O Estado de São Paulo (2020-04-08)

(Antfer) #1

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B6 Economia QUARTA-FEIRA, 8 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO


FÁBIO


ALVES


A


pós o dólar ter encer-
rado a semana passa-
da a R$ 5,3270, seu ní-
vel máximo histórico em ter-
mos nominais, a dúvida ago-
ra é se, quando passar o perío-
do de maior estresse com o
impacto econômico da pan-
demia do coronavírus, o câm-
bio vai recuperar as perdas
no ano ou se a moeda ameri-
cana mudou de patamar em
relação ao real e a cotação aci-
ma de R$ 5,00 veio para ficar.
A desvalorização do real
ante o dólar, ao redor de 30%
neste ano, é uma das maiores
entre as moedas emergentes
e reflete um conjunto de fato-
res: o choque econômico
com as medidas de restrição
de circulação de pessoas, do
comércio e de atividades pú-
blicas; a queda forte nos pre-
ços de commodities, como o
petróleo, afetando os termos
de troca do País; e a redução
da taxa Selic.
Em nota a clientes, os estra-
tegistas de câmbio do Credit
Suisse dizem que há poten-
cial de alta adicional do dólar
em direção a um patamar de
R$ 5,50. Já um diretor de um
importante fundo de investi-
mento acredita que, num ce-
nário de uma nova onda de
estresse com a pandemia, a
moeda americana possa mes-
mo atingir R$ 6,00.
Na avaliação de vários in-
vestidores, já estamos, na rea-
lidade, em nível de
“overshooting”, ou seja,
quando ocorre uma alta exa-
cerbada para além dos níveis
de equilíbrio da taxa de câm-
bio. Por enquanto, o Banco

Central tem passado a mensa-
gem de que não está preocupa-
do com o nível do real brasileiro
e tem deixado o câmbio flutuar
sem intervenções pesadas, ape-
sar da pressão de alguns analis-
tas para autoridade monetária
ser mais agressiva e usar parte
das reservas internacionais pa-
ra conter a disparada do dólar.
De fato, muitos investidores
acreditam que, passado o mo-
mento mais crítico do surto da
covid-19, com a retomada da ati-
vidade econômica, o dólar vai
devolver uma parte dos ganhos
recentes. Isso, aliás, é o que mos-
tra a mais recente pesquisa Fo-
cus, do Banco Central. A media-
na das estimativas dos analistas
aponta para um dólar a R$ 4,
no fim deste ano.
Todavia, o que esperar, de fa-
to, para o câmbio no curto prazo
se ninguém sabe ainda quanto
tempo a economia ficará parali-
sada por conta das medidas de
contenção de disseminação do
vírus? É um consenso de que,
além das principais economias
mundiais, como a dos EUA e a
da zona do euro, o Brasil vai en-
trar numa recessão em 2020,
mas ainda paira a dúvida sobre a
magnitude do tombo. As estima-
tivas de queda do PIB brasileiro
vão de 0,5% a 5,5% neste ano.
O sócio e gestor de renda fixa
e moedas da gestora de recur-
sos Macro Capital, Ricardo Ca-
rá Monteiro, diz que o mercado
ainda está no período “doen-
ça”, em que notícias relaciona-
das à pandemia do coronavírus
vão nortear os preços para cima
e para baixo. “Mais para frente,
teremos o período ‘econômi-
co’, em que o foco estará no que

sobrou pós-doença”, expli-
ca. “No médio prazo, fatores
como atividade, inflação, fis-
cal e instabilidade política de-
vem ser dominantes.”
Em nota a clientes, o eco-
nomista-chefe do Bradesco
BBI, Dalton Gardimam, diz
que o argumento para um
real mais fraco ante o dólar
deve prevalecer por algum
tempo. Se o lockdown em
um grande número de paí-
ses, incluindo o Brasil, durar
um mês antes de ser relaxa-
do, o que Gardimam acredita
ser o desfecho mais prová-
vel, então o dólar deverá ficar
na faixa de R$ 5,00 por um
período mais longo.
“O ‘driver’ (catalisador)
para as moedas como um to-
do será a dosagem do estímu-
lo fiscal de cada país e tam-
bém o crescimento das eco-
nomias”, diz o sócio e gestor
da MZK Investimentos, Mar-
co Mecchi. “Acho que se os
países errarem na mão no fis-
cal, pode acontecer um ‘sell-
off’ (venda forte) da sua moe-
da, principalmente de países
emergentes.”
É uma equação difícil. Sem
um pacote fiscal, garantindo
renda para os mais vulnerá-
veis, além de injeção de recur-
sos para as empresas, o tom-
bo da economia pode ser mui-
to maior. Mas se a elevação
dos gastos extras e, por tabe-
la, do endividamento do País
for percebida como perma-
nente, dólar a R$ 5,00 pode
estar barato.

]
COLUNISTA DO BROADCAST

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TWITTER: @COLUNAFABIOALVE
FÁBIO ALVES ESCREVE ÀS QUARTAS-FEIRAS

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS ‘Temos de esquecer o planejado’. Pág. B8}


Hotéis e hospitais: uma aliança oportuna


V


ivemos tempos difíceis. Recém-saídos de
profunda recessão econômica, sentía-
mos os primeiros raios de sol de novos e
promissores tempos, com sinais de retomada
da economia e com o mercado de hotelaria e
turismocomeçandoadarosprimeirospas-
sosrumoàrecuperação.Oanode2020pro-
metia. E muito!
Masapandemiadocoronavírus(Covid-19),
com sua força avassaladora, interrompeu
abruptamente o viés de desenvolvimento,
provocando a mais profunda crise que já vive-
mos. São enormes as dificuldades para convi-
ver com o confinamento social e a paralisação
de quase todas as atividades econômicas.
A hotelaria enfrenta um dos piores momen-
tosdesuahistória.Comonãoépossívelesto-
cardiárias,grandepartedoshotéisdoPaís
estáfechada(inclusiveporcontadedetermi-
nação do governo local) ou irá fechar em pou-
cosdias,acarretandocentenasdemilharesde
trabalhadores desempregados, sem qualquer
previsão de retorno ao trabalho.
As medidas anunciadas pelo governo fe-
deraldevemajudarossetoreshoteleiroetu-
rístico a cumprir seus compromissos e evitar
demissãoemmassa.Esperamosquenovas
linhasespeciaisdefinanciamento, incenti-
vosparaproteçãodoemprego,possibilidade
deadiamentodecompromissoseredução
de tributos sejam suficientes para, ao menos
parcialmente, manter ativa essa importante
cadeia produtiva.
Todavia, há segmentos que vivenciam situ-
ação ainda mais dramática. A rede hospitalar
está diante do colapso da saúde pública, em
função da multiplicação dos contaminados
pelo coronavírus.
Os hospitais precisam de soluções para
abrigar,porenquanto,pelomenosquatroti-
posdeusuários:asequipesmédicasquetra-
balham no atendimento de contaminados,
nosváriosestágiosdadoença;osdoentesem
grau leve, com coronavírus ou não, mas que
não necessitam de internação imediata, li-
berando o leito hospitalar para os casos mais
graves, ou aqueles em processo de recupera-
çãooupós-operatório.

Rua Doutor Bacelar, 1043 -Vila Mariana - São Paulo - SP||(11) 5591-1300|www.secovi.com.br

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Jornalista Responsável: Maria Silvia Carneiro - MTb - 19.466 | Ano 38 | Nº 1970 |8 de abril de 2020

Caio Calfat*

Se cada um
compartilhar aquilo
que puder, vamos
atenuarosimpactos
econômicos da
pandemia

*Vice-presidentedeAssuntosTurísticos-Imobiliários
doSecovi-SPepresidentedaAditBrasil

Ainda, os parentes de doentes contaminados
nos mais variados estágios (especialmente os
que moram em outras cidades), e os idosos e
potenciais integrantes do grupo de risco, que
devem ser isolados, o que poderá ser obrigató-
rio,casoogovernofederaladoteapolíticade
quarentenavertical.Seissoocorrer,osidosos
serão removidos de suas casas para que seus
familiarespossamvoltaratrabalhar,semrisco
decontaminarosparentesemidadeavançada.
Diante dessa circunstância, nada mais lú-
cido do que uma oportuna aliança entre dois
segmentosque,deumlado,sofremcoma
superabundância e, de outro, com a hiperes-
cassez:disponibilizaraoshospitaisaofertade
quartosdehotéisqueseencontramparcial-
mente abertos por todo o País!
Comesseobjetivo,oSecovi-SPeaADITBra-
sil,porintermédiodeempresaseconsultorias
especializadas no mercado turístico-hotelei-
ro,vêmrealizandolevantamentoseanalisan-
doaviabilizaçãodeparceriasentrehospitais
ehotéis.Porenquanto,osestudosfocalizam
as maiores cidades (já existe projeto piloto em
operaçãonacapitalpaulista),masoobjetivoé
atingir boa parte do território nacional.
Sem dúvida, o atual cenário é gravíssimo.
Entretanto,seaoinvésdelamentarcadaum
fizer um pouco que seja, compartilhando
aquilo que puder – conhecimento, tecnologia,
alternativas –, vamos atenuar os inevitáveis
impactoseconômicosdapandemia.Éhorade
agir,detransformarenãoperderaoportuni-
dadedecriarassoluçõesqueoBrasilprecisa
não amanhã nem depois, mas agora.

Informe Publicitário

Vai ter Disney?

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