideia
de que o Brasil sofre, mas não
morre. O ponto de equilíbrio
surgirá quando as instituições
democráticas o convencerem
de que não há necessidade de
o País todo sofrer, talvez ele,
mantida sua prerrogativa de
falar pelos cotovelos.
Há atletas a quem a camisa
pesa. Outros, cansativos, acio-
nam uma necessidade de aten-
ção maior do que a que pode-
mos dar. Imaginem estado de
calamidade, tendo de supor-
tar coexistência e hierarquia
com um governo que se es-
frangalha ali onde a fantasia
se choca com a realidade.
O mundo intrapsíquico de
quem vê a política como jogo
trapaça-charlatão-sabichão
não prevê desmoralização.
Mas se diante do nada até a in-
competência costuma ser
aceita, quando há necessida-
de de comando e controle pro-
fissional não adianta falar
mais alto. Concepções vagas
de como governar no tempo-
ral podem não corroer os os-
sos da raiva. Mas berrar ins-
truções para a morte é querer
companhia para um plano de
extinção pessoal.]
SOCIÓLOGO. E-MAIL: CONTA-
[email protected]Essa força de trabalho sem
contratos ou benefícios é
particularmente vulnerável.http://www.estadao.com.br/e/informaisCOMBUSTÍVEIS
O mundo está boiando em petróleo
Novidade na capital para-
naense vai atender a distân-
cia pessoas com deficiência
auditiva que têm sintomas
da covid-19.http://www.estadao.com.br/e/librasl“Já vai tarde! Cada um age segundo a sua especialidade. Mandetta
está ‘engessando’ o País.”
ADRIANA BRESSANl“Na prática, Bolsonaro tornou-se cabo eleitoral de Mandetta. O feitiço
virou contra o feiticeiro.”
DJALMA DUARTEl“Qualquer pessoa de bom senso quer no seu time um técnico prepa-
rado e um homem ponderado.”
ILKA ROSARIOl“Quem se aliar a vocês está perdido. Espero que o ministro não caia
nessa.”
CELIA ROCHACOMENTÁRIOSCONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTE: ROBERTO CRISSIUMA MESQUITA
MEMBROS
FERNANDO C. MESQUITA
FERNÃO LARA MESQUITA
FRANCISCO MESQUITA NETO
GETULIO LUIZ DE ALENCAR
JÚLIO CÉSAR MESQUITALobos foram soltos em par-
que e equilibraram o ecossis-
tema. Antes, por falta de pre-
dadores, alces devastaram
tudo o que era verde.http://www.estadao.com.br/e/lobosEspaço Aberto
I
nicialmente, as Santas Ca-
sas e os hospitais filan-
trópicos desejam reconhe-
cer publicamente a atenção
que o presidente da Repúbli-
ca, Jair Bolsonaro, tem dedica-
do ao segmento, em especial
ao esforço para sanear as fi-
nanças das instituições.
No dia 27 de março, por
exemplo, houve o anúncio da
diminuição dos juros de uma
linha de crédito especial pos-
ta em operação pela Caixa
Econômica Federal. O objeti-
vo é injetar até R$ 5 bilhões
no sistema para manter os
hospitais operando plenamen-
te durante a emergência que
enfrentamos.
Porém, neste momento em
que a sociedade necessita de
todos os recursos do sistema
de saúde à disposição, a Confe-
deração das Santas Casas de
Misericórdia, Hospitais e Enti-
dades Filantrópicas se sente
no dever de alertar o presiden-
te, demais autoridades e a po-
pulação: a linha de crédito não
atende às Santas Casas.
As condições impostas pela
Caixa estão impedindo que os
recursos cheguem às institui-
ções, que seguem endividadas
e sem capacidade de financiar
satisfatoriamente as opera-
ções, sobretudo com a nova
realidade do mercado de insu-
mos de saúde.
Atualmente, o banco públi-
co está propondo juros que
ainda são proibitivos para as
entidades. O processo é mui-
to burocrático e com exigên-
cias de garantias suplementa-
res. Também existe falta de in-
formação nas agências e há su-
perintendências regionais que
desconhecem as regras. Na
prática, o empréstimo é inviá-
vel na maioria dos casos.
Então, apesar de Executivo,
Legislativo e órgãos públicos
terem se mobilizado rapida-
mente para construir e apro-
var um mecanismo para inje-
tar bilhões adicionais na saú-
de, o dinheiro não chegou ao
sistema e os benefícios ainda
não saíram do papel.
A linha de crédito não aten-
de às expectativas do setor.
Os juros são altos, diminuí-
ram o prazo de pagamento pa-
ra as pequenas Santas Casas,
o processo é lento e se exige
aditivo e autorização do Minis-
tério da Saúde. Pior ainda é a
garantia suplementar feita,
além do consignado, com blo-
queio de quatro a seis parce-
las até o fim do contrato.
O setor, que já enfrenta um
endividamento de R$ 24 bi-
lhões em consequência da de-
fasagem dos repasses do Siste-
ma Único de Saúde (SUS), re-
cebe um anúncio de financia-
mento em tempos de pande-
mia com juros maiores que os
da agricultura e da indústria.
Dentre os financiamentos con-
signados, com pagamento ga-
rantido pelo Ministério da
Saúde, 10% ao ano é muito al-
to e a diminuição das parcelas
de 120 para 80 meses para os
hospitais de médio e pequeno
porte, que são a maioria, limi-tando ainda mais seu fluxo de
caixa mensal, é impraticável.
Durante o ano de 2019 depu-
tados e senadores aprovaram
uma linha de crédito cuja fon-
te de recurso seria o Fundo de
Garantia do Tempo de Servi-
ço (FGTS)). Pois bem, no ano
passado, a Caixa não conse-
guiu operacionalizar sequer
um terço do valor dos recur-
sos destinados, exigindo ga-
rantias acessórias, documen-
tos e a aquisição de produtos
como seguros, transferência
de folha de pagamento e ou-
tros, de forma que o que era
para ser um socorro se tornou
um produto inacessível.
A fim de minimizar os im-
pactos financeiros que os hos-
pitais estão vivendo para man-
ter seu quadro de colaborado-
res, muitos também acometi-
dos pela enfermidade, bem co-
mo para garantir abastecimen-
to e suprimento dos estoques,
em especial dos equipamen-
tos de proteção individual
(EPI's) utilizados para o aten-
dimento à pandemia, em ra-zão dos preços abusivos que
passaram a ser cobrados, pro-
pomos esforços do Ministério
da Saúde junto à Caixa Econô-
mica Federal e ao Ministério
da Economia para suspender,
por um período de dois me-
ses, os pagamentos das parce-
las dos contratos de financia-
mento, decorrente das opera-
ções de crédito para hospitais
filantrópicos, com a garantia
dos valores consignados dos
recebíveis SUS, de forma que
essas duas parcelas suspensas
sejam acrescentadas ao final
dos respectivos contratos, tan-
to para as operações firmadas
com a Caixa, como com as de-
mais instituições financeiras.
Pelo andar da carruagem, essa
promessa não deve ocorrer an-
tes de 30 até 60 dias.
Atravessamos talvez a mais
grave emergência de saúde da
História. Nesta situação, cada
dia de atraso em qualquer pro-
vidência causa prejuízos irre-
cuperáveis, que já são conta-
dos em número de mortes.
Por isso temos a obrigação de
resolver imediatamente esses
entraves para que as institui-
ções estejam com força total
na sua função de salvar vidas.
É preciso assegurar o cus-
teio e a manutenção de condi-
ções mínimas de fluxo de cai-
xa para suportar esta crise epi-
demiológica. Apesar de Execu-
tivo e Legislativo se terem mo-
bilizado rapidamente para
construir e aprovar um meca-
nismo para injetar bilhões adi-
cionais na saúde, especialmen-
te o presidente Bolsonaro ci-
tando diretamente a impor-
tância das Santas Casas e dos
hospitais filantrópicos, o di-
nheiro não chegou ao sistema
e os benefícios ainda não saí-
ram do papel.
As Santas Casas e os hospi-
tais filantrópicos estão há 500
anos a serviço da saúde públi-
ca no Brasil e vamos enfren-
tar mais essa crise ao lado da
população, de portas abertas
e lutando por vidas.]
PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO
DAS SANTAS CASAS E
HOSPITAIS FILANTRÓPICOS (CMB)PUBLICADO DESDE 1875LUIZ CARLOS MESQUITA (1952-1970)
JOSÉ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1988)
JULIO DE MESQUITA NETO (1948-1996)
LUIZ VIEIRA DE CARVALHO MESQUITA (1947-1997)
RUY MESQUITA (1947-2013)FRANCISCO MESQUITA NETO / DIRETOR PRESIDENTE
JOÃO FÁBIO CAMINOTO / DIRETOR DE JORNALISMO
MARCOS BUENO / DIRETOR FINANCEIRO
MARIANA UEMURA SAMPAIO / DIRETORA JURÍDICA
NELSON GARZERI / DIRETOR DE TECNOLOGIACENTRAL DE ATENDIMENTO AO LEITOR:
FALE COM A REDAÇÃO:
3856-
[email protected]
CLASSIFICADOS POR TELEFONE:
3855-
VENDAS DE ASSINATURAS: CAPITAL:
3950-
DEMAIS LOCALIDADES:
0800-014-
VENDAS CORPORATIVAS: 3856-COVID-
Videoconsulta em
Libras em CuritibaUma sala de aula onde
os lobos imperamCOMENTÁRIOS DE LEITORES NO PORTAL E NO FACEBOOK:DIVULGAÇÃO DOUG SMITH/REUTERS]
Mirocles Véras
Tema do dia
Animais importados pelo
chefão do tráfico podem es-
tar ajudando ecossistemas.http://www.estadao.com.br/e/hipopotamoSocorro prometido
não chega às Santas Casas
É preciso assegurar
condições mínimas
de fluxo de caixa para
suportar esta criseEmergência
e democracia
Berrar instruções
para a morte é querer
companhia para plano
de extinção pessoalAMÉRICO DE CAMPOS (1875-1884)
FRANCISCO RANGEL PESTANA (1875-1890)
JULIO MESQUITA (1885-1927)
JULIO DE MESQUITA FILHO (1915-1969)
FRANCISCO MESQUITA (1915-1969)AV. ENGENHEIRO CAETANO ÁLVARES, 55
CEP 02598-900 – SÃO PAULO - SP
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SÁBADO) E R$ 7,00 (DOMINGO). RJ, MG, PR, SC E DF:
R$ 5,50 (SEGUNDA A SÁBADO) E R$ 8,00 (DOMINGO).
ES, RS, GO, MT E MS: R$ 7,50 (SEGUNDA A SÁBADO)
E R$ 9,50 (DOMINGO). BA, SE, PE, TO E AL: R$ 8,
(SEGUNDA A SÁBADO) E R$ 10,50 (DOMINGO). AM, RR,
CE, MA, PI, RN, PA, PB, AC E RO: R$ 9,00 (SEGUN-
DA A SÁBADO) E R$ 11,00 (DOMINGO)
PREÇOS ASSINATURAS: DE SEGUNDA A DOMINGO- SP E GRANDE SÃO PAULO – R$ 134,90/MÊS. DEMAIS
LOCALIDADES E CONDIÇÕES SOB CONSULTA.
CARGA TRIBUTÁRIA FEDERAL: 3,65%.
Mandetta é cobiçado
por governadores de
São Paulo e Goiás
Jair Bolsonaro intensifica a ‘fritura’ do
ministro da Saúde, que é cogitado por
Doria e Caiado, caso seja demitido]
Paulo DelgadoCHRISTOPHE VISEUX/NEW YORK TIMES NATUREZANo estadao.com.br
PARALISAÇÃOPandemia desafia
economia informalCOLÔMBIAOs hipopótamos de
Pablo Escobar